São Thomas Morus — modelo que os políticos deveriam seguir

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    Encontro de São Thomas Morus com sua filha, após ter sido sentenciado a morte (Yeames William Frederick, 1863. Coleção Privada).

    Há entre o político que ascende aos mais altos graus da admiração, munido de profundos conhecimentos filosóficos, jurídicos e sociais, e o político que leva às eminências do poder, como única bagagem, uma pequena cultura e uma grande ambição, a mesma diferença que existe entre o médico e o curandeiro. O primeiro se orientará pela ciência não menos do que pela prática. O segundo procederá com um empirismo cego, aplicando aos problemas de hoje o mesmo repertório de fórmulas que ele viu “dar certo” ontem.

    Pertencia à primeira categoria Thomas Morus: o político não matou nele o filósofo nem o teólogo; mas o filósofo e o teólogo governaram o político, iluminando-lhe o caminho, ditando-lhe os horizontes e dirigindo-lhe a ação. […]

    Nos intermináveis interrogatórios, foi-lhe ao encontro a perfídia de Thomas Cromwell [primeiro-ministro de Henrique VIII], que procurava por meio de hábeis perguntas, convencê-lo do crime de alta traição. Morus, porém, não se deixou enredar e, com a tranquila firmeza de uma alma pura, pronunciou esta frase que resume toda a sua defesa: “Sou fiel ao rei, não faço o mal a ninguém, nem difamo a quem quer que seja; se isto não é suficiente para salvar a vida de um homem, não quero viver por mais tempo”.

    (*) Excertos do artigo publicado em “O Jornal”, Rio de Janeiro, 22 de junho de 1935.

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    Nascido em Londres em 7 de fevereiro de 1478, São Thomas Morus foi Chanceler da Inglaterra. Por não ter aprovado o divórcio do rei Henrique VIII, foi martirizado em Tower Hill no dia 6 de julho de 1535. Foi beatificado por Leão XIII em 1886 e canonizado por Pio XI em 19 de maio de 1935.

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