“Seja a vossa linguagem sim, sim; não, não”

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    Paulo Roberto Campos

    É tão raro — nos dias atuais, raríssimo até — ver alguma declaração de altos prelados da Igreja Católica usando a linguagem firme, conforme ensinada no Evangelho por Nosso Senhor Jesus Cristo (“Seja a vossa linguagem sim, sim; não, não” — São Mateus 5, 37), que me apresso a transcrevê-la.

    Trata-se de um breve artigo, publicado ontem no “Jornal de Uberaba (2-7-10), que me causou muita admiração e surpresa. Admiração, pela firmeza de seu autor, Dom Aloísio Roque Oppermann; e surpresa por ver tal artigo reproduzido no site… acreditem… da CNBB… Mirabile dictu!!!

    Se todos os bispos da CNBB tivessem feito uso da linguagem do “sim, sim; não, não”, daqueles que verdadeiramente desejam seguir o exemplo do Divino Mestre, e não a linguagem ambígua — que mais confunde os conceitos, não afirmando categoricamente que o erro é erro –, no Brasil, certamente, sequer teria sido aprovada a iníqua lei que permite o aborto em casos de estupro e quando há risco à vida da mãe.

    Segue o admirável artigo de Dom Aloísio Roque Oppermann, SCJ (Congregatio Sacerdotum a Sacro Corde Iesu), Arcebispo Metropolitano de Uberaba (MG).

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    Uma questão de saúde pública?

    Joga-se muito com a desatenção do povo, ou até com sua suposta ignorância. O presidente Lula, em que pese sua promessa nebulosa aos Bispos em 2005, é decididamente a favor do aborto. Acompanham-no nesta sua postura, o ministro da saúde, e é claro, sua presumida sucessora Dilma. Esta, para encantar o eleitorado católico, chegou a visitar oficialmente o Papa (sem ter convicção pessoal). O efeito foi conquistar os votos de clérigos, invadindo até seu primeiro escalão.

    A vitória se delineia fácil, e por isso não se vê necessidade de ocultar coisa nenhuma. Tudo é dito às claras. A resistência ao secularismo governamental é nula. É uma submissão geral. Os princípios cristãos que ainda vigem em nossa vida pública, deverão se retirar para a diáspora das consciências. Na frente de ouvintes qualificados Lula afirmou que a introdução da lei do aborto, “é uma questão de saúde pública em nosso país”. Lembramos o salmo: “Lembra-te do povo que redimiste como tua herança” (Sl 74,2).

    É bom saber que existe muita manipulação de estatísticas, ao se falar sobre a taxa anual de abortos. Sobretudo são falsas as notícias sobre o número de mulheres mortas em decorrência de “abortos inseguros”. Segundo informações do DATASUS (2006), o número de mortes maternas em decorrência dessa prática, nunca passou de 163 por ano. (Ver “Faça alguma coisa pela vida” N. 96). Por isso diz-se falsamente que a legalização, “evitaria milhões de mortes maternas”.

    Uma vez que o governo faz apologia da interrupção da gravidez, por qualquer motivo, as grandes redes de TV precisam entrar nessa linha. Caso contrário perdem as ricas inserções de propaganda do poder público. Sem as benesses do governo até a Globo fecha. Por isso, mais do que rapidamente, foi introduzida a novela “Passione”, que procura fazer a cabeça do povo, a mando do governo.

    Vamos supor, por um exagero de fantasia, que o governo declarasse que o assalto às residências deve ser assunto de “saúde pública”. Para tal efeito se publicariam estatísticas incrementadas de mortes de assaltantes, cujas investidas estariam sendo feitas em condições inseguras. Para completar a hílare situação, o governo proporia legalizar o assalto, para que todo cidadão, rico ou pobre, pudesse realizar um assalto seguro. Essa é a conversa que os líderes da nação fazem ao falar de aborto.
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    Dom Aloísio Roque Oppermann
    www.jornaldeuberaba.com.br/?MENU=CadernoA&SUBMENU=Opiniao&CODIGO=37723

    6 COMENTÁRIOS

    1. Questão de saúde pública são as mães que, na hora do parto, vêem seus filhos morrendo por falta de atendimento, por falta de higiene, por falta de vagas.

      Questão de saúde pública são os idosos morrendo na fila do SUS, enquanto Maluf´s da vida, ao primeiro sinal de dor no peito, tem saída garantida da prisão para o melhor hospital da redondeza.

      Questão de saúde pública são os remédios que constantemente faltam para atender àqueles que não têm condições de comprá-los.

      A morte já tem muita presença na saúde pública brasileira. Nem por isso devemos legalizá-la.

    2. Vamos botar a boca no trombone, denunciar estes disparates de um governo comunista, anti-cristão, que quer capturar e adentrar nossas almas, feito áliens, para implantar sua ideologia assassina e anarquista, que quer de um jeito ou de outro, ou seja, por mal ou por mal. Cristão omisso, pra mim, é anti-cristão, pois esta corroborando com a destruição da moral cristã chamada disfarçadamente de ‘moral burguesa’, temos que ficar atentos e manifestar, o nosso direito de ser cristão !

    3. Não há dúvida de que nossos pastores são capazes de proclamar a verdade. Só lamento que tenha sido tão tarde. Quando estavam tentando implantar a lei do aborto no Brasil não se ouviram vozes autorizadas tão firmes. E bastariam algumas vozes episcopais para deter essa avalanche de crimes. Mas resta ainda a possibilidade da CNBB agir firmemente na abolição dessas leis criminosas, porque a IMENSA MAIORIA é contra o aborto.

    4. Concordo plenamente com Dom Aloísio Roque Oppermann, pois o governo deveria se preocupar seria em dar uma melhor qualidade de vida para o povo carente deste país, não querer tirar a vida das pessoas, antes mesmo delas virem ao mundo, ao invés de se preocupar com isso deveria se preocupar era de preparar o mundo melhor para as receber, investindo na área da saúde, na educação e na segurança pública etc.

    5. Concordo plenamente com Dom Aloísio Roque Oppermann, pois o governo deveria se preocupar é em dar uma melhor qualidade de vida para o povo carente deste país, não querer tirar a vida das pessoas antes mesmo delas virem ao mundo, ao invés de se preocupar com isso deveria se preocupar era de preparar o mundo melhor para as receber, investindo na área da saúde, na educação e na segurança pública etc.

    6. Firmes palavras de uma autoridade eclesiástica. Gostaria também de ouvir as razões de ordem religiosa a respeito da oposição que se deve fazer ao crime de aborto. Parece-me que há razões de saúde pública das almas em jogo e nada melhor que o doutor de almas cuide dela.

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