Em dezembro de 1990, há trinta anos, delegação da TFP entrega o maior abaixo assinado pela libertação da Lituânia.
TFPs no epicentro do mundo comunista
Catolicismo, N° 482, Fevereiro de 1991
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O que viram, ouviram e fizeram
TFPs no epicentro do mundo comunista Dez dias no império gorbacheviano: diário de viagem da delegação das TFPs pela Lituânia e Rússia. “De Maria esperávamos o impossível. Uma parte Ela já realizou”. ________________________________________ A presente crônica é uma síntese de entrevistas com os 11 membros da delegação das TFPs, contidas em mais de 800 páginas datilografadas. E a delegação gravou em fitas magnéticas, que se encontram arquivadas, a íntegra dos discursos de autoridades religiosas e políticas lituanas, consignados nesta reportagem. ________________________________________ 2-12-90 – Chegada a Moscou A delegação das TFPs, 11 membros, parte de Bruxelas pela manhã, em vôo da Lufthansa. Após escala em Frankfurt, chega a Moscou às 18.05 hs. O grupo viaja como convidado oficial do Parlamento da Lituânia. Aguardam no aeroporto moscovita, entre outros, o deputado Antanas Racas, membro da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento lituano; representantes do International Lithuanian Center (Centro Internacional Lituano); e uma equipe da TV lituana. O deputado Racas declara que a situação na Lituânia é tensa e a chegada da delegação, providencial. Na sala VIP, reservada para a Nomenklatura (altos funcionários do regime comunista), a delegação é recebida pela primeira ministra lituana Kasimiera Prunskiene, que acaba de chegar do Exterior. Dirige ela, em português, palavras de boas-vindas e, em seguida, pronuncia um discurso em alemão sobre o delicado relacionamento político entre a Lituânia e o Kremlin. Durante o jantar, na embaixada lituana em Moscou, chega o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Lituânia, deputado Emanuellis Zingeris, procedente de Vilnius, trazendo uma mensagem de boas-vindas do Presidente daquela nação, Vytautas Landsbergis. O deputado agradece a presença da delegação, em um momento crucial para seu país. À meia-noite, o Presidente Landsbergis procura por telefone o Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, presidente da delegação das TFPs, a fim de cumprimentá-lo e agradecer a visita. Manifesta seu desejo de receber a delegação em Vilnius, sede de seu Governo. 3-12-90 – No avião presidencial Pela manhã, novo telefonema do Presidente Vytautas para Dr. Caio V. Xavier da Silveira, comunicando-lhe que enviará a Moscou o avião presidencial, a fim de trasladar a delegação a Vilnius. O vôo fica combinado para a noite. Ao meio-dia, o programa oficial contempla uma visita ao Soviete de Moscou (Câmara Municipal). A comitiva se desloca em três automóveis da embaixada lituana, que estacionam no pátio interior do edifício. Serve de anfitrião um jovem deputado que lhes mostra diversas dependências do prédio, construído antes da Revolução de 1917. A seguir realiza-se uma reunião com uma comissão de 12 deputados de orientação contrária ao Partido Comunista. O Dr. Luiz Daniel Merizalde, da TFP colombiana, explica o que são as TFPs e sua atuação doutrinária anticomunista. Vários deputados fazem perguntas e tomam notas. Em meio à reunião chega a TV lituana e, pouco depois, uma equipe da principal TV soviética. Membros das TFPs concedem diversas entrevistas. As 23:30 hs. chegam a Vilnius (570.000 habitantes), no avião Yakovlev 40, do Presidente lituano.
4-12-90 – Com o Chefe de Estado da Lituânia Dr. Caio V. Xavier da Silveira narra o cordial encontro “No dia 4, às 11:35 hs., somos introduzidos no amplo gabinete presidencial. Portamos todos nossas capas rubras, com o leão dourado das TFPs. Levamos conosco numerosas caixas de microfilmes com os cinco milhões de assinaturas de apoio à independência da Lituânia. “O Presidente Vytautas dirige-se ao centro da sala, para cumprimentar-nos. Apresento-lhe cada membro da comissão. O encontro é muito cordial. O Presidente pronuncia um discurso de boas-vindas e agradecimento. Dele, destaco o seguinte trecho: `Não esperava ver aqui um grupo tão maravilhoso de jovens de tantos continentes…. Entendo que estão representando muitos países e muitos continentes, e poder-se-ia mesmo dizer que estão representando o mundo ocidental…. Toda a Lituânia ficará agora sabendo de sua ação por nós. Cinco milhões de pessoas que nos apoiam, mais do que a população lituana (ri). Espero que sua mensagem atinja as consciências das pessoas no mundo todo.’ Respondo com um breve histórico da campanha das TFPs, e termino com um `Teguivoia laisva Lietuva!’ (Longa vida para a Lituânia livre!). “Seguem-se trocas de presentes. Entregamos-lhe, primeiramente, um artístico pergaminho, com o texto da petição em prol da liberdade da Lituânia. O pergaminho possui uma única assinatura: a do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, inspirador da campanha. A seguir, lhe são apresentados os microfilmes. Depois um álbum com fotografias da campanha em 26 países, que o Presidente folheia detidamente e comenta. Por fim, uma árvore de artesanato brasileiro feita toda de topásios. “É meio-dia. O Presidente Landsbergis assina um documento atestando a recepção oficial de um dos maiores abaixo-assinados da História. Retribui com um álbum documentando as perseguições sofridas pelo povo lituano, e impondo a cada qual um distintivo com o cavaleiro lituano, símbolo da nação. Logo após somos fotografados junto ao primeiro mandatário lituano, com a bandeira de sua nação e o estandarte da TFP (o mesmo que dois dias depois tremulará na praça Vermelha de Moscou). “No final da audiência, de cinqüenta minutos, a fisionomia do Presidente reflete o contentamento pelo apoio recebido da opinião pública ocidental. A despedida é efusiva. Pouco depois, viajará ele para os Estados Unidos e Canadá. Um membro de nossa delegação lhe oferece a colaboração da TFP norteamericana. Ao sair, meu olhar se fixa, em uma pequena mesa da sala, sobre expressiva imagem do Cristo Pintójelis, muito venerado pelos lituanos: coroado de espinhos, sentado e apoiando a cabeça em uma de suas sagradas mãos”. Às 19.00 hs a delegação retorna de trem a Moscou, no vagão do Presidente da Lituânia. 5-12-90 – Em Moscou 9:30 hs, chegada à capital soviética. Contatos de imprensa e um giro pela cidade. 6-12-90 – Grande ousadia Fernando Antunez A., integrante da delegação das TFPs, relata o episódio altamente simbólico. “Na quinta-feira, dia 6, às duas da tarde, saímos da embaixada lituana, nossa residência em Moscou, e nos dirigimos à praça Vermelha. Nosso guia explica que `vermelho’, em russo, significa `belo’ e que a praça já se chamava assim à época dos Czares. “Sopra um vento gelado. O frio atinge alguns graus abaixo de zero. O céu está coberto, branco, prestes a nevar. Diante das cúpulas da Basílica de São Basílio revestimo-nos logo de nossas capas e desfraldamos o estandarte `belo’ da TFP… A seguir, passando em frente à porta do Salvador (entrada principal do Kremlin) caminhamos em direção ao centro da praça. Adiante, à esquerda, divisa-se o sinistro mausoléu de Lênin… “Reunimo-nos em torno do estandarte, de costas para as muralhas do Kremlin. Atônitos, os transeuntes detêm-se para olhar. Mas nada perguntam ou comentam, ensimesmados e absortos em seus próprios pensamentos. Muitos fotografam. Um turista sueco, desgrenhado, aproxima-se e, em inglês, comenta que parecemos pessoas perigosas. Afirma que somos fascistas, ao que nosso guia, apontando o túmulo de Lênin, lhe responde com ênfase: `O maior fascista da História é aquele que está deitado ali, sou lituano e sei o que estou dizendo!'” “À distância, dá-se uma troca da guarda diante do túmulo de Lênin. O passo dos soldados – com algo de autômatos – é lento, frio, soturno. “Guardas russos se aproximam: interpelar-nos-ão? Após instantes de dúvida, vemos que eles continuam seu caminho. “O momento é especialmente solene. Esse estandarte que tremula representa valores da civilização cristã pelos quais estamos dispostos a dar nossas próprias vidas. E tremula não só no centro da praça Vermelha, no coração de Moscou, mas no epicentro mesmo do império comunista. Mal podemos esconder a emoção. Um sonho que parecia impossível começa a realizar-se. Rezamos pela conversão da Rússia, pela católica Lituânia, por tantas outras intenções. O primeiro brado — `Tradição, Família, Propriedade!’ — é merecidamente em honra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, inspirador das TFPs. “Anoitece cedo no rigoroso inverno moscovita. Enquanto nos retiramos, caía uma chuva gelada”. Às 20.00 hs., realiza-se a segunda viagem a Vilnius, no vagão presidencial da Lituânia. 7-12-90 – Capela de São Casimiro
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