Com o resultado final da recente eleição presidencial no Peru, realizada no passado 10 de abril, disputarão o segundo turno no próximo 5 de junho o candidato esquerdista Ollanta Humala (31,7% dos votos), manipulador de sentimentos e ressentimentos primários das populações do interior, e a filha do ex-presidente Alberto Fujimori, Keiko (24%), cujo movimento “Força 2011” pode ser definido como populista e vagamente de direita.
No caminho ficaram os improvisados movimentos liberal-centristas, que concorreram com programas quase idênticos e, devido aos ataques recíprocos entre seus candidatos, acabaram muito desgastados junto ao público. Esse desgaste, somado ao virtual desaparecimento dos partidos políticos tradicionais, é um reflexo da crise que o sistema dito representativo, artificialmente imposto pela Revolução Francesa, atravessa no mundo inteiro.
Ainda é cedo para um comentário mais detido e preciso sobre a eleição peruana do ponto de de vista do luminoso ensaio de Plinio Corrêa de Oliveira, “Revolução e Contra-Revolução“. Entretanto, desde já podemos adiantar uma observação muito substanciosa de fonte insuspeita, a ultra-liberal agência de notícias BBC.
Um dos candidatos derrotados é o ex-presidente do Peru de 2001 a 2006, Alejandro Toledo, que até poucas semanas antes da eleição liderava comodamente as pesquisas, mas acabou despencando para um humilhante quarto lugar, bem longe dos três primeiros.
Ao se referir à queda vertiginosa nas intenções de voto sofrida por Toledo nos últimos dias antes do pleito eleitoral, a BBC assinala: “o ex mandatário equivocou o caminho, coincidem analistas, ao se dedicar aos ataques ao presidente Alan García, e ao introduzir propostas, por exemplo, sobre o matrimônio homossexual ou falar do aborto” (Cfr:http://www.bbc.co.uk/mundo/noticias/2011/04/110410_peru_elecciones_previa_domingo_rg.shtml).
O ímpio mas inteligentíssimo Voltaire dizia que “a opinião pública é a rainha do mundo“. Toledo tocou num ponto nevrálgico da opinião pública, um “fio de alta tensão” de natureza moral relacionado com a família, e literalmente foi eletrocutado. Mansamente, sem ruído, depois de suas declarações, o majoritário público católico peruano foi lhe dando as costas sem remédio.
Sirva isso de alento para todos aqueles, no Peru como no Brasil e em tantos outros países, meritoriamente se empenham na batalha pela defesa da família. Eles contam com a arma decisiva, a opinião pública. A questão é saber utilizá-la.
Uma análise bem criteriosa das eleições presidenciais de primeiro turno no Peru. Fiquei com a idéia de que parece que há uma espécie de “cacoete” ou tiques nervosos de candidatos que representam a assim chamada “direita”: toda vez que há um candidato de esquerda que a midia quer favorecer e ele é fraco ou não tem força para ganhar a direita sempre se divide e brigam entre si esquecendo de atacar a esquerda. Curioso não acham?