São José [festividade celebrada pela Igreja no dia 19 de março] é o padroeiro da boa morte, porque tudo leva a crer que, em seu falecimento, foi assistido por Nossa Senhora e pelo Divino Redentor, que o ajudaram a elevar sua alma àquela perfeição pinacular para a qual ele fora criado. Não era a perfeição de Nossa Senhora, mas era de uma perfeição extraordinária.
Quando o olhar de São José, embaçado, já se ia apagando para a vida, ao contemplar Aquela que era sua esposa e Aquele que juridicamente era seu filho, extasiou-se com a ascensão contínua em santidade de Nossa Senhora e de seu Divino Filho. Ao vê-los se elevarem assim, também ele, por sua vez, subia sem cessar na sua própria santidade.
Esta tríplice ascensão contínua na humilde casa de Nazaré constituiu o encanto do Criador e dos homens — três perfeições que chegaram todas ao pináculo a que cada uma devia chegar. Eram três auges que se amavam intensamente e se intercompreendiam intensamente; perfeições altíssimas, admiráveis, mas desiguais, realizando uma harmonia de desigualdades como jamais houve na face da Terra.
Entretanto, a hierarquia posta por Deus entre tais sublimes desigualdades era de uma ordem admiravelmente inversa: aquele que era o chefe da Casa no plano humano era o menor na ordem sobrenatural; enquanto o Menino, que deveria prestar obediência aos pais, era Deus. Uma inversão que nos faz amar ainda mais as riquezas e as complexidades de qualquer ordem verdadeiramente hierárquica; e que impele a alma fiel, desejosa de meditar sobre tão elevado tema, a entoar um hino de louvor, de admiração e de fidelidade a todas as hierarquias e a todas as desigualdades estabelecidas por Deus.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 2 de novembro de 1992. Sem revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Março/2014.