No dia 26 de setembro foi assinado na cidade colombiana de Cartagena de Índias um frágil e polêmico acordo de “paz” entre o governo colombiano e os narcoguerrilheiros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que faz enormes concessões às FARC dos pontos de vista político, jurídico e financeiro. Com efeito, as FARC terão representação obrigatória no Poder Legislativo para discutir sobre a aplicação dos acordos, sem necessitarem sequer de um voto; receberão uma espécie de “absolvição” jurídica dos crimes que cometeram durante décadas; e serão concedidos benefícios financeiros a cada um dos guerrilheiros.
As concessões governamentais são enormes, como o reconheceu o próprio presidente Santos em entrevista ao jornal colombiano “El Heraldo”, quando afirmou que o governo optou pela “paz” em detrimento da justiça. Além das concessões, existem a precariedade e a fragilidade dos acordos, reconhecidas também por ele na mencionada entrevista, na qual confidenciou que nos últimos dias das negociações em Havana os narcoguerrilheiros começaram a apresentar novas condições, que por sua vez exigiriam novas concessões, a ponto de o presidente dizer a seus representantes: “Se isso é o que eles creem que vão conseguir, terminemos já.” Então, na reta final, diante das novas exigências e chantagens das FARC, esteve-se a ponto de parar tudo e voltar para a estaca zero.
Nesse sentido, não é por acaso que o presidente Santos se negou a discutir os acordos de “paz” com o ex-presidente Uribe, que se lhes opõe por considerar que as FARC ficarão donas da situação e poderão continuar chantageando politicamente os colombianos, como o fizeram com a violência e o sequestro durante cinco décadas. É uma ingenuidade pensar que os narcoguerrilheiros vão se desmobilizar totalmente. Falando na Câmara de Deputados, o recém-nomeado Fiscal Geral da Nação, Néstor Humberto Martínez, acaba de alertar que os territórios que as FARC estão deixando são rapidamente dominados por guerrilheiros que se definem como “dissidentes das FARC”, pelo ELN (Exército de Libertação Nacional) e por narcotraficantes. O Fiscal disse textualmente que os narcotraficantes “estão começando a chegar a esses territórios e começam a confrontar-se, de um lado com o ELN, que está num processo de expansão efetivo, e de outro lado com organizações dissidentes das FARC, que também têm presença no território”. Martínez concluiu fazendo um apelo ao governo para que controle a situação. “Não podemos ficar inermes, nem tudo pode ser para a jurisdição de transição”.
Em 2 de outubro, seis dias depois da assinatura dos acordos em Cartagena, haverá um plebiscito mediante o qual a população escolherá entre o apoio aos acordos de “paz” ou a recusa dos mesmos. O governo afirma que o “grande desafio” com vistas ao plebiscito será “neutralizar quase quatro anos de mentiras e desinformação”, não precisamente das FARC, mas dos opositores dos acordos. Este é um mero exemplo da parcialidade governamental pró-FARC.
A pressão internacional para que os colombianos capitulem no próximo plebiscito é enorme, a ponto de os ex-presidentes Uribe e Pastrana terem feito um veemente apelo aos presidentes, chefes de Estado e autoridades do mundo inteiro, incluindo o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Parolin, para que não interfiram nos assuntos internos da Colômbia.
Vista do exterior, a situação da Colômbia se assemelha a um tobogã ou rampa inclinada pela qual uma nação inteira vai deslizando. Ao pé dos tobogãs costuma haver uma areia fofa, para amortecer a queda. Contudo, não se consegue vislumbrar o que existe junto à base do tobogã colombiano. Alguns dizem, em tom tranquilizador, que há um jardim pronto para florescer nesta primavera. Seria o símbolo da “paz” que a Colômbia alcançaria caso os acordos governamentais com as narcoguerrilha sejam aprovados no próximo plebiscito. Outros não compartem esse otimismo e suspeitam que ao pé do tobogã possa haver um pântano ou, talvez, um abismo.
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(*) Fonte: Notas de “Destaque Internacional”. Documento de trabalho, em 21 de setembro de 2016. Este texto, traduzido do original espanhol por Hélio Dias Viana, pode ser divulgado livremente.
Extraordinario análisis. La “paz”, a cualquier precio.
Importante destacar la vinculación de agendas ideológicas de las guerrillas comunistas y la socialdemocracia o Internacional Socialista: ambas, promotoras de la Ideología de Género.
Pobre COLÔMBIA, que graças a Fraqueza e Covardia do actual Presidente Juan Manoel Santos, deixará esta Nação Irmã REFÉM do TERRORISMO. VERGONHA.
O resultado do Plebiscito, vai depender da forma como ele vai ser apresentado ao eleitor,
se for de forma simplista: “Voce é contra ou favor da Paz com as FARCs?” a tese da Paz
será vencedora com larga vantagem!
Mas se houver um detalhamento das condições em que essa paz será alcançada, então
o resultado vai depender do empenho das partes envolvidas na tarefa de influenciar o eleitor
a ser contra ou favor desta ou daquela proposta!