Membros do povo tártaro que residiam na península invadida pela Rússia estão bloqueando as estradas que conectam a Crimeia à Ucrânia e por onde chegam grandes volumes de produtos indispensáveis para a região.
Os tártaros querem chamar a atenção para a discriminação e o acosso de que eles estão sendo objeto na península pelo invasor russo, noticiou o jornal “The Telegraph”, de Londres.
Centenas de tártaros, em certos casos apoiados por grupos de milicianos ucranianos, cortam as artérias vitais com blocos de cimento e tornam mais lenta a passagem dos caminhões nas autoestradas.
“Nosso objetivo é o fim da ocupação da Crimeia e a restauração da integridade territorial da Ucrânia”, explicou Refat Chubarov, um dos líderes da comunidade dos tártaros da Criméia.
Grandes colunas de caminhões se formaram de ambos os lados da fronteira. Não há indicação sobre o fim desse bloqueio.
Embora anexada ilegalmente pela Rússia, a Crimeia depende da Ucrânia em matéria alimentar e energética.
A Rússia, que mal consegue se sustentar a si própria, jogou em grave aperto a população do território invadido e não lhe fornece todos os recursos básicos indispensáveis.
Os tártaros constituem um povo completamente diverso do ucraniano.
Eles não são de origem eslava, mas mongol, professam o maometanismo, falam uma língua de tronco turco, e se instalaram na região em séculos passados, durante as invasões mongóis.
Eles foram objeto de cruéis perseguições étnicas a partir dos anos 40 do século passado. Stalin os deportou em massa para a Ásia Central, acusando-os de colaboração com os nazistas na II Guerra Mundial.
Um número incontável deles faleceu nessa criminosa forma de repressão ideológica, étnica e cultural.
Os tártaros não suportaram o socialismo soviético. E logo após a queda da URSS voltaram para as suas terras.
Eles eram cerca de 300 mil quando Putin irrompeu na península.
Os tártaros preferem de longe pertencer à Ucrânia que à atual Rússia, que se lhes afigura uma genuína prolongação da era stalinista.
Quando Moscou se apropriou pela violência da Crimeia, passou a tirar vingança hostilizando a população de origem tártara e de religião não “ortodoxa”.
Acredita-se que após a ilegítima anexação, entre 10.000 e 15.000 tártaros se refugiaram em território sob o controle ucraniano, e dois de seus mais importantes líderes vivem em exílio efetivo na Ucrânia.
Tártaros da Crimeia e guardas ucranianos cortam a fronteira na região de Kherson. O risco de represálias e de invasão russa não está descartado.
O que não dá para entender nessa estória é, se a Crimeia é tão dependente da Ucrânia,
que tecnicamente está em guerra com a Rússia, por que não corta todo o comércio com a região?
Esse intercâmbio comercial só faz fortalecer o inimigo!
Fica registrada para a História a vergonhosa omissão da Europa e do Ocidente (de modo geral) face à ocupação da Criméia por Putin.
Onde está a ONU com a sua doutrina de autodeterminação dos povos?
Nosso aplauso à reação da Ucrânia e da Crimeia face ao novo ditador_imperialista e neo_comunista Putin.
Costa Marques