São Luiz Grignion de Montfort, 1673, França, já previra que seu Tratado sobre Nossa Senhora frutificaria bem mais tarde.

Quase 150 anos após seu nascimento, “o famoso convertido inglês e abalizado teólogo do século XIX, Pe. Frederico William Faber (1814-1863), no prefácio da edição inglesa do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, traduzido por ele, afirma: “Poucos homens, no século XVIII, trazem em si mais fortemente gravados os sinais do homem da Providência do que esse novo Elias, missionário do Espírito Santo e de Maria Santíssima.” https://ipco.org.br/28-04-sao-luis-maria-grignion-de-montfort-confessor-3/

A devoção pregada por São Luiz renovará a face da Terra

Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição

Ainda no século XIX o grande e imortal pontífice, Papa Pio X, proclama o dogma da Imaculada Conceição. Novo triunfo de Maria Santíssima, nova glória para Grignion de Montfort.

A esta criatura dileta entre todas, superior a tudo quanto foi criado, e inferior somente à Humanidade Santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus conferiu um privilégio incomparável, que é a Imaculada Conceição.

No centenário da proclamação do dogma, comenta o Prof. Plinio, em 1954: “Em virtude do pecado original, a inteligência humana se tornou sujeita a errar, a vontade ficou exposta a desfalecimentos, a sensibilidade ficou presa das paixões desregradas, o corpo por assim dizer foi posto em revolta contra a alma.

“Ora, pelo privilégio de sua Conceição Imaculada, Nossa Senhora foi preservada da mancha do pecado original desde o primeiro instante de seu ser. E, assim, nela tudo era harmonia profunda, perfeita, imperturbável. O intelecto jamais exposto a erro, dotado de um entendimento, uma clareza, uma agilidade inexprimível, iluminado pelas graças mais altas, tinha um conhecimento admirável das coisas do Céu e da terra. A vontade, dócil em tudo ao intelecto, estava inteiramente voltada para o bem, e governava plenamente a sensibilidade, que jamais sentia em si, nem pedia à vontade algo que não fosse plenamente justo e conforme à razão. – Imagine-se uma vontade naturalmente tão perfeita, uma sensibilidade naturalmente tão irrepreensível, esta e aquela enriquecidas e super-enriquecidas de graças inefáveis, perfeitissimamente correspondidas a todo o momento, e se pode ter uma idéia do que era a Santíssima Virgem. Ou antes se pode compreender por que motivo nem sequer se é capaz de formar uma idéia do que a Santíssima Virgem era.’

Mais uma glória de Maria Santíssima, mais uma prova do acerto do grande santo marial: São Luiz Grignion de Montfort.

O Movimento Católico no Brasil: devoção mariana

O século XX presenciou no Brasil e em outros paises um renascimento da devoção mariana. Esse seria, a nosso ver, o segundo triunfo de São Luiz Maria Grignion de Montfort: a pujança das Congregações Marianas.

Comenta o Prof. Plinio na Folha de São Paulo: “Naqueles anos havia uma grande e luminosa realidade que se chamava o “movimento católico“. Nessa designação genérica se compreendia o conjunto formado, de norte a sul do país, pelas associações religiosas. É claro que neste, como em todos os vastos conjuntos, havia certa heterogeneidade. Assim, a par de entidades inertes, esclerosadas pelo tempo ou abortadas por fatores vários, havia outras de uma vitalidade incontestável, e algumas até de uma pujança extraordinária. Entre estas últimas, refulgiam as Congregações Marianas. O movimento mariano, que começara a se expandir no período de 1925 a 1930, chegava então ao seu apogeu. Prestara ele à Igreja o incomparável serviço de – num país como o nosso, em que a religião só era praticada pelo sexo feminino e por uma minoria de homens de idade madura – atrair para a vida de piedade e para o apostolado legiões inteiras de jovens de todas as classes sociais.

“Todo este mundo de associações novas e antigas – pois pela quantidade se tratava de um mundo – caminhava para a frente unido filialmente a um clero no qual eram numerosas as personalidades de valor e prestígio, e a um episcopado coeso e profundamente venerado.

“A força do movimento católico se provara em mil conjunturas. Assim, em 1933, o mais jovem dos candidatos à Constituinte Federal foi ao mesmo tempo o mais votado do país. Tinha 24 anos, e obteve 24 mil votos (o necessário para se eleger era 12 mil). Tal votação, deveu-a ele exclusivamente ao apoio das entidades católicas de São Paulo. O teste surpreendeu e impressionou tanto, que a partir desse momento a Liga Eleitoral Católica passou a ser reputada uma das maiores potências do País. Hoje, transcorridos mais de 35 anos, é com alegria e gratidão para com Nossa Senhora que o eleito de 1933 lembra estes fatos para os leitores da “Folha de S. Paulo”. https://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP%2069-02-15%20Kamikaze.htm

A reação católico-conservadora do século XXI

Passemos, então, ao terceiro triunfo de São Luiz Maria Grignion de Montfort: a reação conservadora-católica antipetista está profundamente marcada pela devoção a Nossa Senhora segundo o Tratado de nosso grande Grignion de Montfort. Grupos, por todo o Brasil, leem o Tratado, se persuadem das teses Montfortianas e se consagram à Virgem Santíssimo como escravos de amor.

Essa, seria, a nosso ver, a nota tônica do rejuvenescimento mariano entre os jovens. Sejam eles convertidos do protestantismo à Santa Igreja, sejam católicos indiferentes que recebem uma graça Montfortiana e se tornam escravos de amor da Santíssima Virgem.

In hoc signo vincis! disse uma voz ao imperador Constantino. Nesta Devoção Marial vencerás! Vencerá o Brasil, vencerá a Santa Igreja, e com Ela o Ocidente se se abrir ao ensinamento de São Luiz Grignion.

É o que mais almejamos e pedimos à Santíssima Virgem seguindo as palavras de fogo de Montfort: “Vossa divina Fé é transgredida; vosso Evangelho desprezado; abandonada vossa Religião; torrentes de iniqüidade inundam toda a terra, e arrastam até os vossos servos; a terra toda está desolada: Desolatione desolata est omnis terra; a impiedade está sobre um trono; vosso santuário é profanado, e a abominação entrou até no lugar santo. E assim deixareis tudo ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma e Gomorra? Calar-Vos-eis sempre?” https://www.pliniocorreadeoliveira.info/1955_055_CAT_O_Reino_de_Maria.htm

Que venha logo o dilúvio de fogo do puro amor que transformará a Terra!

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Que venha o Reino do Imaculado Coração de Maria previsto por Nossa Senhora em Fátima!

Reproduzimos os comentários do Prof. Plinio, a um grupo de jovens, que desejava saber como a Igreja comemora a Semana Santa.

O texto datilografado, sem revisão do autor, é de 1989.

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Como estar unido a Nosso Senhor e à Nossa Senhora na Semana Santa?

“Nosso Senhor Jesus Cristo é a Cabeça do Corpo Místico da Igreja.  Isso quer dizer em concreto o seguinte.   A Igreja constitui uma sociedade.  Essa sociedade é uma sociedade hierárquica que Ele fundou, São Pedro é o chefe, os bispos são os príncipes locais da Igreja, enquanto o Papa é o monarca da Igreja Católica, manda nos príncipes, manda nos seus súditos diretos.  É até um ponto muito importante da Doutrina Católica.

Ele fundou a Igreja assim, e é um ponto muito importante da Doutrina Católica para saber, é o seguinte.  O Papa tem uma autoridade completa sobre todos os bispos, e também sobre cada fiel, direta!  Não é assim: o Papa manda nos bispos, e por meios dos bispos nos fiéis.  Não, não é verdade.  A autoridade do Papa é direta sobre todos os fiéis.  Se fosse indireta, o Papa dando uma ordem, o bispo não querendo, ele recusava e os fiéis não ficavam obrigados a seguir a ordem do Papa.

Isso não é verdade.  O Papa dando uma ordem, o bispo deve executar.  Se ele não executar, do mesmo modo, o fiel sabendo que ele mandou aquilo, deve fazer.  A autoridade do Papa é, portanto, direta sobre os bispos, e direta sobre cada fiel, sobre cada um de nós.  Essa é a estrutura jurídica da Igreja.  Mas além da estrutura jurídica da Igreja, constituindo um todo com ela, existe o Corpo Místico da Igreja. 

* O Corpo Místico da Igreja

O que é o Corpo Místico da Igreja?  É o seguinte.  Nosso Senhor Jesus Cristo na cruz morreu, e o sacrifício que Ele ofereceu da vida d’Ele foi um tesouro de graças infinito, que não se pode calcular.  E que se destina a todos os fiéis.  E em todos os tempos, em todos os lugares, até o fim do mundo.  Essas graças são, portanto, para salvar todos os fiéis.  Mais ainda:  para atrair à Igreja aqueles que não pertencem ao grêmio dela – portanto, heréticos, cismáticos, judeus, maometanos e tudo o mais que há por aí, ateus – atraí-los para a Igreja em virtude das graças que Nosso Senhor Jesus Cristo mereceu no alto da cruz.

* As lágrimas de Maria e os sofrimentos individuais dos  homens no tesouro da Igreja para a salvação das almas

Ele foi o Redentor.  A co-Redentora é Nossa Senhora.  Pelas lágrimas d’Ela, Ela concorreu para redimir o gênero humano.  Então, é o sangue de Cristo, fundamentalmente.  E porque Ele quis dar a Ela essa função nobilíssima, Ele quis que as lágrimas dEla também fossem tomadas em consideração pelo Padre Eterno para remir o gênero humano, e como tesouro para o gênero humano.

Mas Ele quis também que os nossos sofrimentos individuais, bem sofridos por amor a Ele, esses sofrimentos também fizessem parte desse tesouro da Igreja.  Então, é por isso que nós vemos que os santos sofreram tanto.  É porque eles com o sofrimento deles também representavam algo, e representam algo para o tesouro da Igreja.

Isso se simboliza de modo muito bonito na missa.  Os Srs. já viram, quando chega na hora da consagração, um pouco antes da consagração o Padre recebe uma gota de água dentro do vinho que vai ser consagrado.  Aquela água não pode ser consagrada, porque Nosso Senhor Jesus Cristo estabeleceu que a consagração é só com o pão e vinho.  Se quiser consagrar a água não sai a consagração.  Mas aquela  água misturada com o vinho forma um só líquido com o vinho.  E na hora da consagração ela é consagrada também.  De maneira que aquela gota d’água incapaz de ser transubstanciada no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela é entretanto transubstanciada enquanto misturada naquele vinho.  É o símbolo do sacrifício dos fiéis.

Nosso sacrifício não vale nada.  Mas unido ao de Cristo Nosso Senhor e às lágrimas de Maria, também ele vale alguma coisa.  E é um lindo símbolo para nos animar a sofrer nas nossas lutas, perseguições, trabalhos, incompreensões e dificuldades, etc., sofremos e vamos para frente.  Aumenta a gota d’água, simbolicamente, quer dizer, aumenta a contribuição que Nosso Senhor Jesus Cristo quis que fosse indispensável também para a salvação dos homens.  Quer dizer, pelo critério, pelo gosto d’Ele – Ele podia dispensar isso – mas Ele quis dar-nos essa glória de nos associar a esse tesouro.

* Não há melhor coisa que alguém possa fazer  pela Igreja do que sofrer por ela

Então, quando algum dos Srs. estiver sofrendo, lembre-se  disso:  O sofrimento dos Srs. é a gota d’água, mas essa gota d’água certamente vai ser misturada aos sofrimentos indizíveis d’Ele, infinitos dEle, e os sofrimentos preciosíssimos de Nossa Senhora;  E vai servir para redimir todo o gênero humano.

E por isso eu costumo dizer que não sei que alguém possa fazer melhor coisa pela Igreja do que sofrer por ela.  Porque quase ninguém quer sofrer.  Eu falo debaixo desse ponto de vista, quase ninguém quer sofrer.  Existem alguns que rezam e alguns que trabalham;  sofrer todo mundo tem medo.

Então, se Nossa Senhora nos manda um sofrimento, nós devemos aceitar com contentamento.  Vamos ser mais úteis à Igreja do que se fizéssemos um lindo discurso, montássemos uma grande asso­ciação ou qualquer outra coisa:  nós estamos sofrendo.

***

O conjunto desse tesouro é o tesouro que tem um conjunto de almas, portanto, que sofrem;  Nosso Senhor Jesus Cristo com o santo sacrifício da Missa renova sempre a sua Paixão de modo incruento, não derrama mais sangue, mas renova a sua Paixão, e nós, em última análise, bem embaixo, nós também aumentamos isso.  Forma uma espécie de Banco do Sobrenatural.

Mas Nosso Senhor Jesus Cristo é tanto mais do que todo mundo, que Ele se chama a Cabeça desse tesouro, e os outros são o corpo desse tesouro.  Esse é Nosso Senhor, isso é o Corpo Místico de Cristo.

* A arqui generosidade do Homem-Deus, sofrendo sua Paixão para a salvação dos homens

Agora, Nosso Senhor, Ele é Homem-Deus.  Enquanto Deus, para  Ele não há presente, nem passado nem futuro, tudo é simultâneo.  Presente, passado e futuro são próprios para nós que estamos metidos na matéria, temos um corpo material, a matéria tem presente, passado e futuro.  Mas para as coisas do espírito não tem.  E  Ele viu tudo quanto haveria de pecado até o fim do mundo.  E Ele sofreu com esses pecados.  Ele conheceu cada homem, conheceu cada alma.  E durante a Paixão dEle, Ele rezou por cada homem que haveria de haver e cada alma até o fim do mundo.  Inclu­sive pelas almas que recusaram a graça, e que depois foram para o inferno.  Ele rezou.

É uma coisa de uma generosidade, de uma abundância, uma coisa extraordinária, maravilhosa, naturalmente.  Uma coisa maravilhosa.

* As cerimônias da Semana Santa

Agora, acontece o seguinte.  Durante a Semana Santa nós revivemos com Ele a Paixão d’Ele.  Quer dizer, a Semana Santa celebra a Paixão d’Ele.  Então, Quarta-feira Santa começa propriamente a parte mais densa da Semana Santa.  Rezava-se na Igreja, não sei se ainda rezam, o Ofício de Trevas, que é o Ofício que canta as trevas que vão enchendo o mundo, porque Nosso Senhor está sendo perseguido.

Depois, Quinta-feira tem a Missa que se reza, que celebra a instituição da Sagrada Eucaristia.  E depois o padre conduz o Santíssimo Sacramento até uma caixa bonita de madeira, dourada, etc., que é chamada “o sepulcro” [Monumento].  Porque assim como Ele depois da Ceia sofreu a Paixão e depois morreu, então depois da Missa que celebra a Ceia, as igrejas não tocam mais os sinos, faz-se a cerimônia tocante da desnudação dos altares:  o padre vai de altar por altar, tira as flores, tira os vasos, apaga as velas, os altares ficam nus, como se o culto tivesse cessado, porque Nosso Senhor está “morto” naquela caixa.  E todos os sinais de alegria da Igreja cessam.  Nosso Senhor está morto.

Na Sexta-feira Santa se celebrava a morte d’Ele.  (…).  Adorava-se o sepulcro.  Era o dia em que se osculava a cruz.  Os padres colocavam junto ao altar, mas na parte onde estão os fiéis – junto ao presbi­tério, portanto – colocavam uma cruz enorme, e os fiéis com uma música cantando coisas de dor, iam um por um oscular as chagas das mãos e dos pés dEle, os que queriam osculavam também a chaga do santo lado, aqui, onde a lança de Longinus entrou.  E se retiravam.

Quando chegava o bispo, tudo parava.  O bispo descia, com um revestimento todo roxo, com uma capa roxa, descalço em sinal de penitência, e percorria a igreja inteira descalço, com meias, naturalmente.  Chegava até o crucifixo, osculava também.  Depois saía pelo fundo da igreja.  E ficava tudo quieto, parado, etc.

No Sábado de Aleluia, era o Sábado que comemorava…  já começa a Igreja com as alegrias da Ressurreição.  E ao meio dia começava a bimbalhar, Cristo tinha ressuscitado.

E havia aqui no Brasil, não sei se nos países dos Srs. é a mesma coisa, havia um costume muito bonito.  Os moleques produ­ziam uns bonecos grotescos que eles chamavam de “Judas”.  E nessa hora era a hora de malhar o Judas.  Eles espancavam o Judas, etc., e todos os sinos das igrejas tocavam, tocavam, era a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo!

No domingo a Igreja estava toda florida e vitoriosa:  Cristo tinha ressuscitado, celebrava-se a Missa!

* Como viver cada dia da Semana Santa

A gente deve viver cada um desses dias.  No dia de trevas, a gente deve amar a Igreja enquanto sofrendo hoje em dia, deve-se aplicar para nossos dias, as trevas que vão enchendo o mundo.  A escuridão do pecado, da desordem, a abominação que vai enchendo o mundo em todos os sentidos: é trevas.

Depois, na Quinta-feira Santa nós devemos comemorar a resistência de Nosso Senhor diante de todas essas trevas.  Ele institui a Sagrada Eucaristia para estar conosco em todas as ocasiões.  Então, devemos comungar com especial devoção, mas devemos começar a prantear a morte d’Ele.  Mas prantear como pecadores, que sabemos que nós O ofendemos no passado, e que nós choramos os nossos pecados a vida inteira.  São Pedro, por exemplo, chorou a negação dele a vida inteira.  Conta a tradição que quando ele morreu – ele foi como os Srs. sabem crucificado de cabeça para baixo pelos romanos – ele tinha chorado a vida inteira tanto de ter negado Nosso Senhor, que ele tinha dois sulcos no rosto, que eram das lágrimas que corriam…

* Devemos ter a tristeza do varão: a indignação

Também nós devemos ter na nossa alma dois sulcos:  a triste­za dos pecados que cometemos, a tristeza dos pecados que os outros cometem.  Mas não é uma tristeza de velha chorona, não:  É uma tristeza de varão!  Quer dizer, a indignação contra nossos pecados.  Não me adianta eu me indignar com o pecado dos outros e não me indignar com o meu!  Primeiro é com o meu, quem pecou fui eu!  E eu fui o autor do meu pecado!  “Quia peccávi nimis cogitatióne, verbo et ópere“, está dito no Confiteor.  Quer dizer, porque eu pequei muitíssimo pelos pensamentos, pelas palavras e pelas ações;  por minha culpa, por minha culpa, por minha máxima culpa!  Portanto, peço e rogo à Bem-aventurada Virgem Maria, etc., vem o Confiteor todo.

Deve nos encher essa idéia dos nossos pecados e dos pecados dos outros.

No sábado, nós devemos malhar Judas!  Devemos oferecer a Nossa Senhora todos os nossos trabalhos para apresentar a Ele, todos os nossos trabalhos para malhar a Revolução gnóstica e igualitária!  No domingo, é a esperança do Reino de Maria!

*  *  *  *  *

Nossa Senhora prevê 3 grandes castigos virão sobre o Brasil.
As aparições de Cimbres foram estudadas com seriedade por várias personalidades dignas de crédito. Nossa Senhora afirma que o Brasil cairá no comunismo, e que correrá muito sangue em nossa Pátria. Vejamos como será isso, e como nos preparar.

Inscreva as suas intenções para a Santa Missa desta sexta-feira através do link: https://santosanjos.ipco.org.br

CANAL DOS SANTOS ANJOS
Conheça o Mundo dos Anjos e como eles podem nos livrar da influência do Demônio. É só conhecendo o mundo dos Anjos, e sabendo como pedir e atrair sua ação, é que podemos nos livrar da constante influência do demônio na vida moderna.

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REPRESENTAÇÃO DA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA A ALPHONSE RATISBONNE

No dia 20 de janeiro de 1842, há exatamente 180 anos, o judeu Alphonse Ratisbonne se converteu milagrosamente ao catolicismo, por intervenção direta de Nossa Senhora

De família muito rica de banqueiros de Estrasburgo (Alemanha), o jovem judeu Alphonse Tobias Ratisbonne (1814-1884) percorria vários países. Após uma viagem ao Oriente, em 1842 passou uma temporada em Roma, onde se encontrou com um antigo colega, Gustavo de Bussières, de religião protestante. Na residência deste, conheceu seu irmão, o Barão Teodoro de Bussières, que havia se convertido ao catolicismo.

Naqueles dias falecera em Roma um grande amigo do Barão, o Conde de La Ferronays (1777-1842), ex-embaixador da França junto à Santa Sé.

Assim, Bussières convidou Ratisbonne para acompanhá-lo à igreja de Sant’Andrea delle Fratte a fim de tratar de uma cerimônia fúnebre pelo falecido. Concordou de mau grado, pois o judeu detestava a religião católica, mas como turista iria para apreciar as obras de arte daquela igreja romana.

Após tratar do assunto da cerimônia, o Barão de Bussières voltou para o centro da igreja e se deparou com uma grande surpresa: Ratisbonne ajoelhado em frente ao altar lateral de São Miguel Arcanjo! O judeu rezando fervorosamente, extasiado, maravilhado.

Banhado em lágrimas, disse ao amigo que tinha visto Nossa Senhora numa aparição sobre o altar. Pela descrição que fez, tratava-se de Nossa Senhora das Graças, como aparece na Medalha Milagrosa [foto ao lado].

Ratisbonne achava-se completamente mudado, estava convertido, e queria mudar de vida. Ele se fez batizar. Alguns até consideram que ele tenha morrido em odor de santidade.

Naquele altar da aparição foi introduzido um quadro que representa Nossa Senhora segundo as descrições de Ratisbonne. Ela é chamada de Madonna del Miracolo (Nossa Senhora do Milagre).

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 20 de janeiro de 1973. Esta transcrição não passou pela revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Nº 853, Janeiro/2022.

Escravo de Maria eu termino este Ano, escravo de Maria começo o Novo Ano!

Rezemos, na Passagem de Ano: Salve Regina e Consagração a Nossa Senhora

Com áudio e texto: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_891229_final_de_ano.htm#.Yc7qQGjMKMo

Na Passagem do Ano rezemos a Salve Maria, rezemos a Consagração a Nossa Senhora, segundo a fórmula de São Luiz Grignion de Montfort, comenta o Prof. Plinio para os jovens da TFP:

“Eu já contei aqui qual foi a primeira passagem do ano em que eu rezei… Eu acho que sim. Os senhores às vezes me fazem repetir um pouco as histórias, mas enfim… Em fim de ano, vamos lá. Os senhores sabem onde é o Trianon na Av. Paulista, não é? Onde tem o Museu de Arte Moderna etc. Ali tem um terraço e depois, sobre estacas, um prédio medonho, o museu de arte moderna, ou de arte, simplesmente não sei bem.

Como era o Trianon, São Paulo

E ali embaixo, como o terreno é em declive, há janelas, etc., para fora, e aquilo deve estar sendo aproveitado para outras coisas. Antigamente toda esta parte de baixo era tomada por uma imensa sala de festas. E a primeira vez que eu rezei na passagem do ano, eu tinha mais ou menos uns 14, 15 anos, e a alta sociedade de São Paulo comparecia a um baile de fim de ano que havia lá. Mas aquilo era um tempo, meu tempo de moço, de muito mais esplendor do que o tempo de hoje.

São Paulo era uma cidade muito menor, mas havia muito mais pessoas ricas, e essas pessoas eram todas do mesmo  ambiente, se conheciam umas às outras, e com muita distinção, muita tradição ainda nobiliárquica do tempo do império, e do mundo geral não era só isto, o mundo todo era mais educado naquele tempo.

E houve este baile [em ambiente totalmente diferente dos modernos] no Trianon, e meus primos, minha irmã foram, e eu era dos mais moços, mas fui convidado a ir também, e pela primeira vez pus um smoking numa festa, e fui de smoking ao baile. Quando eu cheguei ao baile, o salão estava magnificamente adornado, todo cheio de mesinhas, e no centro uma pista de dança, as mesinhas formavam uma espécie de meia-lua em torno da pista de dança, e as famílias, à medida que chegavam iam sentando.

Eu com a minha família também me sentei, e começaram a servir. A orquestra [começa] a tocar, começaram a servir, e os senhores sabem que eu nunca fui insensível a isto, uma galantine estupenda! Que absolutamente não me deixou indiferente, e que completou harmoniosamente as impressões agradáveis da sala e do ambiente. Mas, de outro lado, enquanto eu via a atração daquilo tudo, eu percebia também quanto aquilo tudo atraía para o oposto. Quanto tinha de mundano, de superficial, de gozo da vida, sem ideal nem nada, e me sentia atraído, mas ao mesmo tempo me sentia puxado para onde eu não queria. E diante disso, muito perplexo. Quando eu vejo de repente – as coisas passam quase simultaneamente, entoam o Hino Nacional, e todas as pessoas se levantam: as senhoras, homens, todos se levantam e tocam o Hino Nacional.

Ano Novo expulsa o Ano Velho; deprezo pela sabedoria

E entra um velho, naturalmente gente paga, um velho, um homem que fazia o papel de velho, apoiado sobre uma bengala, andando com dificuldade etc., e todo esfarrapado. E um moço, também era um moço pago para isto, vestido com um smoking rapado, mas que enfim pretendia ser um bonito smoking, que entra dando pontapés no velho, e expulsa o velho do outro lado. Era o ano novo que entrava expulsando o ano velho. E enquanto isto o hino nacional tocava.

Imagem de Nossa Senhora de Fátima, Sede do IPCO, Belo Horizonte

E eu pensava: que mentalidade é a desse ambiente. Este ano que agora acaba foi o moço do ano passado. E expulsou o ano anterior aos pontapés. Daqui há um ano vamos ter horror deste moço, porque a vida causa horror, o sofrimento que ela dá. Essa gente não olha isto. E com o pavor de me deixar levar.

Os outros entoavam o hino nacional, eu estava respeitosamente de pé, associando-me a este ato. Mas, meu coração foi mais alto do que o Brasil e eu rezei a Nossa Senhora.

Por que a Nossa Senhora? Os senhores já sabem.

Que oração, os senhores já sabem também: Salve Regina!

E nesse lugar eu formei a resolução de nunca deixar passar um ano sem recitar a Salve Regina. Entretanto, não posso dizer que tenha cumprido esta resolução, porque apareceu coisa melhor. Quando eu tinha 22 anos, mais ou menos, eu li o Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora de São Luís Maria Grignion de Montfort. E eu compreendi que era muito bonito a gente rezar a consagração na passagem do ano. Como quem diz: escravo de Nossa Senhora eu termino, escravo de Nossa Senhora eu começo!

Não abandonei a Salve Reginarezo-a antes, e logo depois vem a consagração!

https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_891229_final_de_ano.htm#.Yc7qQGjMKMo

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Sigamos o conselho do Prof. Plinio, jovem de 15 anos: rezemos a Salve Regina e a Consagração a Nossa Senhora. Assim, entraremos em 2022 prontos para as batalhas em defesa do Brasil, da Santa Igreja e da Civilização Cristã.

Desejaria um dia estudar um capítulo especial da História da humanidade: a história dos olhares! Dos olhares magníficos, dos olhares esplendorosos, dos olhares suaves, dos olhares doces, dos olhares tristes, dos olhares de esperança, dos olhares de perplexidades! Dos olhares de indagação, de ordenação, de planejamento, de imprecação, de castigo!

Ou o olhar bondoso e jubiloso de Nossa Senhora ao pousar sobre seus devotos, ou ainda o olhar tão poderoso de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Para se ter uma ideia do que pode produzir em nós o olhar de Nosso Senhor, pensemos no olhar mais famoso da História: aquele olhar que Ele deitou em São Pedro e que o mudou de um momento para outro.

Pense na dureza de São Pedro… Antes da negação, ele tinha proclamado que Nosso Senhor era Deus! Dirigindo-se ao Apóstolo, Nosso Senhor afirmou: “E eu digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Podemos imaginar como Nosso Senhor olhou São Pedro nessa hora. O Apóstolo ficou enlevadíssimo!

Entretanto, depois ele manifestou uma dureza tal que chegou a negar Nosso Senhor. Foi quando o galo cantou que ele caiu em si… Jesus passou por ele e o olhou… E São Pedro começou a chorar. Arrependeu-se tão profundamente que chorou até o fim de sua vida, de tristeza pelo seu pecado.

Se o olhar de Nosso Senhor pode exprimir tanta tristeza que mude a vida de um homem, e que transforme um tíbio numa tocha de admiração, podemos imaginar de quanto gáudio o olhar de Deus pode encher um homem! Este poderia exclamar: “Meu Deus, o que são os vitrais das catedrais? O que são as estrelas do firmamento? O que são os reflexos do céu sobre as águas do oceano, em comparação, simplesmente, com um minuto em que eu pudesse fitar o vosso olhar?! Meu Deus, um só olhar para mim e minha alma estará salva!”.

Outro exemplo do olhar divino: ver Jesus olhar Nossa Senhora, e vê-Los se fitarem um no olhar do outro. Que cena! Na eternidade poderemos ver o prolongamento dos colóquios que em Belém havia entre o Menino Jesus e Sua Mãe Santíssima. Essas são as alegrias do Céu! Elas nos lembram as palavras de Nosso Senhor, que têm uma harmonia e uma beleza incomparáveis: “Serei Eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande” (Gen. 15, I).

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 10 de setembro de 1983. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

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“Por Vós, ó Maria, se encheu o Céu e se despovoou o Inferno.”

(São Bernardo de Claraval)

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 “Maria é a obra-prima de Deus, que nela esgotou sua sabedoria, seu poder e sua riqueza.”

(São Boaventura)

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“Descansa o teu ouvido no coração materno de Maria e escuta as suas sugestões, e assim sentirás nascer em ti os melhores desejos de perfeição.”

(São Maximiliano Kolbe)

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“Ainda não se louvou, exaltou, honrou, amou e serviu suficientemente a Maria Santíssima, pois muito mais louvor, respeito, amor e serviço Ela merece.”

(São Luís Grignion de Montfort)

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“Maria sabe ordenar bem o seu poder, a sua misericórdia e os seus rogos para a confusão dos inimigos e benefícios dos seus servos, que nas tentações invocam o seu poderosíssimo nome.”

(Santo Afonso Maria de Ligório)

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“Ó Maria, se eu fosse a Rainha do Céu e Vós fôsseis Teresa, eu desejaria ser Teresa para que Vós fôsseis a Rainha do Céu.”

(Santa Teresinha)

Em continuação da matéria postada ontem, seguem alguns relatos de curas comprovadas e reconhecidas como inexplicáveis pela medicina, extraídos do livro “Florilégio Ilustrado da Fátima”, do sacerdote jesuíta Pe. José de Oliveira Dias. Mantivemos da grafia portuguesa original alguns detalhes com ‘sabor’ especial.

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Cura do alcoolismo e cura espiritual

Em Câmara de Lobos, ilha da Madeira, existia um alcoólico inveterado, escravo do terrível vício da aguardente, que depressa lhe arruinou o organismo. Na sua última doença, apesar de todas as proibições médicas, não podia conter-se que não se propinasse o mortífero veneno.

Uma vizinha sugeriu à sua amargurada esposa que, sem ele dar por isso, lhe misturasse na poncha algumas gotas de água da Fátima. Assim o fez a mulher. Da primeira vez ainda a tomou, mas a segunda, quando ela lha trazia, manda o doente que lhe desapareça com a bebida para longe da vista, pedindo-lhe e recomendando-lhe que nunca mais lha tornasse a apresentar, ainda que ele teimasse em pedi-la. Dias depois, era o filho quem lhe levava para casa uma garrafa da malfadada aguardente. Logo que o enfermo a viu sobre a mesa, mandou arrojá-la pela janela fora.

Mas a intervenção de Nossa Senhora foi ainda mais além. O infeliz, havia dez anos pelo menos, não frequentava a Igreja, parecendo decidido a morrer impenitente; pois, a quem quer que lhe falasse de sacramentos, só respondia com evasivas. Mas logo que bebeu a poncha com água da Fátima, mandou chamar o pároco, e por várias vezes se confessou e comungou, até que morreu na paz do Senhor (Voz de Fátima, nº 28).1

Anestesiante celestial

Na praia de Ancora (Minho) encontrava-se Alexandrina Cutelo gravemente enferma de reumatismo gotoso num pé. Retida no leito durante dois meses, era indescritível a atrocidade das dores que teve de suportar, a ponto de um dia chamar o médico assistente, Dr. Jaime de Magalhães, para lhe pedir, no meio do seu desespero, remédio que a aliviasse, custasse ele o que custasse.

“Não há mais remédio que lhe possa dar, o reumatismo é gotoso, tem muito que sofrer” — foi a resposta do médico.

Lembrou-se finalmente de Na. Sra. da Fátima, e a Ela recorreu cheia de confiança. Lavou o pé, que estava muito inchado, com água do local das aparições. E qual não foi o seu espanto e o seu agradecimento, ao ver-se no dia seguinte completamente curada, sem nunca mais sentir uma dor! O pé, que estava muito inchado, ficou imediatamente como o outro que estava são. Cura admirável, sobretudo pelo seu carácter instantâneo! (Voz de Fátima, nº 45).2

Curado, convertido e feito apóstolo

João Ramos, de 58 anos, residente em Lisboa na Rua Castelo Branco Saraiva, 70 r/c. D., esteve 5 anos entrevado, consequência da queda de um andaime, sem poder fazer o mais leve movimento. Consultou 16 dos melhores especialistas, sem conseguir sequer minorar os seus padecimentos.

Depois de 40 dias de hospital, recolheu a casa, sem mais esperança de cura. Não tinha fé, vivia na mais completa apatia religiosa, não tendo recebido os sacramentos desde que se casara, trabalhando sempre sem respeitar domingos nem dias santos, como diz há cerca de 30 anos.

O desastre veio reduzi-lo a uma lastimosa imobilidade, a ponto de nem sequer poder levar a mão à testa para fazer o sinal da cruz, e criou nele um estado permanente de revolta contra a doença.

Em julho de 1925, só para comprazer a algumas pessoas, começou a tomar água da Fátima. Depressa desistiu. Em março do ano seguinte, porém, voltou a tomá-la, e logo à primeira colher sentiu que podia mover-se na cama. Dias depois pediu o fato, vestiu-se e conseguiu dar alguns passos. A pouco e pouco, apoiado na bengala, foi-se mexendo cada vez mais.

À medida que melhorava, aumentava a sua gratidão a Nossa Senhora. Começou logo a preparar-se para receber os sacramentos, aprendendo o catecismo e buscando as disposições salutares a que a graça divina o ia estimulando. Foi progressivamente melhorando, e acabou por andar sem auxílio de bengala e com a maior ligeireza. Recebeu os sacramentos na sua freguesia (de Santa Engrácia) com a maior devoção, continuando depois a recebê-los com certa frequência. Comove-se sempre que fala de Nossa Senhora, e entrou na Congregação do Imaculado Coração de Maria (para a conversão dos pecadores), de que é Diretor o bem conhecido Pe. Cruz, que na prática desse dia fez uma comovedora alusão à cura miraculosa do novo associado.

Para tornar conhecida a sua cura, apresentou-se na Voz do Operário, de que fora sócio fundador, para declarar que a sua saúde fora recuperada por intervenção de Na. Sra. da Fátima. Recusaram publicar-lhe a declaração. Convocou então uma assembleia de sócios, que votaram pela publicação; mas o jornal manteve a recusa. Recorreu ao Século, que lhe aceitou, sim, a publicação, mas suprimindo o que podia comprometer os princípios da sua ortodoxia laica.

O empenho do neo-convertido, em que a sua cura fosse de preferência narrada nesses jornais, era para dá-la a conhecer no meio em que eles têm mais fácil entrada. O simpático operário tornou-se verdadeiro apóstolo depois da sua conversão, fazendo quanto pode para desviar as almas do caminho das trevas que ele trilhou, exortando os seus colegas a não trabalharem ao domingo e exercendo com os infelizes toda a sua caridade.3

Curando o incurável — “Os surdos ouvem”

Surdez inveterada era a de João Marques de Carvalho, de Escalos de Baixo, concelho de Castelo Branco, que desde os 17 anos até os 66 fora a sua principal cruz. A intervenção de vários médicos durante a sua atribulada vida não conseguira minorar o mal.

Em 1926 põe-se a caminho da Fátima, para aí, aos pés de Nossa Senhora, pedir com viva fé, no fim da sua vida, o que durante ela a terapêutica humana não pudera dar-lhe. Queria ao menos morrer, com bons ouvidos, quem sem eles tivera de viver. E prometeu logo voltar à Fátima no ano seguinte, se já pudesse levar os ouvidos abertos.

Ao voltar da peregrinação, disse para sua mulher que Nossa Senhora não queria ouvir a sua prece. Ela, porém, que o acompanhara à Fátima, recomendou-lhe que não desanimasse. E começaram ambos uma novena a Nossa Senhora, deitando cada um dos nove dias nos ouvidos algumas gotas da Sua água.

“No fim dos nove dias – escreve ele – ainda me encontrava no mesmo estado; mas no décimo dia senti um estalo no ouvido direito, e no dia seguinte o mesmo aconteceu no esquerdo, e fiquei a ouvir distintamente até agora”.

O atestado médico de 15 de Junho de 1927, devidamente reconhecido, confirma a realidade da doença e da cura (Voz de Fátima, nº 61).4

Curando o incurável — “Os cegos vêem”

Dª. Maria Augusta Dias, de 50 anos, moradora em Alter do Chão, começou em junho de 1928 a perder lentamente a vista, acabando por ficar totalmente cega no dia 16 de janeiro de 1929. Levaram-na a Lisboa, onde foi sucessivamente examinada pelas quatro principais competências médicas da capital. Cada um dos especialistas declarou irremediável a doença, depois de exame demorado e escrupuloso.

A Voz da Fátima Nº 78 publicou o parecer escrito de cada um dos quatro oculistas, e descreveu pormenorizadamente a gênese e a evolução da doença, com o feliz desenlace da cura inesperada.

Escreve o genro da doente, Sr. Manuel Maia, que a acompanhou a Lisboa: “Pode calcular o desapontamento em que fiquei depois de ouvir as opiniões de quatro médicos, reputados os mais hábeis e inteligentes, os quais eram unânimes em afirmar que a doença não tinha cura, demonstrando além disso conhecê-la a fundo, porque eles próprios descreviam os seus sintomas mais insignificantes com uma precisão matemática”.

Mas a doente tinha uma fé inabalável em Na. Sra. da Fá­tima. Por isso o genro mandou vir uma vasilha de água da Fátima, que no dia 30 de janeiro chegava ao seu destino. Logo no dia 31 à noite a ceguinha lavou os olhos com essa água maravilhosa. Nos 3 dias seguintes repetiu a operação; à quarta loção encontrou-se repentinamente curada! Foi indescritível a alegria que se apoderou de toda a família e a admiração de toda a vila, que logo teve conhecimento do prodígio.5

Inanimado e com a eternidade à vista

Na cidade de Aveiro, em março de 1928, adoecia gravemente com enterocolite e bronquite Gumerzindo Henriques da Silva, de 18 meses, reconhecido pelo notário e publicado também na Voz da Fátima. Apesar de todos os cuidados e carinhos do médico, piorava de dia para dia. Depois de 15 dias de doença, declarou-se-lhe uma bronco-pneumonia, que tirou ao médico todas as esperanças de o salvar, dando aos pais a certeza da sua morte.

Quando o médico se retirou, já a criança agonizava, perdendo a respiração e a temperatura. O frio da morte apossara-se dele, estava gelado, não dava sinal de vida. Nessa hora tétrica em que a mãe vê diante de si, quase inanimado, o seu filhinho, no campanário ressoam compassadas Ave-Marias. Essas badaladas lembram-lhe alguma coisa que não é da terra, e convidam-na a uma ardorosa prece pela vida do filhinho, se a vida ainda palpitava nele.

E repentinamente foge-lhe o pensamento para Na. Sra. da Fátima. Tomando uma garrafa de água da fonte bendita das Aparições, começa logo ali, com o marido e a madrinha do menino, uma novena à Virgem da Fátima, prometendo levar o filhinho moribundo à Cova da Iria, se ele fosse restituído à vida. E no mesmo instante passa pelos lábios inanimados da criança uma gota da água prodigiosa. Maravilha da graça e da intervenção bondosa de Maria! Ao contacto dessa água bendita, a criança, que se julgaria morta, abre os olhos! A mãe, redobrando de confiança, passa-lhe ainda pela testa e pelas faces os dedos umedecidos na água da Fátima. E nesse instante sente o filhinho recobrar lentamente o calor vital, readquirindo passados poucos minutos todas as suas faculdades e começando a falar, como se nada se tivesse passado.

O médico, como que desorientado, não sabe explicar o que vê; e auscultando na manhã seguinte a criança, que de véspera deixara a expirar, acha-a completamente curada da bronco-pneumonia (Voz de Fátima, nº 80).6

Contra-veneno salvador

No Brasil – conta o Pe. Manuel de Azevedo Mendes à Voz da Fátima de 13 de novembro de 1932, nº 122 – uma pobre se­nhora, levada pelo desespero, lembra-se de ingerir certa dose de veneno para se suicidar.

Uma sua amiga, zelosa propagandista da devoção a Nossa Senhora da Fátima, ao saber que o médico dera por irremediavelmente perdida a desditosa criatura, ficou profundamente consternada.

Veio-lhe logo à ideia acudir a essa infeliz com umas gotas de água da Fátima. Mas, receando com isso dar mau exemplo, ficou pedindo a Nossa Senhora que, ou frustrasse com a sua intervenção de Mãe o efeito mortífero do veneno, ou inspirasse à suicida um sincero arrependimento do seu pecado, que ao mesmo tempo fosse uma salutar reparação do escândalo.

Enquanto assim orava, sente que lhe batem à porta, a pedir por misericórdia um pouco de água da Fátima. A infeliz, já quase a expirar, bebeu essa água. Bebeu, e o veneno suspendeu a sua acção mortífera no organismo, salvando-se uma vida. E Deus queira também que uma alma.7

A chave do enigma

De Cochim, Índia, escrevia em 1932 à Voz da Fátima nº 127, o distinto médico Dr. P. George para relatar o seguinte facto: Fora chamado a um rapaz atacado de febre tifoide, com tão graves complicações, que sentiu faltar-lhe a coragem para tomar a responsabilidade da sua cura. Com esse receio, sugeriu ao pai que acudisse a qualquer outro médico. A família, porém, insistiu para que ele, e não outro, tomasse o cuidado do doente.

O piedoso médico teve de se resignar, mas experimentou a necessidade de confiar o delicadíssimo caso a Na. Sra. Saúde dos Enfermos. Começou pois a tratá-lo, cuidadosa e conscienciosamente, espantando-se desde o princípio ao ver a rapidez e a facilidade extraordinária com que o rapaz ia melhorando, verdadeiro prodígio clínico, porque os sintomas eram dos piores. E não pôde deixar de manifestar aos pais o seu assombro.

A chave do enigma, não tardou ele a descobri-la. Revelou-lhe a mãe que havia administrado ao filho água de Na. Sra. da Fátima, enquanto fazia uma novena a essa boa Mãe para que os medicamentos do Dr. George surtissem efeito. E conclui o médico a sua narração com estas admiráveis palavras: “Estou convencido de que houve aqui uma intervenção especial de Na. Sra. da Fátima, sem a qual, estou plenamente convencido, o meu trabalho teria sido completamente inútil. Agora sinto-me feliz por poder apregoar como médico, a todos os meus amigos, a valiosa protecção da Mãe de Jesus”.8

Cura de um menino quase moribundo

Joãozinho é um simpático menino de Lisboa, filho de Maximiano Correia da Costa Ferreira e de Belmira Pereira, que aos quatro anos foi acometido de grave enfermidade. Em novembro de 1924 manifestaram-se os mais alarmantes sintomas: Joãozinho perdeu a fala e a vista. Letárgico e imóvel, dava a ideia de um cadáver estendido no seu leito. O diagnóstico da medicina foi o de uma gravíssima meningite cérebro-espinal, de carácter fulminante. O desenlace não se faria esperar.

Enquanto os pais se lastimavam e preparavam para receber o golpe fatal, entra-lhes em casa uma piedosa senhora com um frasquinho de água da Fátima, que logo foi aplicada ao moribundo. Vinte e quatro horas depois o doentinho dá sinais de vida; e o médico, surpreendido, declara-o salvo e sem lesão alguma.9

Lavagem prodigiosa

Mário Alves Dinis é um menino de 11 anos, lisboeta. Um dia tem a infelicidade de ser atropelado por uma caminheta. Crânio fraturado e órgão visual esquerdo horrivelmente saído da órbita, eis o espetáculo que oferece a pobre criança. Levado para o hospital, observam-no vários clínicos, entre eles um catedrático, e todos são concordes em afirmar que o pequeno, na melhor das hipóteses, ficará defeituoso da vista.

Intervém uma bondosa senhora, amiga da família, e entrega à mãe aflita, Dª. Hermínia Mendes Dinis, um pouco de água da Fátima para lavar com ela o órgão visual do filho. Assim o fez. E foi tanta a fé e confiança dessa mãe, que o filho, sem qualquer outro tratamento mais do que a água da Fátima, aplicada duas vezes ao dia, ficou completamente curado e sem defeito (Voz de Fátima, nº 226).10

Uma cura extraordinária, rápida e completa

Aldina dos Prazeres Santos, residente em Mondim da Beira, diocese de Lamego, matriculada aos 19 anos no curso de puericultura da Maternidade Júlio Dinis do Porto, em fins de janeiro de 1948 foi acometida de terrível e desconhecida enfermidade: grave inflamação nos lábios, com abundante supuração. Uma pestilenta e nauseabunda chaga lhe cobria os lábios. Vários e competentes clínicos a examinaram cuidadosamente: Dra. Lucinda Gouveia, médica do curso de puericultura, Dr. Augusto Barata e Dr. Aureliano da Fonseca. Intervieram ainda nos estudos deste caso os seguintes clínicos: Dr. Gonçalves de Azevedo, Dr. Oscar Ribeiro e Dr. Rodrigues Goines, todos professores no referido curso de puericultura na Maternidade Júlio Dinis, e muitos outros competentes.

Como os sintomas extrínsecos indicaram o escorbuto, foi tratada desta enfermidade, sem resultado algum. Supuseram ser difteria, mas a análise deu resultado negativo. Aplicaram à enferma um milhar de unidades de penicilina, com passageiras melhoras. Como era impossível servir-se do garfo e da colher, sua alimentação era exclusivamente líquida, tendo enfraquecido extraordinariamente. Em abril as melhoras desvaneceram-se totalmente, volvendo ao estado primitivo. Aldina soube levar resignadamente tão grave desilusão. Recorre-se novamente à penicilina, mas desta vez a enferma piorou de maneira extraordinária.

Desenganada da terapêutica humana, a pobre enferma pôs em Deus toda a sua esperança. Dª. Maria Emília Teixeira, peregrina da Cova da Iria, trouxe dali um garrafão com água. No dia 21 de junho de 1948, às 11 horas, pela primeira vez Aldina umedeceu os lábios com água da Fátima, repetindo durante o dia a mesma operação. No mesmo dia, pela tarde, Aldina estava completamente curada. A cura operou-se em poucas horas. Foi rápida e completa!11

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Notas:

  1. Pe. José de Oliveira Dias, S.J., Florilégio Ilustrado da Fátima, Oficinas Gráficas PAX, Braga, Portugal, Edição da Sociedade Brasileira de Educação, 3ª. edição, 1952, p. 406.
  2. Id. ib., p. 407.
  3. Id. ib., p. 410.
  4. Id. ib., p. 413.
  5. Id. ib., p. 416.
  6. Id. ib., p. 421.
  7. Id. ib., p. 425.
  8. Id. ib., p. 426.
  9. Id. ib., p. 434.
  10. Id. ib., p. 439.
  11. Id. ib., p. 459.
Da esquerda para a direita estão Patrick (camisa amarela), Brendan (meio) e Sean Lacey. A foto foi tirada em julho de 2017 no jardim Rose na paróquia da família, Santa Rosa de Lima, após as curas. Patrick agora tem 14, Brendan tem 16, e Sean tem 13. (foto: Cortesia da família Lacey)

Neste mundo cada vez mais ateizado, milagres aparentes são cada vez mais raros. Sabemos que eles ocorrem em Lourdes e outros locais de peregrinação. Mas não no dia a dia do comum das pessoas. Por isso nos surpreende um duplo milagre do qual foram beneficiados há pouco dois adolescentes de uma mesma família americana de Nova Jersey.

            Charles e Cathy Lacey têm três filhos: Brendan, Patrick e Sean. O filho do meio, Patrick, de dez anos, tinha paralisia cerebral, e usava aparelho nas pernas desde os três. Além disso, como diz sua mãe: “Seus músculos não esticam o suficiente para ele ficar de pé”. O menino gostaria muito de passear pelo campo, mas isso mexe tanto com seu corpo, que depois ele precisa de dois a três dias para se recuperar. “Ele também tossia muito, tinha fadiga, falta de apetite, e às vezes pegava pneumonia”, acrescenta sua mãe Cathy.

            O que piorava esse quadro clínico é que a paralisia acabava afetando a capacidade mental do menino, de maneira que ele tinha “problemas com letras e números, e nada parecia aderir à sua memória. Ler era para ele um problema”. Por isso Patrick estava recebendo terapia física, ocupacional e fono-audiológica intensa na escola, no Hospital Nemours/Alfred I. Dupont para Crianças, em Wilmington, Delaware, e com terapeutas particulares locais.

            Acontece que uma desgraça geralmente não vem só: os Lacey descobriram que também o filho mais velho, de 12 anos, começava a ter problemas de saúde. Diz a mãe: “Naquela época, Brendan começou a ter dificuldade para comer. Em cada refeição ele tinha que se desculpar e limpar a garganta, pois a comida não descia”. Levado a um especialista, os médicos fizeram vários exames, incluindo uma endoscopia. Mostraram aos pais do adolescente fotografias da mesma, que acusavam que o esôfago de Brendan “parecia terrível lá dentro”. Receitaram ao adolescente quatro medicamentos diários para esofagite eosinofílica — doença crônica do sistema imunológico em que os eosinófilos (um tipo de célula sanguínea) se acumulam no esôfago provocando, entre outras coisas, dificuldade para engolir, engasgo, comida grudando no esôfago, e consequente dor abdominal. Com isso a vida da família complicou-se muito, pois agora eram dois filhos que tinham que fazer viagens semanais ao hospital, que ficava a uma hora de distância de sua casa, para tratamento.

            Entretanto, a família Lacey era católica praticante. “Eu estava rezando muito durante esse tempo, especialmente o Rosário”, diz Cathy. “Deus estava me carregando por meio da oração”.

 Um dia em que ela fazia adoração ao Santíssimo na capela da Igreja de Santa Rosa de Lima, em Haddon Heights, Nova Jersey, resolveu entrar pela primeira vez na livraria do centro espiritual da igreja. Nela se sentiu atraída por um DVD sobre a exposição “Tesouros da Igreja”. Tratava-se de uma exposição internacional, organizada pelo Pe. Carlos Martins, que incluía 150 relíquias de santos como Maria Goretti, Teresa de Lisieux, Francisco de Assis e António de Pádua, além de uma das maiores relíquias da Verdadeira Cruz, e um pedaço do véu que, segundo à tradição sancionada, pertenceu a Nossa Senhora.

            A Sra. Lacey levou o DVD para casa: “Nós o assistimos em família. E assim que terminamos, Patrick disse: ‘Mãe, eu quero ir para ver isso’. Ele ficara fascinado pelo que viu. Eu rezei: ‘Por favor, Senhor, deixe-me saber quando essa exposição estiver por perto daqui.”

Verificando depois a programação da exposição, Cathy descobriu que ela chegaria a Nova Jersey no mês seguinte. Por uma “coincidência”, a apresentação do Padre Martins foi agendada para o dia de Santo Antônio, “ironicamente na Igreja de Santa Inês, a mesma igreja em que meu marido fez seu curso de formação católica para adultos, e recebeu todos os Sacramentos”, diz ela.

Durante a palestra do Padre Martins que precedeu a visita às relíquias, a família Lacey pôde sentar-se na primeira fila. “Estávamos a cinco pés de distância da Verdadeira Cruz e do véu de Maria”, explicou ela.

Primeiro Milagre

Naquela visita memorável aos “Tesouros da Igreja” após a palestra do sacerdote, Patrick foi de relíquia em relíquia, tocando sua Medalha Milagrosa em cada uma. Diz ele: “A primeira relíquia que toquei foi a madeira da Verdadeira Cruz. Depois disso, fui a todas as outras relíquias, e toquei minha medalha em cada uma delas”, contou.

Patrick continua: “Depois daquela noite, minha mãe começou a notar algo diferente em mim. Pedi então a ela licença para não usar meu aparelho. O que fiz, e não me sentindo nada dolorido. Então, alguns dias depois, minha mãe disse: ‘Você está curado! ”

A Sra. Lacey explica o que ocorrera quando chegaram em casa: “Patrick não estava dolorido. Ele subiu as escadas correndo direto para a cama. Eu pensei“Como assim!!? Poderia ser?!!”

No fim da semana subsequente, como estava excepcionalmente quente para meados de fevereiro, Brendan e Sean pediram à mãe para ir andar de bicicleta no parque. Patrick quis ir também. “Ele não andava de bicicleta há anos”, explica ela.

Patrick foi de bicicleta todo o caminho até o parque. Lá continuou pedalando “o tempo todo, mais de uma hora”. Depois, outra surpresa: “Ele estava jogando! Não podíamos acreditar em nossos olhos”, disse Cathy. No dia seguinte ele quis novamente ir com seus irmãos em suas bicicletas, pedalando mesmo morro acima mais de uma vez.

Naquela altura, eu sabia que era um milagre”, disse Cathy. “Eu estava chorando, vendo-o jogar com os irmãos. Ainda estávamos maravilhados”. De volta para casa, Patrick “nos diz que não precisa do aparelho, afirmando: ‘Estou curado’. E foi para a escola sem aparelho”, afirma a mãe.

Quando depois os Lacey levaram Patrick ao seu terapeuta regular — o mesmo terapeuta que estava tentando ajudá-los a conseguir a cadeira de rodas que o médico já dissera que Patrick precisaria, “porque seus ossos estavam crescendo mais do que seus músculos podiam esticar, e sabia o quanto eles lhe doíam pelas lágrimas que rolavam pelo seu o rosto” — o terapeuta ficou boquiaberto ao ver que Patrick corria sem o aparelho ortodôntico. A Sra. Lacey então lhe disse: “O Sr. realmente não sabe o que nos dizer, não é?” O terapeuta respondeu: “Não tenho nem idéia do que sucedeu”. Então Patrick contou-lhe toda a história da Exposição, e do papel das relíquias dos santos.

Mas não parou aí. De volta à escola o menino, que tinha muita dificuldade com adição e subtração, reservava outra surpresa: “A professora disse que fez os três primeiros problemas com Patrick; os próximos quatro ele mesmo fez sozinho, e acertou todos. ‘Ele está indo muito bem’”, afirma a mãe.

Segundo Milagre

Entretanto, havia o problema com Brendan.

Depois da Exposição, chegando em casa, ele afirmou aos pais: “Minha garganta está muito boa”. Eles perceberam que Brendan já era capaz de manter a comida no estômago. Então pararam com os remédios. Em sua próxima endoscopia agendada para a segunda-feira de Páscoa, os Lacey esperaram para ver as últimas imagens. Nelas o esôfago de Brendan parecia normal e saudável.

Um ano depois, em seu primeiro ano do ensino médio, Brendan voltou para casa do treino de futebol, faminto, e pegou um pedaço de frango, que ficou preso na garganta. Ele acabou no hospital e teria que fazer uma cirurgia. A caminho do hospital para “a galinectomia”, afirma ele que estava como que “petrificado”. “Tudo o que eu conseguia pensar era em rezar […]. ‘Senhor, por favor, poupe-me; me mantenha vivo. ‘Achei que pudesse parar de respirar”. Entretanto, “No hospital, fazendo todos os testes, eu mal conseguia falar e balbuciava constantemente. Minha mãe começou a rezar o Rosário para que eu tranquilizasse. E logo depois que ela terminou, eu pude falar. A Mãe Santíssima estava me protegendo, e me dando o conforto que eu estava desesperadamente precisando naquele momento ”, diz ele. O médico, especialista em esofagite e osinofílica, coletou amostras da esofagite de Brendan para exames.

Duas semanas depois, a enfermeira do médico ligou. “Temos os resultados. Mostra alergias e inflamação.”

Cathy perguntou: “E os eosinófilos?” que eram o que provocava todo o problema de Brendan. A enfermeira respondeu: “Não há eosinófilos”. “Ela [a médica] não fez o teste?” Cathy perguntou, só para ter certeza.

Claro, disse a enfermeira. “Mas não há eosinófilos”, enfatizou ela uma segunda e depois uma terceira vez.

A Sra. Lacey recebeu emocionada essa notícia que confirmava que Deus havia curado Brendan. “Deus é tão bom com esta reafirmação [a cura]”, exclamou ela.

Por sua parte, Brendan afirma: “Eu fui oficialmente curado. Fiquei maravilhado com a graça de Deus, e sua disposição de curar o que havia de errado comigo por meio da intercessão de seus santos e de sua grande misericórdia”.

Rememorando o tempo passado, o adolescente julgou que sentira que já tinha sido curado pela intercessão dos santos logo após a exibição das relíquias. “Quando penso no milagre que sucedeu comigo”, afirma Brendan agradecido, “honestamente, isso me ajudou a crescer como pessoa de muitas maneiras. Tudo sobre isso fazia parte do plano de Deus. Estávamos visitando as relíquias, e eu realmente esperava por graça de amor para mim. Logo depois que o milagre aconteceu, eu definitivamente poderia dizer que eu me sentia algo diferente. Eu estava cautelosamente otimista, porque não sabia se minha mente estava me pregando uma peça. Eu definitivamente estava sendo fortalecido na fé naquela época ”.

Desde a Exposição das relíquias e o episódio do hospital, explica Brendan que: “Minha fé cresceu astronomicamente”. De modo que ele se envolveu mais nas atividades da igreja, inclusive como líder do grupo de jovens de Santa Rosa de Lima, e como coroinha.

Por outro lado, Patrick explicou que “temos rezado um rosário em família todos os dias, e vamos a Santa Rosa para rezá-lo nas quintas-feiras“. Entre suas próprias orações, ele afirma que “todas as noites agradeço a Deus por me curar e aos santos anjos e santos por me curar, e pela manhã também”.

Como resultado do milagre, agora Patrick já joga futebol e basquete em um time com seu irmão Sean, e é também coroinha. O pai, que a princípio lutou com a dúvida sobre os milagres, está se preparando para o diaconato leigo.

Quando perguntam à Sra. Lacey qual o santo que mais especialmente teria obtido o milagre para seus filhos, ela afirma: “Foram todos os santos. Eu não poderia atribuir isso a nenhum. Era todo o exército celestial. 

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Fonte:https://www.ncregister.com/features/new-jersey-family-attributes-healings-to-saintly-intercession?utm_campaign=NCR%202019&utm_medium=email&_hsmi=98821034&_hsenc=p2ANqtz-8TkEaPojo83vo3Ql1zyLVO86lN-Nz6FU7aIFmJOvP7fUhVZvgx9ZhPyk1KLk6TWGwyW1OVwnr6qTDTSID3hAvRwDGRdA&utm_content=98821034&utm_source=hs_email

Ressurreição – Nicolas Bertin, séc. XVII.
Oberschlesisches Landesmuseum, Ratingen (Alemanha)

Morte e Ressurreição do Divino Crucificado

Na Semana Santa do ano passado, reproduzimos parte do capítulo 7º do livro Jesus Cristo, Vida, Paixão e Triunfo, de autoria do missionário redentorista francês Padre Augustin Berthe*. Os textos então selecionados narravam as dores padecidas por Nosso Senhor na Via Dolorosa, carregando a pesada cruz até o alto do Calvário, enquanto era escarnecido pelo populacho aliciado pelos chefes dos sacerdotes fariseus. Quase desfalecido sob o peso da cruz, naquele caminho de dor Ele foi consolado por sua Mãe Santíssima num encontro — o mais pungente da História — que O reanimou a prosseguir até a plena consumação de seu holocausto, a fim de redimir o gênero humano.

Como matéria de capa para a Semana Santa deste ano, continuaremos a narração do Padre Berthe após a Crucifixão e Ressurreição, contidas no capítulo 8º do mesmo livro**.

Verdadeiramente Jesus ressuscitou, como haviam anunciado os profetas e também Ele próprio, em sua vida terrena. Em nossos dias, podemos venerar uma sagrada relíquia, na qual se comprova cabal e cientificamente que nosso Redentor ressuscitou. Essa relíquia, o Santo Sudário, é o lençol fúnebre que serviu de mortalha para o sepultamento do corpo do Filho de Deus. Desde o século XIV, ele é guardado com toda segurança na catedral de Turim, Itália [Vide Catolicismo, abril/1983, abril/1988, abril/2001 e março/2002].

Da Redação de Catolicismo

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* O Pe. Augustin Berthe, C.SS.R. nasceu a 15 de agosto de 1830 em Merville, diocese de Cambrai (França). Faleceu em Roma em 22 de novembro de 1907. Ordenado sacerdote em 1854, tornou-se grande missionário e pregador da sua Congregação. Foi professor de Retórica, reitor de diversas casas redentoristas na França e consultor geral da Congregação em Roma. Escreveu numerosos artigos e livros, publicados em diversas línguas com tiragens muito elevadas.

** Os subtítulos foram inseridos por nós.

O Anjo anuncia a Ressurreição – Fra Angélico (1440-42). Convento di San Marco, Florença

Após a Crucifixão, o triunfo de nosso Redentor

“Não venhais procurar entre os mortos um Vivo. Jesus já não está aqui; ressuscitou, conforme prometeu. Lembrai-vos, pois, do que Ele vos dizia na Galileia: É preciso que o Filho do Homem seja entregue aos pecadores. Será crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia”(Lc 24, 5-10).

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 843, Março/2021

No momento em que Jesus exalou o último suspiro, um cataclismo súbito transtornou toda a natureza. O último brado do Deus moribundo ecoou até os abismos. A terra pôs-se a tremer, como se a mão do Criador cessasse de mantê-la em equilíbrio. As rochas se partiram em consequência daquelas espantosas comoções. Até a rocha do Calvário, sobre a qual se levantava a Cruz do Salvador, fendeu-se violentamente até o mais profundo.

No vale de Josafá abriram-se os sepulcros, e muitos mortos ressuscitaram, aparecendo envoltos nos seus longos sudários pelas ruas de Jerusalém, espalhando por toda parte o espanto e a consternação. Era Deus que forçava todos, vivos e mortos, a proclamarem a divindade do seu Filho.

No Templo, o terror ainda era maior. Os sacerdotes, que acabavam de imolar as vítimas, pararam perturbados até o íntimo da alma, enquanto o povo estarrecido esperava pelo final do estranho cataclismo. De repente ouviu-se um ruído sinistro do lado do Santo dos Santos. Voltaram-se todos os olhos para o véu de jacinto, púrpura e escarlate que fechava a entrada do santuário impenetrável, onde Deus se manifestava uma vez por ano ao sumo sacerdote. O véu misterioso se rasgou de alto a baixo, rompendo assim a antiga aliança para ceder o lugar à nova (Mt 27, 51; Lc 23, 45).

Sacerdotes, cessai de imolar vítimas figurativas. A única vítima agradável ao Senhor, vós a imolastes no Calvário! Povo de Israel, escutai a profecia de Daniel: “Depois de 70 semanas de anos, será morto o Messias. O povo que o há de renegar já não será para o futuro o seu povo; a oblação e o sacrifício hão de cessar; a abominação da desolação morará no Templo, e a desolação perdurará até o fim” (Dan 9, 26-27). Sacerdotes e doutores, as 70 semanas de anos passaram. Junto ao véu rasgado do santuário, confessai que crucificastes o Messias, o Filho de Deus!

Jesus Cristo na Cruz – Simon de Vos (1603–1676). Coleção Privada.

Era verdadeiramente o Filho de Deus

Em meio a essas cenas de desolação, um silêncio lúgubre reinava no Calvário, entrecortado de tempos em tempos pelos gritos lancinantes que davam os dois ladrões. Depois da morte de Jesus, as santas mulheres tinham-se afastado um pouco, com Maria e o apóstolo João.

Só o centurião, imóvel no meio dos seus soldados, não podia despregar os olhos do divino Crucificado. Ainda lhe ecoava aos ouvidos o último brado que Jesus dera, e a vista dos prodígios operados na sua morte acabou de lhe abalar o coração. Dirigindo-se, pois, a todos os que se encontravam no Calvário, exclamou: “Era um justo, era em verdade o Filho de Deus”. E todas as testemunhas daquele drama sublime, impressionadas até o íntimo da alma, voltaram para as suas casas batendo no peito, e dizendo como aquele romano: “Sim, era verdadeiramente o Filho de Deus” (Lc 23, 47-49).

O mesmo brado se ouviu das profundezas do inferno. Quando Jesus deu o último suspiro, Satanás compreendeu seu erro. Tinha amotinado a Sinagoga contra o Justo, e aquele Justo era o Filho de Deus. Quisera o demônio, com ódio insensato, aquela morte que no entanto dava a vida ao gênero humano; e assim trabalhara, sem o saber, para remir aqueles filhos de Adão que considerava como seus perpétuos escravos. Gritava ele desesperado: “Era o Filho de Deus, e eu o servi nos seus desígnios!”.

Naquele momento pôde Satanás ver a alma de Jesus separada do seu corpo, quando descia ao misterioso limbo onde, desde longos séculos, esperavam-na os filhos de Deus. Ali se encontravam os patriarcas e profetas: Adão, Noé, Abraão, Moisés, David e todos os justos que tinham desejado a vinda do Salvador, e n’Ele tinham posto a sua esperança. Ao entrar naquele templo dos santos, Jesus foi acolhido com um brado tal, que ecoou naquele momento ao pé da cruz e nos infernos: “É Ele! É o Filho de Deus! É o Redentor que nos vem anunciar a nossa próxima libertação!”.

Preparação para o sepultamento de Jesus

Nesse meio tempo, alguns soldados enviados por Pilatos subiam silenciosamente o monte Calvário. Os romanos abandonavam às aves de rapina os cadáveres dos supliciados, mas a lei dos judeus proibia deixá-los suspensos no patíbulo depois do pôr-do-sol. Como ia se iniciar o Sábado, tornava-se ainda mais urgente respeitar as prescrições legais. Os príncipes dos sacerdotes pediram então a Pilatos que mandasse recolher os três supliciados, e em seguida depor seus corpos.

Para esta última execução, subiam ao Gólgota aqueles soldados armados de enormes maças. Aproximaram-se de um dos ladrões e lhe partiram as pernas e o peito. A mesma sorte coube ao segundo ladrão. Chegando perto de Jesus, logo notaram na palidez do rosto, na inclinação da cabeça e na rigidez dos membros, que algumas horas antes Ele deixara de viver. Julgaram inútil, portanto, quebrar-lhe as pernas.

Contudo, para maior segurança, um soldado Lhe trespassou o lado com uma lança. O ferro atingiu o coração, e da ferida saiu água e sangue. Deste modo se cumpriu a palavra da Escritura: “Fixarão os seus olhos n’Aquele a Quem crucificaram”; e também esta, concernente ao Cordeiro Pascal: “Nem um só dos meus ossos se há de quebrar” (Ex 12, 46; Sl 34, 21).

O apóstolo João, que estava com as santas mulheres, viu todos os pormenores desta cena misteriosa. Viu entrar o ferro da lança no Coração de Jesus, viu correr o sangue e a água — aquelas duas fontes de vida saídas do Divino Coração: a água batismal que regenera as almas, e o sangue eucarístico que as vivifica. E João deu testemunho do que tinha visto, a fim de a todos inspirar fé e amor (Jo 19, 31-37).

 Para concluir o seu ofício, dispunham-se os soldados a desprender os supliciados e enterrá-los, como de costume, com os instrumentos do seu suplício. Apresentaram-se então dois homens, que haviam pedido o corpo de Jesus. Um deles, José de Arimateia, pertencia à nobreza e tinha voz no Supremo Conselho. Amigo como era da justiça, e afável e bom por natureza, recusara associar-se à negra conspiração tramada contra Jesus. No íntimo, era discípulo do Salvador e esperava o Reino de Deus, mas o terror inspirado pelo Sinédrio o havia impedido de manifestar a sua fé.

Ao morrer o Salvador, José de Arimateia concebeu o desígnio de Lhe dar honrosa sepultura. Animado subitamente de uma coragem heroica, não receou ir ter com Pilatos e pedir-lhe o Corpo de Jesus. Muito tinha o governador romano por que se penitenciar a respeito do Crucificado e dos seus amigos. Acedeu de bom grado ao que lhe era pedido, mas quis primeiro certificar-se da morte, pois lhe parecia demasiado prematura. Chamou o centurião encarregado de guardar os supliciados, e ouvindo dele que Jesus já não vivia, ordenou-lhe que entregasse o corpo a José.

Com José ia Nicodemos, aquele doutor da lei que, desde a sua conversa noturna com Jesus, nunca tinha deixado de O defender das injustas acusações dos chefes do povo. José levava um sudário para amortalhar o corpo, e Nicodemos uma composição de mirra e aloés para O embalsamar. Com o auxílio de João e de mais alguns discípulos, despregaram da Cruz o Corpo do Salvador; e depois, carregando o precioso Corpo, foram colocá-lo sobre uma pedra a alguns passos da Cruz.

E ali, afinal, as santas mulheres puderam contemplar o rosto inanimado do Mestre, a quem tinham seguido com tanta dedicação. Ali pôde a Mãe de Jesus banhar com suas lágrimas as sagradas chagas e cobri-las de beijos. Mas foi preciso concluir bem depressa aquelas demonstrações de dor e ternura, pois o sol estava no ocaso e ia começar o sábado.

Sepultamento de Nosso Senhor – Sisto Badalocchio (1585–1647). Galleria Borghese, Roma.

Cerimonial junto ao Santo Sepulcro

José estendeu sobre a pedra o sudário, que devia servir de mortalha. Colocaram o corpo sobre aquele lençol, cobriram-no de perfumes conforme o costume judaico, e por fim cobriram com as extremidades do lençol fúnebre os membros e a cabeça do seu muito amado Mestre.

Perto do lugar onde Jesus foi crucificado, num jardim pertencente a José de Arimateia, havia um sepulcro aberto na rocha, o qual ainda não fora utilizado. Deu-se José por feliz em poder consagrá-lo à sepultura do Salvador.1 Estava dividido em dois compartimentos abertos na rocha, que se comunicavam entre si.

Num nicho feito no segundo destes compartimentos foi posto o corpo do Salvador, como muito bem observaram Maria Madalena e as santas mulheres, pois tinham combinado voltar ao sepulcro, logo depois de passado o sábado, para proceder com menos precipitação ao embalsamamento de Jesus (Lc 23, 50-56; Jo 19, 38-42).

         Tendo assim prestado os últimos serviços ao seu bom Mestre, saíram os discípulos do monumento e rolaram para a entrada uma pedra enorme, com o fim de lhe impedir o acesso. Depois, com o coração triste, os olhos marejados de lágrimas e oprimidos pelo peso da dor, entraram na cidade. Maria e as santas mulheres tiveram também de resignar-se a deixar o Calvário. Foram encerrar-se no cenáculo, para lá passar o dia de sábado.

Hipocrisia, temor e fúria dos deicidas

Tudo parecia concluído. O Profeta de Nazaré morrera na cruz, como um vil escravo. Os apóstolos, aterrorizados, tinham desaparecido. Umas quantas mulheres, depois de O terem seguido até o sepulcro, voltaram para as suas casas derramando lágrimas.

Dir-se-ia que os príncipes dos sacerdotes e os fariseus triunfavam incontestavelmente. Contudo, estranhamente, pareciam temer ainda Aquele personagem prodigioso, que tantas vezes os tinha espantado com o seu poder. Aquelas trevas que envolveram a cidade durante a sua agonia; aquele tremor de terra no momento da sua morte; aquele véu do Santo dos Santos — foram para eles como presságios sinistros. O que mais os inquietava é que o Crucificado anunciara sua ressurreição três dias depois da sua morte.

Era tal o pavor deles diante dessas ameaças, que sem se importar com o descanso sabático foram logo ter com Pilatos, e disseram-lhe:

— Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor, quando ainda vivia, anunciou que ressuscitaria ao terceiro dia depois da sua morte. Fazei-nos, pois, o favor de mandar guardar o seu sepulcro até o fim do terceiro dia, para os seus discípulos não lhe retirarem o cadáver e dizerem depois ao povo que ressuscitou dentre os mortos. Pois este segundo erro ainda seria mais perigoso que o primeiro.

Pilatos execrava aqueles homens, sobretudo depois que eles lhe extorquiram uma sentença que a sua consciência lhe censurava como um crime. Por isso respondeu-lhes com desprezo: “Tendes a vossa guarda: ide lá, e mandai guardar esse sepulcro como bem vos parece” (Mt 27, 62-66).

         Os príncipes dos sacerdotes e os chefes do povo foram ao jazigo onde repousava o corpo do Crucificado. Selaram a pedra que defendia a entrada e colocaram soldados à volta do monumento, a fim de impedirem que alguém se aproximasse. Feito isto, retiraram-se plenamente seguros. Parecia-lhes impossível que um morto tão bem preso e tão bem guardado lhes pudesse escapar.

         Já se tinham esquecido de que Jesus, no Horto de Getsêmani, tinha prostrado ao chão os soldados, ao simplesmente pronunciar o próprio Nome; e bem poderia, se quisesse, prostrá-los de novo junto do sepulcro. Deus assim dispunha que eles tomassem aquelas ridículas precauções, a fim de que os próprios judeus fossem obrigados a verificar oficialmente o triunfo do Crucificado!

Ressurreição de Jesus Cristo

         Ao predizer a sua morte na cruz, Jesus acrescentou que ressuscitaria ao terceiro dia: “Destruam este templo (referia-se Ele ao templo do seu Corpo), e Eu o reconstruirei em três dias”. E até aos fariseus, que Lhe pediam um prodígio do Céu para provar a sua divindade, anunciou-lhes que o grande sinal da sua missão divina seria a sua Ressurreição: “Assim como Jonas ficou três dias e três noites no ventre da baleia, assim ficará o Filho do Homem três dias no seio da terra”. Este é o milagre por excelência, o milagre que há de lançar o mundo aos pés do Filho de Deus. Jesus anunciou, é preciso que a sua palavra se cumpra.

     Mas a guarda romana, composta de 16 soldados, vigiava cuidadosamente o Crucificado do Gólgota. De três em três horas, novas sentinelas iam render as que tinham acabado o seu turno. O Filho de Deus esperava, na paz e silêncio do sepulcro, o momento fixado pelos decretos eternos.

     Ao romper da aurora do terceiro dia, voltando do limbo a sua alma, reuniu-se ao corpo. Sem nenhum movimento na colina, Cristo glorificado saiu do sepulcro, e os guardas sequer perceberam que estavam vigiando um sepulcro vazio.

     Momentos depois começava a terra a tremer violentamente. Um anjo desceu do Céu, à vista dos soldados aturdidos, rolou a pedra que fechava a entrada da gruta, e sentou-se sobre ela como um triunfador no seu trono. O seu rosto brilhava como o relâmpago, o seu vestido era alvo como a neve, os olhos despediam chamas e fixavam os guardas, que caíram com o rosto no chão, quase mortos de pasmo. Era o Anjo da Ressurreição, que descia do Céu para anunciar a todos que Jesus, o grande Rei, o vencedor da morte e do inferno, acabava de sair do sepulcro.

Conluio para negar a Ressurreição

     Passado aquele primeiro momento de assombro, os guardas fora de si fugiram para a cidade, e foram contar aos príncipes dos sacerdotes os fatos prodigiosos de que tinham sido testemunhas. Os sacerdotes, apavorados e desconcertados, conferenciaram logo entre si sobre o modo como poderiam ocultar a verdade ao povo, e de antemão pô-lo de pé atrás contra as manifestações que sem dúvida ocorreriam.

     Mandando imediatamente convocar os anciãos, não encontraram melhor artifício para se livrar do caso do que subornar os soldados a peso de dinheiro. Prometeram a cada um deles uma soma avultada, se estivessem dispostos a explicar ao povo que, enquanto eles dormiam, os discípulos de Jesus tinham levado o corpo do seu Mestre.

     Os soldados objetaram que, se Pilatos ouvisse falar do furto do cadáver, teriam de lhe dar contas de como procederam. Respondeu-lhes o Conselho que se encarregava de desculpá-los perante o governador. Deste modo, livres de perigo, os soldados se apossaram do dinheiro que lhes deram, e propalaram entre os judeus a fábula ridícula do suposto roubo. Com isto nada mais conseguiam do que desonrar-se, pois era bem fácil lançar-lhes em face: Se vocês estavam dormindo, como dizem, não poderiam ver nem ouvir nada durante o sono. Como então se atrevem a afirmar que os discípulos levaram o cadáver?2

         O dia da Ressurreição terá um nome particular: Domingo, o Dia do Senhor, o dia do eterno aleluia, porque “nesse dia a Vida e a Morte combateram num assombroso duelo, e o Senhor da Vida venceu a morte. O Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!”. Assim hão de cantar os filhos do Reino que Jesus, saído do sepulcro, vai agora estabelecer no mundo inteiro e perpetuar até o fim dos séculos.

Um Anjo anuncia a Ressurreição

Depois da prisão do Mestre, os apóstolos esconderam-se todos, salvo João, que não desamparou a Virgem Maria durante a Paixão. Dos outros, nenhum apareceu no Calvário, sequer para levar Jesus ao sepulcro. Durante três dias, conservaram-se cuidadosamente escondidos, pois receavam que os tomassem por cúmplices do Crucificado. Pouca razão tinha o Sinédrio para supô-los capazes de ir roubar o corpo, eles que nem se atreviam a aparecer nas ruas.

No sábado, restabelecida a calma na cidade, dirigiram-se um após outro ao cenáculo, consternados e aniquilados. Parecia-lhes que estava tudo perdido. O passado se lhes afigurava um sonho, o Reino futuro uma quimera, e Jesus um mistério impenetrável que os confundia e oprimia.

O coração não podia desapegá-los de um Mestre cuja dedicação e inefável ternura bem conheciam, mas não sabiam o que pensar daquele taumaturgo que de repente se tornara impotente contra os sinedritas, a ponto de se deixar prender, condenar e crucificar por eles, como um vil criminoso! Desanimados e desesperançados, choravam e se lamentavam no meio das Santas Mulheres, enquanto João lhes contava as plangentes cenas do pretório e do Calvário.

Passou-se assim o dia do sábado, sem que nenhuma esperança lhes reanimasse as almas abatidas. Começava já o terceiro dia após a morte de Jesus, e ninguém pensava na Ressurreição. O Salvador repousava no sepulcro.

As Santas Mulheres, em vez de esperarem diante do sepulcro para vê-Lo sair, preocupavam-se em embalsamá-Lo, já que o tinham feito na véspera muito às pressas. Terminado o sábado, foram elas comprar perfumes para O amortalhar com mais cuidado, e evitar assim que se corrompesse prematuramente.

Quanto aos apóstolos, estavam todos num estado de marasmo e esquecimento, sem esperança nem fé, quando já o Anjo da Ressurreição tinha posto em fuga os guardas espantados. Os acontecimentos provaram bem quanto o escândalo da cruz os tinha tornado incrédulos.

Mal raiou a aurora do domingo, Maria Madalena, Maria de Cleofas e Salomé saíram de Jerusalém e foram para o Calvário com as mãos cheias de perfumes, muito preocupadas em saber quem retiraria a enorme pedra que impedia o acesso à gruta sepulcral.

Mais impaciente, Madalena tomou a dianteira. Mas ao chegar ao sepulcro, espantou-se quando viu a pedra já removida, e a entrada completamente livre. Persuadida de que tinham roubado o corpo, deixou as companheiras, e sem perda de tempo correu ao cenáculo para contar aos apóstolos o que vira: “Levaram o corpo do Mestre, e não sabemos onde O puseram”.

Enquanto isso suas duas companheiras, chegando ao sepulcro, penetraram na câmara onde tinha sido depositado o Corpo de Jesus. À direita do sepulcro viram um anjo, cujo aspecto majestoso e vestes cintilantes encheram-nas de assombro. Disse-lhes o anjo: “Não temais: sei que vindes procurar Jesus, o Crucificado. Já não está aqui. Ressuscitou, como havia dito. Vinde e vede o lugar onde foi deposto. Ide já e dizei aos discípulos de Jesus que Ele irá adiante de vós para a Galileia. Lá é que O vereis, como Ele vos prometeu”. As duas mulheres, trêmulas e assustadas, saíram do sepulcro e fugiram, sem se atrever a contar a outros a mínima palavra sobre aquela aparição (Mt 28, 1-7).

Nosso Senhor aparece às Santas Mulheres. Catedral de Notre-Dame, Paris. [Foto: Frederico Viotti].

Aparição de Jesus a Santa Maria Madalena

Pedro e João, ouvindo o relato de Madalena, foram com ela ao sepulcro de Jesus. João, sendo mais novo e mais ágil, chegou primeiro, espreitou o interior da sepultura, viu as mortalhas postas no chão, porém não entrou. Alguns instantes depois chegou Pedro, e penetrou no jazigo para certificar-se do que tinha ocorrido. Viu as faixas a um lado, e o sudário que cobria o corpo dobrado à parte.

Depois entrou João no sepulcro, fez as mesmas observações e concluíram ambos, como Madalena, que tinham roubado o corpo. Nenhum deles imaginou que Jesus tivesse ressuscitado, pois um espesso véu, como diz o próprio São João, lhes toldava o espírito, de tal modo que as profecias da Escritura sobre a morte e ressurreição do Messias eram para eles letra morta. Desorientados, voltaram ao cenáculo, procurando explicar aquela misteriosa desaparição.

Maria Madalena, porém, não pôde resignar-se a ir com eles. Sentada junto do Sepulcro, pôs-se a chorar, pensando ansiosa onde teriam ocultado o corpo do seu Mestre. E com os olhos banhados em lágrimas, de novo se inclinava para examinar com mais atenção o interior do jazigo, quando dois anjos lhe apareceram, dizendo:

— Mulher, por que choras?

 Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

Ao proferir estas palavras, sentiu passos atrás de si. Voltou-se de repente, e encontrou-se em presença de um ‘desconhecido’, que lhe perguntou também:

— Mulher, por que choras?

Era o Divino Ressuscitado, mas ela não O reconheceu. Pensou tratar-se do jardineiro, e absorta sempre no seu primeiro pensamento, respondeu:

— Senhor, se o levaste, dize-me onde O puseste, e eu irei buscá-lo.

Como não haveria Jesus de abrir os olhos àquela Madalena penitente, que Ele tinha visto chorar ao pé da cruz, e que agora tornava a encontrar, inconsolável, junto do seu sepulcro? Com aquele acento divino que penetra até o mais profundo da alma, pronunciou Jesus esta simples palavra: “Maria!”. E ela, pelo tom daquela voz que tantas vezes a comovera, reconheceu Jesus.

 Meu bom Mestre! – exclamou ela, transportada de alegria, e logo Lhe caiu aos pés, abraçando-os. Agarrava-se Àquele a Quem acabava de achar, como se Ele lhe fosse fugir ainda. Disse-lhe Jesus:

 Não me detenhas. Em breve, é certo, vos deixarei para voltar ao meu Pai, mas esse momento ainda não chegou. Vai já ter com os meus irmãos, e dize-lhes: Não tardarei em subir para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus (Jo 20, 11-17).

Aparição de Jesus às Santas Mulheres

Deste modo apareceu Jesus primeiro a Maria Madalena, para com este favor incomparável recompensar o incomparável amor da Santa penitente. Apareceu igualmente ao grupo das Santas Mulheres, que não O tinham desamparado nas suas dores. Pouco depois da partida de Madalena, foram ao sepulcro Joana, esposa de Chusa, e outras mulheres da Galileia, pensando encontrar lá o Corpo do seu Mestre e prestar-Lhe as últimas honras. Mas não O encontrando, ficaram junto do sepulcro grandemente consternadas. Aos seus olhos se apresentaram dois anjos em trajes resplandecentes de luz. Elas baixaram os olhos, cheias de temor, porém um dos mensageiros celestes animou-as:

— Não venhais procurar entre os mortos um Vivo. Jesus já não está aqui; ressuscitou, conforme prometeu. Lembrai-vos, pois, do que Ele vos dizia na Galileia: É preciso que o Filho do Homem seja entregue aos pecadores. Será crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia (Lc 24, 1-10).

De fato, por estas palavras do anjo as Santas Mulheres lembraram-se perfeitamente de que Jesus lhes predissera a sua morte e ressurreição. O anjo acrescentou:

 Voltai depressa a Jerusalém, e dizei aos discípulos e a Pedro que Jesus ressuscitou e irá adiante de vós para a Galileia.

Iam pressurosas anunciar esta boa nova, quando de repente um homem as fez parar, e disse: Mulheres, Deus vos salve. Era o próprio Jesus. Elas o reconheceram e se lançaram aos seus pés, abraçando-os, e adoraram com amor o seu Senhor e seu Deus. Consolou-as o bom Mestre, e disse-lhes antes de se despedir:

— Agora não temais. Ide dizer a meus irmãos que vão para a Galileia, onde Me verão” (Mt 28, 6-10).

Tais são os fatos pelos quais Jesus, desde a aurora de domingo, se manifestou às Santas Mulheres, a quem constituiu testemunhas da sua Ressurreição junto dos seus apóstolos. Mas, a fim de que ninguém pudesse tachar de credulidade aos que em breve deviam pregar Jesus ressuscitado ao mundo, permitiu Deus que os apóstolos, obstinados na sua cegueira, rejeitassem os testemunhos daquelas Santas Mulheres, sem deles querer saber.

Madalena, a primeira a voltar do sepulcro com o coração a transbordar de alegria, entrou no cenáculo exclamando:

— Vi o Senhor! Vi-O com os meus olhos, e eis o que me encarregou de vos dizer.

No entanto, por mais que afirmasse e contasse detalhadamente as circunstâncias da aparição com que Jesus a favoreceu, em nada quiseram crer os apóstolos e discípulos presentes no cenáculo. Em vão as suas companheiras, a quem foi concedido igual favor, vieram por seu turno afirmar que tinham visto, ouvido e adorado o Salvador ressuscitado. Trataram-nas como alucinadas e visionárias. Só Deus podia tirar os apóstolos do abismo de desalento e desesperança em que os mergulhara a Paixão e Morte do seu Mestre (Mc 16, 9-11).

Aparição de Jesus a alguns discípulos

Na tarde daquele mesmo dia, dois daqueles discípulos incrédulos tomaram a resolução de voltar para as suas casas. O que mais os partidários do Crucificado podiam esperar em Jerusalém, senão insultos e perseguições? Eles habitavam em Emaús, pequena aldeia escondida entre montes, a uns 100 quilômetros de distância de Jerusalém. Pensavam eles que lá encontrariam, a par de um refúgio, o esquecimento das suas amargas decepções.

Enquanto caminhavam desconsolados e abatidos, conversavam, como era natural, acerca dos tristes acontecimentos daqueles últimos dias. E procuravam inutilmente achar-lhes uma explicação, quando um desconhecido que ia na mesma direção se aproximou com ar benévolo. Era Jesus, mas com uma aparência que não lhes permitiu reconhecê-lo, e perguntou:

— Qual é o assunto da vossa conversa? Pareceis dominados por uma grande tristeza.

Parece que esta pergunta os surpreendeu, pois um dos dois caminhantes, chamado Cleofas, perguntou:

— Tu és o único forasteiro em Jerusalém que ignora o sucedido lá durante estes últimos dias?

 Então, o que foi?

— Ora, foi o fim trágico de Jesus de Nazaré, aquele Profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. Tereis sabido, sem dúvida, como os príncipes dos sacerdotes e os nossos anciãos O entregaram aos tribunais, O condenaram à morte e O crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse Ele o Redentor de Israel.

O desconhecido ia ouvindo com atenção, e o seu olhar interrogativo parecia perguntar aos discípulos por que perderam a confiança. Cleofas acrescentou:

— Hoje é o terceiro dia depois que estes fatos se passaram. E o que poderíamos nós esperar? Verdade é que esta manhã, desde a aurora, umas mulheres nos contaram certas coisas estranhas. Tendo ido ao sepulcro de Jesus, não encontraram nele o corpo. Pretenderam até ter visto uns anjos que lhes teriam afirmado a ressurreição d’Ele. Movidos pelo que elas diziam, foram alguns dos nossos ao sepulcro e verificaram a exatidão das suas palavras. O sepulcro estava realmente vazio, mas não encontraram Jesus.

Mal tinha Cleofas exposto as suas dúvidas, quando o desconhecido, fitando os dois discípulos e animando-se gradualmente, exclamou:

— Ó homens cegos, como é duro o vosso coração, e quão vagarosos sois em dar fé às palavras dos profetas! Pois não era necessário que morresse Cristo, e assim entrasse na sua glória?

Em seguida, começando por Moisés, referiu todas as profecias que falavam do Messias e explicou-lhes o sentido das Escrituras, com tal encanto e autoridade, que os dois incrédulos ficaram arrebatados de admiração. Quando se aproximavam da aldeia de Emaús, o desconhecido parecia querer continuar a sua viagem. Os dois discípulos, porém, pediram-Lhe que passasse a noite em casa deles:

— Ficai conosco, porque já é tarde e o sol está se pondo.

Jesus cedeu às suas instâncias. No entanto, durante a refeição da tarde, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e apresentou-o aos seus dois companheiros. De repente se abriram os olhos deles, e reconheceram o bom Mestre. Mas Ele desapareceu da sua presença.

Aparição de Jesus aos Apóstolos

Ficando a sós, Cleofas e o amigo sentiram-se tomados por uma santa alegria:

 Não é verdade que o coração nos ardia cá dentro, quando Ele pelo caminho nos falava e explicava as Escrituras?

E não esperaram até o dia seguinte para comunicar a grande nova aos seus irmãos. Retomando logo o caminho de Jerusalém, entraram no cenáculo, onde encontraram os apóstolos com certo número de discípulos. Continuavam a conversar sobre os sucessos do dia, e contavam que, além das aparições às Santas Mulheres, tinha Jesus aparecido ao apóstolo Pedro. Referiram detalhadamente os discípulos de Emaús o que lhes sucedera naquela tarde, e como tinham reconhecido o Mestre ao partir o pão. Estas narrativas estimulavam os incrédulos, mas sem chegarem a convencê-los (Lc 24, 13-35).

À hora da refeição, puseram-se os apóstolos à mesa, com as portas da sala cautelosamente fechadas, porque receavam que os fariseus os acusassem de ter roubado o Corpo de Jesus. Enquanto discutiam energicamente entre si os novos testemunhos a favor da Ressurreição, Jesus apareceu subitamente no meio deles, e disse:

— A paz seja convosco. Não temais, sou Eu a Quem vedes.

Perturbados e atemorizados, no primeiro momento os apóstolos, sem poderem crer nos olhos e ouvidos, tomaram-no por um fantasma. Ele os repreendeu:

— Por que vos perturbais desse modo, e pensamentos vãos vos passam pelo espírito? Vede as minhas mãos e os meus pés, tocai-os, e vereis bem que é o vosso Mestre Quem vos fala. Um espírito não tem carne nem ossos como os que Eu tenho.

Enquanto dizia isto, mostrava-lhes as mãos, os pés e a chaga do lado. Apesar da imensa alegria que os invadia, ainda pareciam duvidar, e Ele perguntou:

— Tendes alguma coisa de comer?

Eles Lhe ofereceram uma posta de peixe frito e um favo de mel, que Jesus comeu na presença deles (Lc 24, 36-43).

Jesus revela a missão dos apóstolos

Desvanecidas então todas as suas dúvidas, os apóstolos caíram de joelhos aos pés do Mestre, com demonstrações de júbilo e amor indescritíveis. Disto se aproveitou Jesus para repreendê-los, com suavidade, da falta de fé que os impedira de crer nos primeiros testemunhos da sua Ressurreição. Em seguida, recapitulando todos os fatos da Paixão, por eles tão mal compreendidos, lembrou-lhes os seus divinos ensinamentos:

 Quando Eu ainda estava convosco, disse-vos muitas vezes que devia cumprir-se tudo o que de Mim está escrito nos livros de Moisés, dos Profetas e Salmos; e que, por conseguinte, era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse ao terceiro dia depois da sua morte, para que depois, em seu Nome, se pregasse a penitência e perdão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destes grandes acontecimentos” (Lc 24, 44-48).

Não só deviam ser testemunhas de Cristo, mas também os depositários do seu poder, encarregados de dispensar às almas as graças que Ele lhes merecera com a sua morte. Naquele mesmo cenáculo já os tinha constituído sacerdotes do sacramento do seu amor. Hoje, que de novo com eles se encontrava, depois de ter oferecido o seu Sangue pela remissão dos pecados, ia fazer deles ministros do sacramento da penitência e reconciliação.

Continuando a conversar com eles, Jesus tomou uma atitude grave e solene, e com um tom de voz cheio de majestade, disse-lhes de novo:

— A paz esteja convosco. Como o meu Pai Me enviou, assim Eu vos envio a vós.

Depois soprou sobre eles, dizendo:

— Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.

Tendo assim comunicado aos apóstolos o poder divino de lavar as almas no seu precioso Sangue, desapareceu Jesus, deixando-os a todos reconfortados (Jo 20, 21-23).

A incredulidade de São Tomé – Duccio di Buoninsegna (1255–1319). Museo dell’Opera del Duomo, Siena.

Incredulidade de São Tomé – ver para crer

Tomé, um dos 12, não se encontrava com os seus companheiros quando Jesus lhes apareceu. Logo que entrou, começaram todos a dizer-lhe alvoroçados: “Vimos o Senhor”. Porém Tomé, muito incrédulo, respondeu que não aceitaria outro testemunho que não fosse o dos sentidos:

 Se eu não Lhe vir nas mãos as aberturas dos pregos, e se não Lhe meter o dedo pelas chagas e a minha mão na abertura do lado, não hei de crer.

Tendo feito esta declaração, persistiu na sua incredulidade, apesar da insistência de todos os seus irmãos. Oito dias depois, lá estavam ainda os discípulos reunidos no cenáculo, e Tomé com eles. De repente, não obstante estarem fechadas as portas, Jesus apareceu de novo no meio da assistência, e disse: A paz esteja convosco! Logo, dirigindo-se ao incrédulo, interpelou-o nestes termos:

— Tomé, olha as minhas mãos e mete aqui o teu dedo; aproxima a tua mão e mete-a na chaga do meu lado. E agora não sejas incrédulo, mas homem de fé.

Vencido pela evidência, exclamou Tomé:

— Meu Senhor e meu Deus!

Cheio de júbilo e de amor, Tomé caiu de joelhos aos pés de Jesus, que prosseguiu:

— Tomé, tu creste porque viste. Bem aventurados os que crêem sem ter visto! (Jo 21, 24-29).

Não é possível levar a incredulidade mais longe do que fizeram os apóstolos. Sobre este fato capital da Ressurreição – predito muitas vezes, e pelo qual consequentemente deviam esperar — recusaram acreditar no testemunho dos anjos, de Maria Madalena, das Santas Mulheres, dos dois discípulos que acabavam de ver Jesus ressuscitado e conversar com Ele, e até no testemunho dos seus próprios olhos.

Só depois de O terem tocado e de O terem visto comer, eles caíram de joelhos aos pés de Jesus. E ainda então, quando todas as testemunhas oculares, apóstolos e discípulos contaram a Tomé que viram e ouviram Jesus ressuscitado, e que com eles comera, este insistiu em dizer que não acreditaria antes de meter ele mesmo o dedo nas chagas das mãos e na abertura do lado. Jesus prestou-se a todas essas exigências, Tomé introduziu as suas mãos nas chagas de Jesus, em presença de todos os seus irmãos, e afinal caiu de joelhos, exclamando: Meu Senhor e meu Deus!

É claro que Jesus permitiu esta incredulidade cega, e verdadeiramente inexplicável, porque quis fazer dos seus apóstolos testemunhas irrecusáveis da sua Ressurreição. Quando fossem por todo o mundo pregar a Ressurreição de Jesus, ninguém poderia tachar de credulidade esses homens que se mostraram tão incrédulos, nem acusar de impostura esses apóstolos que, depois de terem desamparado o seu Mestre no momento da sua Paixão, afinal se deixaram degolar, para com isso atestar a verdade da Ressurreição.

Avançam os estandartes do Rei

         A vida dos homens e a sua ação terminam geralmente com a morte. Mas a vida de Jesus e o seu reinado na Terra, ao contrário, começam no momento em que Ele morreu pela salvação do mundo.

Naquele dia, seu Pai O investiu na realeza sobre essa raça de Adão, que Jesus acabava de arrancar à morte e ao inferno. E por isso a cruz, que foi o instrumento da sua vitória, tornar-se-á o estandarte do seu reinado — Vexilla Regis — e por ela converterá todos os povos: judeus, romanos, idólatras e bárbaros. Por isso Jesus suspirava pelo batismo de sangue: Quando for levantado entre o céu e a terra, atrairei todos a Mim (Jo 12, 32).

No dia de Páscoa, ao sair do túmulo, Jesus não encontraria quem acreditasse na sua Ressurreição. A única exceção era a sua Mãe, a Mãe das Dores, a única cuja fé não naufragara no momento da Paixão. Ao pé da cruz, Maria viu sofrer e morrer o seu Filho, mas sua fé não sofreu o menor eclipse. Naqueles três dias de trevas havia apenas uma alma luminosa, portanto, para fundar o seu Reino. Ela nunca esqueceu que o seu Jesus, seu Filho e seu Deus, ressuscitaria ao terceiro dia, como anunciara.

Por isso, ao mencionar as diversas aparições de Jesus aos apóstolos incrédulos, para reavivar sua fé, cala-se a Escritura sobre as aparições inegáveis de Jesus a Maria. Desnecessárias, para esse efeito, Àquela cuja fé jamais vacilara. Houve três dias, portanto — especialmente o sábado, quando Jesus jazia no Sepulcro — em que Maria era sozinha a Igreja nascente. Ao lado do novo Adão, a nova Eva, a Mãe dos crentes.

Em oito dias Jesus conquistou os seus apóstolos, as Santas Mulheres e certo número de discípulos que, tendo-O visto com os olhos, aderiram a Ele de todo o coração e se tornaram os zelosos missionários da sua Ressurreição. Durante aquela primeira semana, a Igreja inteira estava encerrada no cenáculo.

Para fazê-la crescer, era preciso deixar Jerusalém, onde só podiam reunir-se a portas fechadas, para não excitar o furor dos deicidas. Logo após as festas pascais, retomaram os apóstolos o caminho da Galileia, segundo a ordem de Jesus. Naquele país querido do seu coração, Ele devia passar ainda 40 dias na Terra para consolar os seus, fortificá-los, dar-lhes as últimas instruções sobre o Reino de Deus.

A pesca milagrosa na Galileia

Enquanto esperavam que o Mestre se manifestasse de novo, retomaram os apóstolos as suas ocupações ordinárias. Uma tarde, achavam-se nas margens do lago sete dentre eles — Simão Pedro, Tomé, Natanael, os filhos de Zebedeu com mais outros dois. O mar estava favorável. Pedro disse aos companheiros:

 Vou pescar.

 E nós vamos contigo – responderam os outros.

Subiram a uma barca e lançaram as redes. Mas, apesar dos seus esforços, nada apanharam durante toda a noite. Chegada a manhã, avistaram um homem de pé na praia, que parecia interessado no que faziam. Era Jesus, mas eles não O reconheceram. Disse-lhes Ele em tom familiar:

 Rapazes, tendes algum peixe que se coma?

Ante a resposta negativa, ele determinou:

 Deitai a rede à direita da barca, e logo achareis.

Obedeceram, pois grande parecia a segurança daquele homem. Logo a rede encheu-se com tal quantidade de peixes, que mal a podiam erguer. Ao ver aquela pesca verdadeiramente prodigiosa, João sentiu o coração a dizer-lhe que era o bom Mestre: É o Senhor! — disse ele a Pedro. Este, sempre impetuoso, vestiu a túnica e atirou-se ao mar para chegar mais depressa aonde Jesus estava. Os outros aproximaram a barca, distanciada apenas uns cento e trinta metros, e arrastaram a rede cheia de peixes. Descendo à praia, viram uns carvões acesos, sobre este fogo um peixe a assar, e ao lado pão. Convidou-os Jesus a tomar parte na refeição que lhes tinha preparado:

— Trazei alguns dos peixes que agora pescastes.

Correu Pedro à barca, e quando tirou a rede para terra, encontrou 153 grandes peixes. Apesar daquele peso enorme, malha nenhuma da rede se rompeu. Disse-lhes então Jesus:

— Aproximai-vos agora, e comei.

— Simão, filho de João, amas-me tu de coração? — Senhor, Vós sabeis tudo, Vós bem sabeis quanto vos amo. — Apascenta as minhas ovelhas!
Pintura atribuída a Eduard Burgauner (por volta de 1899), que se encontra na igreja paroquial de Castelrotto, Bolzano (Itália).

São Pedro eleito Vigário de Cristo na Terra

Juntaram-se todos à volta de Jesus. Como outrora, o bom Mestre tomou o pão e o distribuiu, e também o peixe. Já não havia, porém, a doce familiaridade dos passados dias. Na presença do divino Ressuscitado, os temerosos apóstolos estavam calados, e não se atreviam a fazer uma pergunta. Esperaram que ele se dignasse a tomar a palavra (Jo 21, 1-14).

Uma vez que Ele tinha patenteado aos seus olhos, por duas vezes, a verdade da Ressurreição, o fim desta terceira aparição era lembrar-lhes a grande missão que lhes confiava, e sobretudo mostrar a missão de Pedro como chefe designado da sua Igreja. Terminada a refeição, dirigindo-se Jesus a Pedro, fez-lhe esta pergunta:

— Simão, filho de João, tu me amas mais que estes?

Pedro compreendeu a pungente alusão. Tinha afirmado que permaneceria fiel, mesmo que todos os seus companheiros abandonassem o Salvador, e Jesus pedia-lhe contas daquela palavra de jactância, que ele tão cedo desmentira com a sua tríplice negação. Profundamente humilhado, respondeu com simplicidade:

 Senhor, Vós sabeis que vos amo.

 Apascenta os meus cordeirinhos! – disse-lhe Jesus.

Depois, como se receasse não ter sondado bem o coração do apóstolo, antes de lhe confiar aquela função de pastor, perguntou-lhe segunda vez:

— Simão, filho de João, tu me amas?

Não perguntava se O amava mais que os outros, mas se O amava realmente. Ao pensar que Jesus parecia duvidar do seu amor, Pedro humilhou-se ainda mais profundamente, e apelou para Aquele que lia no íntimo dos corações.

 Senhor, Vós bem sabeis que vos amo.

 Apascenta os meus cordeiros! – respondeu-lhe Jesus.

Contudo, o olhar do Salvador continuava pregado no apóstolo. Pela terceira vez, interpelou-o solenemente:

— Simão, filho de João, amas-me tu de coração?

Desta vez, a confusão cedeu lugar à tristeza. Pedro pareceu pedir misericórdia:

— Senhor, Vós sabeis tudo, Vós bem sabeis quanto vos amo.

 Apascenta as minhas ovelhas! – repetiu-lhe Jesus.

Por esta última palavra, compreendeu Pedro que Jesus lhe tinha querido fazer expiar a tríplice negação com uma tríplice proclamação de amor. E à medida que as proclamações lhe saíam do coração, mais humildes e mais ardentes, colocava-lhe o Divino Pastor sob o cajado os cordeirinhos, os cordeiros e as ovelhas, isto é, todo o seu rebanho.

E ficava Pedro sendo aquilo que Jesus lhe indicara em Cesareia de Filipe: o fundamento visível do novo Reino, o Pastor Universal, o Vigário de Cristo na Terra. Por isso ardia Pedro em desejo de dizer — e desta vez do mais íntimo do coração — que estava disposto a todas as dedicações e sacrifícios por amor da glória do seu Mestre e salvação do rebanho que Ele se dignara confiar-lhe.

Mas Jesus não lhe deu tempo. Adiantando-se ao seu pensamento, disse-lhe:

— Pedro, em verdade te digo, quando eras novo, cingias-te a ti mesmo e ias para onde bem te parecia. Mas dia virá em que, já velho, estenderás os braços e outro te cingirá e levará para onde tu não queres.

Era isto anunciar-lhe o martírio. Pedro pôde ver de antemão as cadeias que o haviam de prender, os carrascos a arrastarem-no ao suplício e os seus braços estendidos na cruz. Disse-lhe então Jesus: Segue-me! E Pedro avançou atrás das pegadas do seu Mestre, decidido a sofrer tudo por amor d’Ele.

A alguma distância os seguia o apóstolo João, o discípulo privilegiado de Jesus, companheiro inseparável de Pedro. Quis Pedro saber se o seu amigo compartilharia as provações que Jesus acabava de lhe fazer entrever. Designando aquele que os seguia, perguntou Pedro:

 E esteo que lhe reservais, Senhor?

Jesus deu-lhe esta misteriosa resposta:

— Se Eu quero que ele fique neste mundo até que Eu venha, que te importa isso a ti? Quanto a ti, segue-Me.

Por ocasião destas palavras, correu entre os irmãos o rumor de que João não morreria, e que seria arrebatado ao Céu. Ora, Jesus dissera simplesmente que João não haveria de morrer antes de ver o Filho do Homem manifestar o seu poder pelo castigo da cidade deicida. Pedro morreria de morte violenta, à imitação de Jesus, mas João ficaria neste mundo até o dia em que a morte, por ordem do Mestre, lhe rompesse os fios da existência (Jo 21, 15-23).

— Não temais. Eis que Eu estarei sempre convosco até a consumação dos séculos (Mt 28, 20). E desapareceu depois desta solene promessa, deixando os apóstolos e discípulos cheios de confiança na vitória do seu Mestre. Pois, afinal, quem será capaz de vencer Aquele que venceu a morte

Missão de expandir a Igreja por todo o mundo

Tais foram as particularidades que assinalaram aquela aparição de Jesus nas margens do lago da Galileia. E por muitas vezes, durante aqueles 40 dias, apareceu deste modo, quer aos apóstolos reunidos, quer a um deles em particular. Tiago menor, parente de Jesus, gozou deste insigne favor (I Cor 15, 7). Estas manifestações ensinaram aos antigos discípulos que Jesus tinha verdadeiramente ressuscitado, como anunciara, e com isto o número dos crentes foi crescendo dia a dia.

Antes de deixar este mundo, ordenou Jesus aos apóstolos que se reunissem todos num monte próximo, no cimo do qual, em presença da sua Igreja nascente, a missão de propagar e governar o Reino de Deus seria conferida solenemente aos 12 que escolhera. No dia fixado, dirigiram-se os apóstolos para o monte designado, seguidos de mais 500 discípulos (I Cor 15, 6), vindos da Galileia e de Jerusalém.

A Igreja, que havia alguns dias estava toda encerrada no cenáculo, já cobria agora todo o planalto do monte. De repente apareceu Jesus no meio da assembleia, e todos caíram de joelhos diante d’Ele e O adoraram como seu Deus e Salvador. Alguns, contudo, mal podiam crer nos seus olhos e pensavam se não teriam diante de si algum espírito ou fantasma. Mas Jesus bem depressa lhes dissipou todas as dúvidas.

Com a autoridade e majestade de Deus, tomou a palavra no meio da multidão silenciosa e admirada. Dirigindo-se aos apóstolos e a todos os que deviam trabalhar com eles na preparação do seu Reino, disse:

— Todo o poder Me foi dado no Céu e na Terra. Ide, pois, pelo mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinai a guardar os Mandamentos que vos dei. Quem crer e for batizado, será salvo. Quem não crer, será condenado! (Mc 16, 15-16; Mt 28, 18-20).

E ao ver os seus representantes levarem a todos os povos o seu Evangelho, o seu Batismo e os seus Mandamentos, conferiu-lhes Jesus, com o dom dos milagres, o sinal autêntico da sua divina missão:

 Os que em Mim crerem terão o poder de expulsar os demônios em meu Nome, falarão línguas novas, não temerão o veneno da serpente nem quaisquer outros; porão as mãos nos doentes e os doentes ficarão curados (Mc 16, 17-18).

Armados destes poderes prodigiosos, os apóstolos converterão os homens de boa vontade. Mas quem os defenderá contra os malvados e sectários, dispostos a tratá-los como trataram o seu Mestre? Ao terminar o seu discurso,exclamou Jesus:

— Não temais. Eis que Eu estarei sempre convosco até a consumação dos séculos (Mt 28, 20).

E desapareceu depois desta solene promessa, deixando os apóstolos e discípulos cheios de confiança na vitória do seu Mestre. Pois, afinal, quem será capaz de vencer Aquele que venceu a morte?

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Notas:

  1. As cinco últimas estações da Via Sacra: o despojamento das vestes, a crucifixão, o levantamento da cruz, a pedra da unção ou preparação do corpo para a sepultura e o sepulcro acham-se encerradas dentro da Basílica do Santo Sepulcro.
  2. Todos conhecem o dilema que Santo Agostinho pôs àqueles infelizes guardas: “Se dormíeis, como sabeis que furtaram o corpo? Se não dormíeis, por que o deixastes furtar?”