Sorbonne — golfada de orgulho e sensualidade

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Nas paredes da Sorbonne, com homenagens a Lenin, Trotsky e “Che” Guevara, postadas pelos insurrectos, proclamam: “Abaixo o estado” – “Nem Deus nem senhor!”

Estamos comentando a natureza da reação conservadora que tomou as ruas das principais cidades brasileiras a partir de 2015. Nada mais oportuno do que, transcorrido meio século, lembrar o Maio de 68 e fazer um confronto de mentalidades, dir-se-ia de dois mundos: os anarquistas marcusianos franceses de 68 e o movimento conservador brasileiro que clama “quero meu Brasil de volta”.

Nossa comparação não é forçada. Comentaristas (de esquerda) de vários jornais têm procurado enaltecer o Maio de 68 como tendo sido uma lufada de ar novo na atmosfera confinada da burguesia francesa daqueles anos. Lufada de ar novo?:“Abaixo o Estado. Nem Deus nem senhor!”. A Sorbonne de 68 foi uma golfada de orgulho e sensualidade.

O Partido Socialista Francês afirma que o socialismo autogestionário é filho da Revolução Francesa de 1789, da revolução de 1848, da Comuna de Paris de 1871 e da explosão ideológica e temperamental da Sorbonne de 1968. Nas fotos, paredes da Sorbonne com homenagens a Lenin, Trotsky e “Che” Guevara, postadas pelos insurrectos, proclamam: “Abaixo o estado” – “Nem Deus nem senhor!”

Um dado novo: declínio do poder persuasivo das esquerdas

Tempo houve em que a doutrinação explícita e categórica foi, para o comunismo internacional, o principal meio de recrutamento de adeptos. Em largos setores da opinião pública e em quase todo o Ocidente, por motivos que seria longo enumerar, as condições se tornaram hoje, em muito ponderável medida, infensas a tal doutrinação. Decresceu visivelmente o poder persuasivo da dialética e da propaganda comunista doutrinária integral e ostensiva. Assim se explica que, em nossos dias, a propaganda comunista procure cada vez mais fazer-se de modo camuflado, suave e lento. Tal camuflagem se faz ora difundindo os princípios marxistas, esparsos e velados, na literatura socialista, ora insinuando na própria cultura que chamaríamos “centrista”, princípios que, à maneira de germens, se multiplicam levando os centristas à inadvertida e gradual aceitação de toda a doutrina comunista.

 À diminuição do poder persuasivo direto do credo vermelho sobre as multidões, que o recurso a esses meios oblíquos, lentos e trabalhosos denota, junta-se um correlato declínio no poder de liderança revolucionária do comunismo.1

Esses comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira se aplicam perfeitamente ao declínio do poder e declínio da força de persuasão das esquerdas em nosso Brasil.

Os setores de esquerda da CNBB — que sempre foram a força do petismo no Brasil — preferiram optar pelo silêncio na última reunião de Bispos, realizada em 2018 em Aparecida.

A Revolução Cultural: fruto de Maio de 68

É ponderável o número de comentaristas que tratam da “onda conservadora” que percorre o Ocidente. Os de esquerda, naturalmente, externam o seu mau humor: “só destruindo as engrenagens será possível ao Brasil avançar nas reformas políticas e sociais…”

Se é verdade que estamos assistindo ao declínio do poder de liderança e persuasão das esquerdas, também é verdade que a Revolução Cultural, filha da Sorbonne, encharcou o Ocidente com o permissivismo moral, a liberação sexual, o aborto, a agenda homossexual, a ideologia de gênero.

A Revolução Cultural modificou os costumes, o trato social, a noção de honra. Alterou a noção de família, tentando impor a união entre pessoas do mesmo sexo com os mesmos direitos conferidos por Deus à união entre um homem e uma mulher. A tradição brasileira alicerçada na bondade e na benquerença entre as classes sociais foi substituída pelas invasões, pelas depredações, pela luta de classes, tão bem caracterizada pela frase, típica da mentalidade PT: “nós contra eles”.

O desafio desta geração

Em 2018 — 50 anos após a revolução de Maio de 68 —, outra geração, totalmente diferente, toma hoje as ruas de nossas principais cidades, organiza-se pelas redes sociais, e tem uma grande missão: de regenerar o Brasil. Temos que regenerar as células da sociedade, o tecido social.

A Sorbonne foi um brado de inconformidade com os restos de Civilização Cristã que ainda perduravam na França de 68.

A geração deste terceiro milênio está se levantando em defesa dos valores morais. Queremos o Brasil brasileiro, a Tradição cristã de nossos maiores, a regeneração da Família, o direito de Propriedade (assegurado por dois Mandamentos da Lei de Deus).

Para concluir, vale lembrar “uma lei histórica segundo a qual o imobilismo não existe nas coisas terrenas”. Em consequência, “quando em um organismo se opera uma fratura ou dilaceração, a zona de soldadura ou recomposição apresenta dispositivos de proteção especiais.2

Nossa meta, portanto, para regenerar o Brasil, é trabalhar a fundo os caracteres, reformar o homem! Não basta voltarmos aos anos anteriores a Maio de 68!

Este princípio é tão importante que pretendemos voltar ao assunto.

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(1) Revolução e Contra-Revolução, Parte III, Cap. II.

(2) Revolução e Contra-Revolução, Parte II, Cap. II.

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