São Francisco de Assis e o fundamento evangélico para legitimar as Cruzadas

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São Francisco de Assis diante do sultão al-Malik al-Kamil. Fra Angelico ca. 1429, Lindenau Museum, Altenberg.
São Francisco de Assis diante do sultão al-Malik al-Kamil.
Fra Angelico ca. 1429, Lindenau Museum, Altenberg.

Diálogo entre São Francisco de Assis e o Sultão al-Malik al-Kamil
em 1219, perto de Damieta, Egito.

“O sultão lhe apresentou uma questão:

− “Vosso Senhor ensina no Evangelho que vós não deveis retribuir mal com mal, e não deveis recusar o manto que quem vos quer tirar a túnica, etc. Então, vós, cristãos não deveríeis invadir as nossas terras, etc.”.

“Respondeu o bem-aventurado Francisco:

− “Me parece que vós não tendes lido todo o Evangelho. Em outra parte, de fato, está dito: Se teu olho te escandaliza, arranca-o e joga-o longe de ti (Mt. 5,25).

“Com isto quis nos ensinar que também no caso de um homem que fosse nosso amigo ou parente, que nos amássemos como a pupila do olho, nós devemos estar dispostos a separa-lo, e afastá-lo de nós, até arrancá-lo de nós, se tenta nos afastar da fé e do amor de nosso Deus.

“Exatamente por isto o cristãos agem de acordo com a Justiça quando invadem vossas terras e vos combatem, porque vós blasfemais contra o Nome de Cristo e vos empenhais em afastar de Sua religião todos os homens que podeis.

“Se, pelo contrário, vós quiserdes conhecer, confessar e adorar o Criador e Redentor do mundo eles vos amariam como a si próprios”.

“Todos os presentes ficaram tomados de admiração pela resposta dele”.

(Fonte: “Fonti Francescane”, Seção terceira – Outros testemunhos franciscanos, número 2691).

8 COMENTÁRIOS

  1. JOSE EYMARD JACINTHO, e

    JOSE RICARDO LIRIO,

    J.Eymard e J. Ricardo. Releiam o Novo Testamento e procurem alguma atitude de benevolência e de harmonia entre Nosso Senhor Jesus Cristo e os fariseus e saduceus. Vocês não encontrarão nenhuma atitude pacifista de N.Senhor em relação a eles. É combate cerrado! Nenhuma comiseração! Por quê? Porque eles não queriam saber de se converter, não tinham a mínima vontade de praticar a virtude, de analisar os argumentos de Nosso Senhor com insenção de ânimo. Pelo contrário, estavam cheios de ódio, procurando uma ocasião em que pudessem acusá-lo por contradição ou por injustiça. Mas não achavam nenhuma brecha. A argumentação de Nosso Senhor não deixava margem a isso; era soberanamente, divinamente blindada! No entanto, não tinha nada desse pacifismo entreguista que se vê hoje, infelizmente, na Igreja… Entreguismo e pacifismo que são o fruto da “fumaça de satanás” e da “autodemolição” da Igreja (termos estes empregados por Paulo VI).
    A resposta de São Francisco está em inteira consonância com o Evangelho, pois Nosso Senhor é manso com os mansos, isso é, aqueles que se conformam com a vontade divina; e severo com os que são severos com Deus (isso é, contra Deus).

  2. Ante todos os comentários registrados até agora; diante do embate
    por esses comentários produzidos e com a PAZ E SABEDORIA adquirida
    nas cruzadas certamente FRANCISCO DE ASSIS diria a cada um o que segue:
    P A Z E B E M.

    SEMPRE LEMBRANDO QUE COMUNISMO E MISÉRIA ANDAM DE MÃOS DADAS , E MAIS
    QUE AINDA HÁ AVE RARA QUE NÃO VOA,

    Paz e Bem à todos do bem.

  3. JOSE RICARDO LIRIO,

    Certamente é a imagem de São Francisco que você tem na cabeça é que é questionável. No mais, a resposta de São Francisco responde a seu comentário. Mas, ao contrário da atitude do Sultão e dos presentes, você não parece ter ficado “tomado de admiração” pela resposta do santo cruzado.

  4. Tendo em Francisco de Assis referência excelente para o exercício do amor e da paz,que o notabilizou, parece-me questionável o diálogo registrado, até porque a pretendida fala franciscana fere sua índole essencialmente pacificadora quando estabelece no ideário de Jesus – com certeza guia e modelo seu e da humanidade – fundamento para, à força, desconsiderar os valores e a fé alheia quando Ele mesmo, Jesus, lecionou “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, ainda que o outro nos agrida. Por outro lado, entendemos que a lição imperativa “… arranca-o (o olho) e lança-o fora de ti…” refere-se fundamentalmente às nossas mazelas morais que ainda nos dominam, impedindo-nos de vivenciar o Evangelho na experiência comum, como convém. Compreender e persuadir, nunca invadir, mas, sempre amar.

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