Pascoal Baylão, o santo especialmente devoto da Eucaristia, nasceu na pequena cidade de Torre Hermosa, então no reino de Aragão no domingo de Páscoa. Daí seu nome. Seus pais eram dois humildes camponeses, Martim Baylão e Isabel Jubera, tão pobres que nada puderam dar ao filho senão uma profunda fé religiosa.

Desde cedo o menino mostrou ser um desses predestinados que passam pela Terra como se tivessem já com um pé no céu. Desde pequenino sentia grande atração pela igreja, aonde ia com a mãe. E lá, o que mais o atraía, era o sacrário. Por um desses instintos sobrenaturais nativos, parecia que o menino compreendia já o grande mistério da Presença Real no Santíssimo Sacramento. Apesar da tenra idade, não se cansava de estar diante de Nosso Senhor Jesus Cristo sacramentado,  esquecendo frequentemente até das refeições, que não tomaria caso a mãe não o fosse buscar.

A pobreza da família obrigou Pascoal a trabalhar desde os sete anos. Dessa idade até os 24 anos ele foi pastor. Mas um pastor sui-generis: cuidava das cabras e ovelhas, mas seu espírito permanecia sempre elevado em Deus, seus anjos e seus santos. Ele praticava assim, em grau sublime, o exercício da presença de Deus.

Naqueles bons tempos de fé costumava-se, nas igrejas, tocar o sino indicando que estava ocorrendo na Missa no momento da Consagração, o sublime milagre da transubstanciação, convidando todos os fiéis a se unirem para adorar o Deus-Hóstia que descia sobre o altar. Ouvindo esse sino no campo, Pascoal costumava prosternar-se. Numa das vezes, viu dois anjos segurando no ar um cibório com a Hóstia consagrada. Isso marcou-o profundamente, fazendo aumentar nele o amor ao divino mistério da Eucaristia.

Para aprender os rudimentos da leitura, levava consigo ao campo um livro, e pedia a todos que passavam que o ensinassem a ler o que estava escrito. Conta-se que até os anjos desciam para ensiná-lo.

Aos 18 anos Pascoal resolveu fazer-se religioso para entregar-se todo a Deus. Buscava um lugar onde se observassem as regras com toda exatidão e fervor. Ouviu dizer que, no reino de Valência, perto da cidadezinha de Monforte, havia um convento de franciscanos que seguiam escrupulosamente a reforma de São Pedro de Alcântara, e resolveu ir pedir nele sua admissão.

Chegando a esse convento de Nossa Senhora de Loreto, admirou muito a paz e serenidade que nele imperavam. Entretanto, por timidez ou humildade, julgou que deveria preparar-se melhor para pedir sua admissão.

Empregou-se então como pastor na região, contentando-se em frequentar o convento aos domingos e dias de festa. Aos poucos sua virtude foi sendo conhecida em toda a área, o que levou os frades a aceitarem-no quatro anos depois, em 1564, quando pediu sua admissão.

Os frades queriam que Pascoal fosse religioso de coro, ordenando-se sacerdote. Mas, por humildade, ele quis permanecer irmão leigo, para ser empregado nos ofícios mais baixos do convento. Assim foi porteiro, jardineiro, copeiro, esmoleiro. Cumpria todas essas ocupações com tanta exatidão, que edificava a todos, sendo suas austeridades muito maiores dos que as prescritas pela regra. Em qualquer função que estivesse, elevava seu pensamento a Deus, meditando em seu amor e suas grandezas.

Apesar de quase não ter estudo, Pascoal tinha extraordinário conhecimento das coisas divinas, e era consultado pelos frades, inclusive pelos mais eruditos. Ele nunca dava uma resposta sem antes haver consultado a Deus pela oração.

Esse ramo reformado dos franciscanos tinha então por Superior Geral Frei Cristóvão de Cheffon, francês, residente em Paris. Havendo extrema necessidade de se comunicar com ele, e sendo isso quase impossível na época devido às guerras de religião que dividiam a França, o provincial de Valência escolheu para a difícil missão o Irmão Pascoal, como o homem mais indicado para a tarefa.

Os perigos não foram poucos. Várias vezes, passando por cidades infectadas pelos protestantes, Pascoal foi perseguido com paus e pedras. Recebeu mesmo um ferimento na espádua esquerda, do qual sofreu até o fim da vida. Perto de Orleans foi cercado pelos calvinistas, que começaram a discutir com ele sobre a presença real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Embora ele não soubesse outra língua que a espanhola, e embora não tivesse estudado teologia, refutou com tanto acerto às proposições heréticas de seus adversários, que eles não puderam replicar senão com paus e pedras.

Enfim chegou a Paris, onde cumpriu sua missão, voltando para a Espanha em meio aos mesmos perigos que enfrentara na ida.

São Pascoal morreu em Vila Real, aos 52 anos de idade, no dia 17 de maio de 1592. Seu corpo permaneceu incorrupto durante séculos.

Dele diz o Martirológio Romano neste dia: “Em Vila Real, na Espanha, São Pascoal, da Ordem dos Menores, confessor, varão de admirável inocência e penitência, que o papa Leão XIII declarou celeste padroeiro dos Congressos Eucarísticos e das Associações do Santíssimo Sacramento”.

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