Sacralidade: alicerce, coluna e farol da civilização católica

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O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e uns poucos amigos mais voltados ao estudo, reuniram-se lá por 1955, com a finalidade de elaborar um Manifesto. Esse Manifesto seria uma resposta aos erros do “mundo moderno”, em outras palavras, a weltanschauung (*) católica e contra-revolucionária em oposição à Revolução.

A Sacralidade eleva as almas até Deus

O mensário Catolicismo era, então, o porta-voz desse grupo. O livro Revolução e Contra-revolução, publicado em 1959, vê-se que foi um magnífico fruto dessas reuniões-conversa que duraram algumas décadas; ele é um fruto que desabrochou desse projeto do Manifesto.

"Se a Revolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordem
entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica,
fundamentalmente sacral, antiigualitária e antiliberal." (1)

Sacral, sacralização aparecem cinco vezes no texto do livro Revolução e Contra-revolução. Vê-se, era uma noção fundamental do Manifesto.

Hoje queremos abordar o tema Sacralidade.

São Tomás e São Boaventura

O Prof. Plinio era um “tomista convicto”: “Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a Filosofia da História. Em função desta encontro o ponto de junção entre os dois gêneros de atividade em que me venho dividindo ao longo de minha vida: o estudo e a ação. (2).

Detenhamos essa noção: é um estudo que leva a àção contra-revolucionária.

Ele era, também, um grande admirador de São Boaventura, que em sua teologia franciscana deu especial relevo ao belo, ao pulchrum. Acompanharemos bem o pensamento do Dr. Plinio — ele mesmo comentou — se soubermos voar com as asas de Santo Tomás e de São Boaventura. Que esses grandes luminares da Santa Igreja nos ajudem.

Sacral, Sacralidade

Uma dificuldade inicial é apresentar exemplos concretos que ilustrem, que tornem acessíveis o conceito filosófico de sacralidade, comenta o Prof. Plinio, para um auditório de jovens lá por 1990.

A Sacralidade “é das noções mais difíceis de explicitar”, — não apenas com o conceito filosófico — “mas apresentar os exemplos, os fatos concretos, as circunstâncias, as situações por onde as pessoas sintam a coisa, apalpem com a mão; e não apenas assim como uma definição filosófica.”

Continua o Prof. Plinio: “A definição filosófica tem um grande valor”, mas a pessoa precisa saber “aplicar a definição filosófica às coisas.” Esse é o procedimento do comum dos homens. Nosso Senhor ensinou com exemplos e parábolas.

"Sacral é tudo aquilo que tem especiais qualidades para lembrar os supremos atributos de Deus." Isto é o conceito de sacral.
"Sacralidade é aquilo (quid) de uma coisa por onde se nota mais facilmente nela seu relacionamento com Deus, através de sua inserção no plano de Deus e através de sua semelhança com Deus, do que com outros objetos."

O Prof. Plinio complementa: “Também apresenta certo aspecto de sacralidade aquilo que não tendo aqueles atributos que especialmente lembram a Deus, tenha um lado por onde se considerando se chega até Deus.”

Exemplos de Sacralidade

A sacralidade da naveta

Um objeto de culto deve remeter os fieis até Deus. Sacralidade

      Eu dou um exemplo, a naveta, “que é aquele recipientezinho em forma de nave, que contém o incenso para o turíbulo.”

A naveta, os Srs. vão ver, é bonitinha, com formas, procura representar uma nau elegante, bonita, etc., etc., e procura pôr um pouco de fantasia na coisa.

“E há toda uma estrutura de fantasias, de idéias, de metáforas em torno da naveta, para indicar que o conter um incenso destinado a ser queimado em honra de Deus, o conter esse incenso é alguma coisa de muito alta, alguma coisa de sacral. Eu acho que está muito claro para os Srs. aí quanto é adequada a palavra sacral no emprego que eu lhe dei aqui.”

O que quer dizer aqui sacral? No que consiste a sacralidade da naveta?

      “É uma referência que a forma da naveta tem a um ente infinitamente superior à naveta. E por onde quem foi desenhar daquela maneira a naveta dilatou o senso poético de maneira a poder fazer daquele instrumento comum – uma coisa que ao mesmo tempo, e principalmente, remete nosso espírito para uma realidade análoga à naveta, não idêntica mas parecida com a naveta, e que põe o nosso pensamento muito mais alto.”

      No que consiste aí a sacralidade?

      Sacral é o fato de que essa realidade mais alta é tão, tão mais alta, que ela é suprema. É alguma coisa da dignidade do serviço divino que está lembrada nesse esforço de afeto, de fantasia poética e de raciocínio em fazer da naveta uma obra-prima!
O progressismo é a morte da Sacralidade

A Sacralidade da naveta nos eleva até à consideração de Deus.

Uma pergunta: como é o progressismo?

O progressismo, a TL são eminentemente anti sacralidade.

Ao contrário da Tradição, o progressismo foi extinguindo dos objetos de culto o seu caráter sacral: naveta, castiçais, paramentos, liturgia já não contribuem para elevar o fiel até Deus. O progressismo pode ser visto como a anti sacralidade.

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Nossa Senhora, Sede da Sabedoria, nos ajude nessa via da procura da Sacralidade.

Há outros exemplos que o Prof. Plinio desenvolve, por exemplo, descrevendo a sacralidade da espada, a sacralidade também de funções na sociedade temporal. Veremos, se Deus quiser, em outra ocasião.

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(*) O termo é um calque do alemão Weltanschauung [‘vɛltanʃɑwuŋ], composto de Welt (‘mundo’) e Anschauung (‘visão, contemplação; concepção; ponto de vista; intuição; convicção’). O Prof. Plinio elaborou uma Weltanschauung católica e contra-revolucionária.

(1) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/RCR01.pdf

(2) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/BIOGRAFIA%20-%201994%20-%20Autoretrato%20filosofico.asp#.ZFltWHbMK3B

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