Um amanhecer no jardim interno do Convento de Saint-Gildard. Casa Mãe das Irmãs da Caridade de Nevers na França.
A essa Congregação, correntemente chamada das Irmãs da Caridade de Nevers, pertenceu Santa Bernadette.
A vida religiosa da vidente de Lourdes transcorreu precisamente nessa casa, e foi entre suas paredes benditas que ela exalou seu último suspiro.
Ordem grave, profunda e entretanto radiosa tranquilidade na natureza, serenidade das linhas arquitetônicas da fachada… as folhas dos imensos castanheiros dir-se-iam lâminas delgadíssimas de prata ou de cristal, nas quais se condensam os raios solares castos e jubilosos desse esplêndido amanhecer.
Paz, enfim, uma grande paz natural nesse ambiente onde a presença de uma religiosa, como se fora a de um Anjo, parece trazer como riqueza transcendental, algo da paz sobrenatural indizivelmente mais preciosa que habita na alma dos filhos da luz.
E assim como os raios solares, penetrando nas folhas, parecem transformá-las em gotas de sol, dir-se-ia que a paz da natureza e, sobretudo, a paz inefável da graça penetram na alma dessa Religiosa, transformando-a como que numa personificação ou num símbolo vivo da paz interior.
Quando Santa Bernadette passeava por este jardim, quem sabe se todas essas austeras e doces magnificências a ajudavam um pouco a lembrar-se da figura indescritivelmente bela, toda inundada de paz sobrenatural, d’Aquela que o Apocalipse (12, 1) descreve como a Mulher vestida de sol, do sol da verdadeira paz, que é o dom das almas unidas a Deus.
O que são, perto das alegrias dessa paz de alma, as correrias, a agitação, as tempestades passionais, as angústias, a que o mundo, sempre mentiroso, chama de alegria?
É a paz do Tabor.
Pensando nisto, teríamos o desejo de dizer à humanidade as palavras de Nosso Senhor à Samaritana: “Se conhecesses o dom de Deus… ( Jo. 4, 10 ).