Desde 1966 o catolicismo em Quebec, Canadá, entrou numa espiral de decadência.
Uma das regiões mais católicas do globo se tornou uma parábola do que pode vir a acontecer no Ocidente do ponto de vista religioso, cultural e demográfico, sem um milagroso auxílio de Nossa Senhora.
Quebec se esvazia. A escalada dos óbitos serve de pretexto para as esquerdas, lideradas pelo primeiro-ministro Justin Trudeau, atraírem ondas de imigrantes muçulmanos.
O passado católico do Quebec corre assim grave risco de ser apagado, escreveu Giulio Meotti, editor cultural do diário “Il Foglio” da Itália, ecoado pelo Gatestone Institute.
A resistência ao dramático colapso do cristianismo em Quebec não é imaginável sem um novo afervoramento do velho catolicismo, contrariamente ao que pregam até certos “direitistas” que têm os olhos postos na Rússia “ortodoxa” e neocomunista.
Quebec tem o sabor de uma antiga província francesa: belas paisagens, ruas com o nome de santos católicos. Há semelhanças até com o trágico presente francês: em 2016 um franco-atirador assassinou seis pessoas numa mesquita.
Os prédios católicos estão vazios e o clero, pretendendo se modernizar, envelheceu e ruma para a extinção.
A igreja de São Judas Tadeu em Montreal virou academia de fitness. Os instrutores tomaram o lugar dos padres. Clientes preocupados com seu corpo ocupam os espaços outrora destinados aos fiéis preocupados com a alma.
Em vez de confessionários, há equipamentos para treino. Deus não se torna mais sensível aos homens enquanto a cidade morre para a História.
A igreja de São Judas Tadeu virou o “Spa Saint-Jude” dos “adoradores do bem-estar”, religiosamente dirigidos por ‘personal trainers’.
Celebrações comunitárias são realizadas na forma de festas badaladas, com coquetéis servidos em bancos estilo de igreja e em forma de crucifixo, enquanto na sacristia do novo culto estão os vestiários.
Na igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Montreal, que fechou suas portas ao culto, funciona o Teatro Paradoxe. A antiga nave cristã agora serve para concertos e conferências. Aos domingos, os hinos litúrgicos foram substituídos por shows de discoteca que testemunham o culto de outros deuses.
A diocese de Montreal vendeu 50 igrejas e edifícios religiosos nos últimos 15 anos.
Em 24 de maio de 2015 foi celebrada a última missa na famosa igreja de São João Batista, dedicada ao padroeiro dos franco-canadenses. O bispo auxiliar de Quebec, Mons. Gaetan Proulx, comunicou pragmaticamente que a “metade das igrejas de Quebec” irá fechar nos próximos dez anos.
Ironicamente, o filme “The Barbarian Invasions” (“As invasões dos bárbaros”) “apresenta cena em que um velho padre católico analisa peças de arte religiosa sem muito valor, que abarrotam a sua diocese, para mostrar a sua irrelevância, e diz:
‘Quebec costumava ser tão católica quanto a Espanha ou a Irlanda, todos eram religiosos.
‘Num determinado momento nos idos do ano de 1966, a bem da verdade, as igrejas de repente, em questão de meses, ficaram vazias. Um fenômeno estranho que ninguém jamais foi capaz de explicar.’”
O estado do catolicismo em Quebec é desolador. Em 1966 havia 8.800 padres. Hoje só restam 2.600, idosos na sua maioria, que residem em lares para doentes ou em asilos para anciãos.
Em 1945, 90% da população assistiam à missa católica semanal, hoje são 4%. Centenas de comunidades católicas desapareceram.
Segundo o Conselho do Patrimônio Religioso de Quebec, em 2014 cessou o culto num número recorde de igrejas: 72. A situação é ainda pior na arquidiocese de Montreal. Das 257 paróquias que havia em 1966, em 2013 apenas ficavam 169.
O laicismo em Quebec se impõe agressivamente em face de uma hierarquia eclesiástica que após o Concílio Vaticano II lhe estendeu os braços em gesto de diálogo e conciliação.
O governo promove o multiculturalismo, cujos melhores nomes são descristianização, paganização ou islamização. Em Quebec houve um aumento dramático do número de muçulmanos jovens que se alistaram no Estado Islâmico.
Multiplicaram-se os ataques terroristas cometidos por canadenses pervertidos ao Islã. Eram pessoas que rejeitaram o relativismo transformado em fundamentalismo liberal imperante no país e evoluíram para abraçar o fanatismo islamista.
Um relatório acadêmico citado pelo Gatestone Institute conclui que: “o censo canadense mostra que o Islã é a religião que mais cresce no país e que embora a maior parte do crescimento da população muçulmana esteja relacionada com os índices de natalidade dos muçulmanos e migração, desde 2001 a população islâmica também aumentou em consequência das conversões religiosas dos canadenses não muçulmanos”.
A taxa de natalidade despencou de uma média de quatro filhos por casal para apenas 1,6, bem abaixo do que os demógrafos chamam de “taxa de substituição populacional”.
Segundo os demógrafos, a província de Quebec precisa de 70.000 a 80.000 imigrantes por ano para compensar a queda da natalidade.
Metade dos ministros do governo de Justin Trudeau não foi empossada com juramento religioso. Eles se recusaram até a dizer que cumpririam seu dever “com a ajuda de Deus”.
O lema de Quebec é “Je me souviens” (“Eu me lembro”), mas ninguém sabe dizer do quê, exatamente.
Dessa maneira, esquecida a religião católica no período pós-conciliar, Quebec foi ficando uma “região livre” de catolicismo.
Por isso, o Giulio Meotti, editor cultural do diário italiano “Il Foglio”, acaba perguntando se a revolução conciliar e multicultural pode ter outro resultado senão a vitória do Islã.
O temor é procedente e fundado nos fatos. Mas é típico de um espírito também laicista. Ele se esquece do principal, isto é, da promessa de Nossa Senhora em Fátima de que seu Imaculado Coração triunfará contra todos seus adversários, após tremendas purificações planetárias.
Rezemos para que os bons católicos de Quebec consigam atravessar essa purificação que limpará o mundo todo.
O que me surpreende é o clero católico do Canada em Geral, e de Quebec em particular, não ter se dedicado de corpo e alma a estudar as causas do problema, e as possíveis soluções!
O que desperta minha suspeita de que lá, a Igreja Católica esteja aparelhada, nos mesmos moldes daqui, no Brasil, sua cúpula dominada pela esquerda, segue a política do “quanto pior melhor”, logo, não tem muito interesse em mudar o rumo dos acontecimentos!
Muito bom este artigo
Não consigo compartilhar este excelente artigo no facebook!O aplicativo acusa erro de “url não encontrada”!