Reflexões à margem da sombria Confusão: “Confiança, Eu venci o mundo!”

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 … “o artigo clássico de passagem de ano, em que o leitor espera que se ponham em ordem as impressões do ano findo, e aguarda alguns prognósticos para o ano novo”, — escrevia o Prof. Plinio, — “confesso que jamais senti dificuldade em realizar a tarefa” de escrevê-lo.

“Com um pouco de memória, solidez nos princípios, coerência no pensamento, não é difícil, habitualmente, analisar e sistematizar fatos. Estes parecem quase sempre mais confusos à primeira vista do que são na realidade. Basta que encontremos o ângulo de visão justo – no caso a Doutrina Católica – para imediatamente os entender. E, pois, sem grande esforço pode o jornalista católico corresponder em cada princípio de ano à legítima expectativa de seus leitores.”

Acrescentamos: o livro Revolução e Contra-Revolução oferece a todos nós essa visão de conjunto da luta entre bem e mal, verdade e erro, entre a Santa Igreja e Satanás. O livro do Prof. Plinio é exatamente essa análise do processo multissecular, que ele chama de Revolução, o qual visa destruir a Civilização Cristã e a Igreja — se esta fosse mortal. Dele deduzimos os princípios e métodos de análise para essa passagem de Ano.

Continua o Prof. Plinio: “Desta vez, porém, confesso que receio não vencer a dificuldade da tarefa. Há muito que dizer. E, ao mesmo tempo, quase nada. Pois o panorama de conjunto do ano de 1951 é realmente confuso. Insisto neste particular.”

Sob o signo da Confusão e da Esperança

Sob o signo da Confusão e da Esperança” bem poderia ser o título apropriado desse artigo de passagem de Ano. O que caracterizou grande parte de 2020, pode-se chamar adequadamente de sombria Confusão. E o que nos aguarda em 2021, julgando pelas ações da esquerda mundial, é mais um adentrar nesse túnel escuro de uma ditadura implacável das consciências, das violações da liberdade religiosa, do direito de ir e vir. É o “Novo Normal”, tão desejado pela ONU, pelos globalistas do macro capitalismo, pela Big Tech.

Para nos atermos apenas à pandemia — haveria tantos outros pontos a abordar — a confusão foi o traço dominante. Na China dizia-se que não haveria transmissão de humano a humano. Foram brutalmente reprimidas as tentativas de denúncia do surto inicial do vírus.

Hospitais de campanha foram montados no Brasil e nem se sabe sequer se foram utilizados. A midia alarmista mais produzindo pânico e medo do que investindo em confiança e tratamento precoce. Igrejas fechadas, ausência de Sacramentos, suspensão de celebrações da Santa Missa. Não se fala de assistência espiritual (unção dos enfermos) aos vitimados pela covid-19. Também, do ponto de vista espiritual, não se ouve falar de uma súplica a Deus para conter essa pandemia.

Tirando proveito da pandemia a esquerda mundial julga chegar a hora adequada para seu sonho de dominação universal: a Nova Ordem Mundial. Como deduzir logicamente que a partir de um vírus a única solução é mudar substancialmente a Ordem Mundial? Ilogicidade e Confusão.

Um “remédio” que só agravará o mal: socialização global

“17 de julho de 2020 (LifeSiteNews) – O Vaticano está dando voz a instituições globalistas, como as Nações Unidas e o Fórum Econômico Mundial, em vista da “ação coletiva” para a reconstrução da sociedade – ou melhor, a construção de um novo sociedade com muitos tons utópicos.

“A ONU e o WEF de Davos, juntamente com o príncipe Charles da Inglaterra, anunciaram recentemente reflexões globais que levarão a uma conferência “Global Reset” no início do próximo ano.

A Comissão COVID-19 do Vaticano está promovendo o mesmo tipo de ação: desarmamento global, uma resposta “verde” que envolverá uma profunda mudança na economia na sequência do Laudato si ‘, assistência médica universal e outras “soluções” globais em harmonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (os ODS para 2030).”

A quem beneficia essa Confusão? A nota animadora do momento

Continua o Dr. Plinio em seu artigo de 1951: “É, pois, verdade que nesse quadro há muita confusão. Mas é também certo que, se em lugar de procurarmos lógica onde ela não existe, tomarmos a confusão como fato indiscutível e nos resignarmos a raciocinar à margem dela para verificar a quem beneficia, e para onde conduz, a resposta é sempre uma só. Dir-se-ia que corre pelo mundo o sopro tépido e negro do espírito do mal, que, por misteriosa permissão de Deus, dispõe a seu talante dos homens e das coisas.”

“Entretanto, ainda aqui cabe uma reflexão. Porque apela o espírito do mal para a confusão? Porque esparsas por este mundo caótico e decadente, florescendo quiçá em lugares que os observadores superficiais não sabem ver, ainda existem muitas almas que detestam o mal. Pois se o demônio se oculta para avançar, é porque sabe que muitos ainda lhe barrariam o caminho se agisse descoberto. Nisto está a nota animadora do momento.”

“Houve tempo em que os batalhões da impiedade desfraldaram à luz do sol o lema satânico “écrazez l’Infàme”. Hoje continuam a caminhar vitoriosamente… mas de bandeira enrolada! O que significa que há hoje em dia, em número maior, soldados de Deus, dispostos a lutar no momento das supremas provações.”

As palavras do Prof. Plinio, se bem que escritas há 70 anos, tão bem se aplicam à reação conservadora que perpassou o Brasil a partir de 2015. Acrescentamos que houve um incremento da devoção marial segundo o método de São Luiz Grignion de Montfort. E, também, a Providência se serviu dos extremos de mal (aborto, ideologia de gênero, invasões de propriedades) para tornar clara a noção de Revolução. Grande parte do público acordou até para a crise progressista na Santa Igreja.

A grande esperança: Fátima

“E este facho de luz que corta um horizonte tão negro não é o único. Na confusão da terra, abriram-se os Céus, e a Virgem apareceu em Fátima para dizer aos homens a verdade. Verdade austera, de admoestação e penitência, mas verdade rica em promessas de salvação. O milagre de Fátima se repetiu quase ao findar-se este triste e vergonhoso ano de confusão, aos olhos do Vigário de Cristo, para atestar que as ameaças de Deus continuam a pairar sobre os homens”, […] “e a proteção da Virgem jamais abandonará a Igreja e seus verdadeiros filhos.”

E conclui o Prof. Plinio: “Mas os que confiam na Virgem Santíssima têm sobejos motivos para nada temer.” […] “Nolite timere, pusillus grex” ( Lc.XII – 32 ); não temas, pequeno rebanho.”

Confiança, Eu venci o mundo!

Não somos profetas de desgraças nem fonte de desânimo.

Ensina o Prof. Plinio: “O caminhar de um povo através dessas várias profundidades não é incoercível, de tal maneira
que, dado o primeiro passo, ele chegue necessariamente até o último, e resvale para a profundidade seguinte. Pelo contrário, o livre arbítrio humano, coadjuvado pela graça, pode vencer qualquer crise, como pode deter e vencer a própria Revolução.”

“Descrevendo esses aspectos, fazemos como um médico que descreve a evolução completa de
uma doença até a morte, sem pretender com isto que a doença seja incurável.”

A promessa de Nosso Senhor: Confiança, Eu venci o mundo (Jo 16-33), as palavras de Nossa Senhora em Fátima (Por fim o meu Imaculado Coração triunfará) nos dão a certeza da vitória da Santa Igreja sobre seus adversários. Quando? Rezemos, lutemos, denunciemos o mal e a Providência nos dará a vitória.

INVENCIBILIDADE DA CONTRA-REVOLUÇÃO

Aos contra-revolucionários de 2020, nesse ano dominado por uma sombria Confusão, lembramos esse ensinamento do Prof. Plinio:

“Pode-se perguntar de que valor é esse dinamismo (do bem na luta contra o mal). Respondemos que, em tese, é incalculável, e certamente superior ao da Revolução: “Omnia possum in eo qui me confortat”. Quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da História que assim se operam: é a conversão do Império Romano, é a formação da Idade Média, é a reconquista da Espanha a partir de Covadonga, são todos esses acontecimentos que se dão como fruto das grandes ressurreições de alma de que os povos são também suscetíveis. Ressurreições invencíveis, porque não há o que derrote um povo virtuoso e que verdadeiramente ame a Deus.” (Idem, pg 39). […]

“A primeira, a grande, a eterna revolucionária, inspiradora e fautora suprema desta Revolução, como das que a precederam e lhe sucederem, é a Serpente, cuja cabeça foi esmagada pela Virgem Imaculada.”

“Maria é, pois, a Padroeira de quantos lutam contra a Revolução. A mediação universal e onipotente da Mãe de Deus é a maior razão de esperança dos contra-revolucionários. E em Fátima Ela já lhes deu a certeza da vitória, quando anunciou que, ainda mesmo depois de um eventual surto do comunismo no mundo inteiro, “por fim seu Imaculado Coração triunfará”. (idem pg 65)

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