Extratos da conferência do Prof. Plinio, 1965
“Hoje é festa de Santa Escolástica, virgem, irmã e discípula de São Bento, fundadora; século VI.
Amanhã é festa de São Gregório II, papa e confessor: “Resistiu tenazmente à impiedade iconoclasta do imperador Leão III, Isaurico, e mandou São Bonifácio pregar o Evangelho na Germânia”, século VIII.
A razão pela qual figura Santa Escolástica no nosso calendário é que ela é irmã de São Bento, e desenvolveu uma obra que é entrelaçada com a de São Bento, a fundação das beneditinas, como São Francisco e Santa Clara.
A obra beneditina nos interessa muito. Recentemente São Bento foi proclamado padroeiro da Europa, o que corresponde a algumas necessidades que, por sua vez, se ligam com teses e preocupações nossas. (…)
Santa Escolástica atraiu religiosas que não faziam assistência social, não davam catecismo, não faziam “nada”. Numa época em que sua ação pareceria tão necessária, elas realizavam algo que era muito mais do que agir: rezavam e se sacrificavam. E, pelo seu exemplo, deixaram bem claro que se o apostolado do ramo masculino foi tão fecundo, isto se deveu porque havia um ramo feminino que rezava, que se imolava, que contemplava, além do intenso grau de oração da Ordem beneditina que é, por sua natureza, por seus estatutos, uma Ordem semi-contemplativa. Então, o ideal da contemplação fica profundamente presente nesta fecundidade do apostolado de conversão da Europa.
Aí se vê o papel admirável, insubstituível e, em algum sentido, incomparável de Santa Escolástica. Porque para agir, há alguns tantos; para lutar, já são menos numerosos; mas para sofrer, quão poucos são!
Eu não tenho palavras que bastem para exprimir minha veneração diante do apostolado do sofrimento, daqueles que aceitam as cruzes e – com a aprovação eventual do diretor espiritual – até as aceitam e as pedem para sofrer para que o trabalho dos outros seja fecundo. É dos temas que mais me comovem e que mais me empolgam: a fecundidade do apostolado do sofrimento. E não há o que eu me sinta mais propenso a venerar do que um que sofre intencionalmente para que outro ganhe as batalhas; que toma sobre si o infortúnio, toma sobre si a infelicidade e vai ser um herói que só Deus vê. E isso tudo para que? Exclusivamente para que o apostolado dos outros seja fecundo. Esse caráter do trabalho de Santa Escolástica merece ser mencionado aqui com uma veneração sem nome.”
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