A seguir reproduzimos um texto, publicado como um quadro ilustrativo da matéria de capa da revista Catolicismo deste mês — artigo redigido às vésperas da efetiva invasão da Ucrânia por ordem do déspota Vladimir Putin.
A revista elenca episódios que antecederam o início da guerra, que se pode dizer que oficialmente foi iniciada no dia 21 de fevereiro com o decreto de Putin, o covarde stalinista russo, declarando a independência de duas regiões da Ucrânia (Donetsk e Luhansk). Decreto que foi estopim para a explosão da guerra com o oficial envio de tropas russas, com o objetivo de excluir para sempre a identidade do povo ucraniano, mas que o cínico Putin denominou de “missão de paz”!
A ESCALADA DAS MOVIMENTAÇÕES RUMO À GUERRA
Segue um breve elenco de alguns dos episódios transcorridos apenas em fevereiro último, todos baseados em informações de agências de notícias sérias, que reforçam a ideia de que a tensão aumentou muito na região fronteiriça Rússia/Ucrânia. E isso apesar dos esforços diplomáticos de líderes mundiais para obter a pacificação e dos reiterados desmentidos de Vladimir Putin de que não desejava o conflito — nos quais poucos acreditaram.
- Vladimir Putin, ex-oficial da KGB, há 22 anos como mandatário absoluto da Rússia, ordena a expulsão do vice-embaixador americano em Moscou, Bartle Gorman;
- A Rússia no início de fevereiro contava com aproximadamente 100 mil soldados mobilizados na fronteira com a Ucrânia. Putin declarou que eles estavam sendo retirados. Entretanto, em meados daquele mês o contrário aconteceu, o número de soldados dobrou;
- Alguns países, como Brasil, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Coreia do Sul, Holanda, Letônia, Noruega, expedem ordens de retirada de seus cidadãos da Ucrânia. Somente dos EUA são 30 mil americanos;
- Joe Biden reforça o pedido de retirada dos cidadãos americanos dizendo que a situação é muito grave, que não estavam lidando apenas com uma organização terrorista, mas sim com um dos maiores exércitos do mundo e que “as coisas podem perder o controle e se tornarem apaixonadas rapidamente”;
- Tropas russas participam de manobras na Bielorrússia em meio ao aumento da tensão na Ucrânia, e testam inclusive lançamento de mísseis intercontinentais. Manobras que foram supervisionadas diretamente por Putin;
- Imagens de satélite revelam um substancial aumento de tropas, veículos e aviões russos na Bielorrússia e na Península da Criméia (anexada pela Rússia há sete anos, na região de Kursk, a 100 quilômetros da fronteira com a Ucrânia);
- Aumento do número de navios de guerra russos, abarrotados de equipamento militar, no Mar Negro;
- Antony Blinken, secretário de Estado americano, afirma que “estamos em uma janela em que uma invasão pode começar a qualquer momento […] Continuamos a ver sinais muito preocupantes da escalada russa, incluindo novas forças chegando à fronteira”;
- Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, afirmou que “a maneira como Putin mobilizou suas forças e as colocou no terreno, juntamente com os outros indicadores que coletamos por meio de inteligência, deixa claro que existe uma possibilidade muito alta de que a Rússia deva lançar uma operação militar, e há razões para acreditar que isso pode acontecer em um prazo razoavelmente curto”;
- Por sua vez, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, declarou: “Há um perigo de conflito militar, uma guerra no leste da Europa, e a Rússia tem responsabilidade por isso”;
- Boris Johnson, primeiro-ministro inglês, disse que a Rússia está planejando a “maior guerra na Europa desde 1945. […] Que poderá ocorrer uma geração de derramamento de sangue e miséria”;
- Governos ocidentais emitem novos alertas sobre o risco de uma iminente invasão russa à Ucrânia;
- O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, também fala em “risco real” de conflagração armada envolvendo a Europa, inclusive com a utilização de armas russas “cibernéticas”;
- Como tentativa de enfraquecer ou mesmo derrubar o governo ucraniano, ciber-ataques são operados por russos contra instituições e bancos;
- Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, declarou que Rússia se dirige para uma “invasão iminente” da Ucrânia, apesar dos anúncios de Putin sobre a falaciosa retirada de tropas;
- Declaração do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, dizendo que, como atestam documentos de Inteligência americana, a Rússia não diminuiu a presença militar e que novas tropas russas vão se aproximando da Ucrânia;
- Elevando o tom ainda mais, Biden — durante coletiva de imprensa na Casa Branca e após uma ligação com líderes ocidentais — declarou estar convencido de que Vladimir Putin tomou a decisão de invadir a Ucrânia, incluindo um ataque à capital, Kiev. E que sua convicção se fundava em relatórios da inteligência americana;
- No dia em que fechamos esta matéria (21 de fevereiro), Putin deu o passo que todo o mundo ocidental temia: numa violação flagrante da legislação internacional, da integridade e da soberania territorial da Ucrânia, decretou a independência de duas regiões claramente ucranianas (Donetsk e Luhansk), conforme os acordos de Minsk (2014 e 2015) e, algumas horas após a assinatura do decreto, ordenou o envio de tropas para ocupar essas regiões. Durante tal declaração, Putin — não escondendo seu anseio de restaurar a antiga URSS — novamente lamentou as perdas que a Rússia teve quando a União Soviética se desfez em 1991.