São Simão Stock, a graça da Ordem do Carmo, primeiro filão marial

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Conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 16 de maio de 1966: (*)

“Hoje nós temos a festa de São Simão Stock, confessor. Ele era da mais alta nobreza da Inglaterra, e foi prior geral da Ordem do Carmo. Recebeu o Santo Escapulário das mãos de Nossa Senhora, como sinal da predileção dEla pela Ordem. Deu o primeiro grande impulso à vida ativa em união com a vida contemplativa carmelitana. Século XIII.

São Simão Stock recebe o Santo Escapulário do Carmo

* A Ordem do Carmo, o primeiro filão de devoção marial no mundo

A respeito de São Simão Stock, da Ordem do Carmo, é preciso termos bem em mente a importância da obra desse santo numa linha muito alta das coisas, para compreendermos bem quão grata nos deve ser a festa que hoje se comemora.

Sabemos que tendo o Profeta Elias fundado os antecedentes da Ordem do Carmo, ela representou o primeiro filão da devoção marial no mundo, e o Profeta Elias representa o extremo da devoção a Nossa Senhora, que lutará no fim do mundo contra o Anticristo e contra os últimos inimigos de Nosso Senhor. E que constitui, portanto, uma espécie de ponte, desde o início da devoção a Nossa Senhora no mundo – séculos antes de Nossa Senhora ter nascido, até a luta contra os últimos inimigos de Nossa Senhora, que estarão acabando com o Reino de Maria. E contra os quais vai lutar precisamente Santo Elias.

Essa Ordem assim fundada por Santo Elias, na qual, desde muito cedo, se cultivou a verdadeira devoção de São Luís Maria Grignion de Montfort; e o frei Jerônimo [carmelita ele próprio, n.d.c.] nos disse que há vários escritores carmelitanos que desenvolvem a teoria da perfeita devoção a Nossa Senhora em tratados até anteriores a São Luís Grignion de Montfort.

De maneira que no tempo em que dois mais dois era igual a quatro, os carmelitas consideravam a espiritualidade de São Luís Grignion de Montfort como a espiritualidade própria à sua Ordem. Os senhores compreendem, portanto, a importância que há nesta ponte que se faz, desde os primórdios da devoção mariana até o fim do mundodessa continuidade para o espírito ultramontano e para a verdadeira devoção marial.

Qual foi a emergência diante da qual São Simão Stock foi levado a realizar o seu apostolado?

* Nas obras que Nossa Senhora ama, quando tudo chega ao ponto de se despedaçar, é o momento em que Ela reserva para intervir

Tinha havido as invasões dos sarracenos e a Ordem do Carmo, que existia no Oriente, estava perseguida, enxotada e muitos religiosos então passaram ao Ocidente, para aqui viver. Porém, eles não se aclimatavam. Havia indiferença para com eles, não se compreendia o que eram, estavam meio dispersos. São Simão Stock era o Geral deles, mas não exercia uma autoridade efetiva sobre uma Ordem propriamente constituída. Podemos dizer que a Ordem do Carmo estava transformada em destroços boiando sobre um mar revolto, e não mais num navio, numa estrutura jurídica, coesa e uniforme, capaz de conservar um espírito, de promover, de o transmitir à posteridade etc.

Foi nessa situação que ele, que era inglês, rezando à Nossa Senhora com muita devoção, pediu que Ela não deixasse que morresse a Ordem do Carmo.

Então, no auge dessa aflição em que se encontrava o santo, Nossa Senhora lhe apareceu e deu o escapulário do Carmo, que não é propriamente esse “bentinho” que se usa ao pescoço, mas é aquele escapulário grande da Ordem Terceira, que é como que uma libré, que se colocava sobre a túnica.

Com efeito, naquela época se usava ainda muito a túnica como traje civil comum. E os homens que pertenciam a alguém usavam, por cima de sua túnica, uma espécie de túnica menor, que tinha a forma de escapulário atual do Carmo. Assim, pela cor e por outras características, se indicava quem era o dono desse homem, a quem ele pertencia. Então, Nossa Senhora indicou aquilo como Sua libré, que eles deveriam pôr sobre a batina. Ao mesmo tempo, revelou o famoso privilégio sabatino, ligado a quem usa o escapulário do Carmo: quem usar esse escapulário piedosamente, tem a graça da perseverança final e vai para o purgatório, se merecer, mas será liberto no primeiro sábado subsequente à sua morte.

Depois dessa intervenção de Nossa Senhora, a Ordem começou a florescer, a se desenvolver extraordinariamente e deu na Ordem do Carmo, a qual, por sua vez, deu ao Ocidente – para mencionar senão três pessoas – Santa Teresa, a Grande, São João da Cruz e Santa Teresinha do Menino Jesus. Ou seja, três sóis no firmamento da Igreja.

Porém, mais do que isso – e eu não hesito em dizer que é mais – assegurou a continuidade da Ordem até os presentes dias…  Os senhores estão vendo, portanto, uma missão enorme que esse santo cumpriu.

Ele foi o traço entre a vida ocidental e a vida oriental da Ordem. E no momento em que nessa espécie de istmo, entre esses dois continentes históricos, se adelgaçava de tal maneira que parecia sumir, precisamente nesse momento Nossa Senhora intervém para salvar e dar muito mais do que tinha antes. A Ordem prosperou no Ocidente muito mais do que no Oriente. E com esses dois privilégios, proporcionou uma ideia exata de como se deve confiar em Nossa Senhora e de qual é o Seu papel nas obras que Ela ama.

Nas obras que Ela ama… as coisas podem chegar a ponto de se despedaçar quase que completamente, se estraçalhar quase completamente. Tudo fica perdido. Mas é o momento que Ela reserva para intervir.

Joseph de Maistre dizia bem isso: as grandes intervenções de Deus são precedidas por uma fase onde tudo fica perdido, para ficar inteiramente claro que nenhum socorro humano adianta de nada.

Depois que ficou provado que tudo quanto era humano fracassouna hora da desolação e do caos, por intercessão de Nossa Senhora, Deus intervém e salva a situação. E foi precisamente o que se deu na vida de São Simão Stock. Quer dizer, uma lição de confiança magnífica que é dada para o decurso dos séculos.

Nota: Para conhecer mais sobre o escapulário do Carmo, como recebê-lo etc, visite o blog Orações e milagres medievais.

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

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