Governos de diversos estados brasileiros fizeram uso de uma tecnologia instalada nos celulares, sem o conhecimento do usuário, para o controle de deslocamento de pessoas durante a pandemia do vírus chinês. O governo de São Paulo e a prefeitura do Rio, por exemplo, firmaram parceria com empresas de telefonia. Uma empresa brasileira chamada in Loco está presente em cerca de 60 milhões de celulares por meio de aplicativo que usa essa tecnologia. A empresa disponibilizava em seu site diariamente a média de isolamento social a fim de auxiliar “as políticas de saúde, conscientização e segurança”.
O controle sobre os usuários de celular, entretanto, não se restringe ao deslocamento. Antes mesmo de esse modelo ser utilizado pelos novos ditadores de controle social a pretexto do coronavírus, o guru da informática, Richard Stallman, criador do sistema Linux, revelava que “os telefones inteligentes nos fizeram regredir dez anos em termos de privacidade, espiam e transmitem nossas conversas, mesmo desligados”, conforme reportagem publicada em El País, no dia 25 de fevereiro de 2019.
Stallman se preocupa com o fato de os aparelhos conectados enviarem às empresas privadas cada vez mais dados sobre nós através de históricos de navegação e de comunicação.
“A China é o exemplo mais visível de controle tecnológico, mas não o único. O Reino Unido há mais de dez anos acompanha os movimentos dos carros com câmeras que reconhecem as placas. Isso é horrível, tirânico!” – ressaltou.
O criador do Linux é obcecado com essa falta de privacidade na era digital: não possui celular e somente aceitou que o fotografasse durante a entrevista mediante a promessa de que não publicariam sua foto no Facebook.
“Sempre disse que o Facebook e seus dois tentáculos, o Instagram e o WhatsApp, são um monstro de seguir as pessoas. O Facebook não tem usuário, tem usados. É preciso fugir deles”, finaliza.
Não podemos aceitar – diz Stallman – que outros tenham informações sensíveis sobre como vivemos nossa vida. “(…) ninguém precisa saber o que você faz no seu dia a dia. Muito menos os produtos que você compra, desde que sejam legais. Os dados realmente perigosos são quem vai aonde, quem se comunica com quem e o que cada um faz durante o dia. Se os fornecermos, eles terão tudo”.
“Os celulares são o sonho de Stalin, porque emitem a cada dois ou três minutos um sinal de localização para seguir os movimentos do telefone”, diz. O motivo de incluir essa função foi inocente: era necessário para dirigir ligações e chamadas aos dispositivos. Mas tem o efeito perverso de que também permite o acompanhamento dos movimentos do portador. “E, ainda pior, um dos processadores dos telefones tem uma porta traseira universal. Ou seja, podem enviar mudanças de software à distância, mesmo que no outro processador você use somente programas de software livre. Um dos usos principais é transformá-los em dispositivos de escuta, que não desligam nunca porque os celulares não têm interruptor”, afirma.
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Alguém poderia perguntar: servirá também o smartphone, além de rastrear o que fazemos, para que os governos totalitários digam o que devemos fazer durante o dia, como devemos nos comportar e nos vestir, por exemplo? Aliás, isto já é feito através das modas e dos costumes propalados pelos meios de comunicação. A pergunta correta seria: quem controla tudo isto e como nos livrar dessa influência deletéria.
A resposta a tal pergunta está no magistral ensaio Revolução e Contra-Revolução, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que descreve um processo de descristianização da sociedade ocidental iniciado no final da Idade Média e que perdura até os nossos dias. Sua derrota se dará com o cumprimento da promessa de Nossa Senhora em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.