Em Roma, durante o Sínodo Pan-Amazônico, Deus e a Santíssima Virgem Maria foram substituídos por ídolos pagãos em algumas celebrações
O mundo católico se estarreceu com a “cerimônia” realizada nos jardins do Vaticano, na véspera da abertura do Sínodo Pan-Amazônico, pois se tratou de um ritual indígena de magias para obter curas e outros favores, invocando poderes preternaturais. Muitos a classificaram de “pajelança”, com algumas agravantes:
Foi realizada na presença do Papa Francisco e de Dom Claudio Hummes, relator-geral do Sínodo e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), além de alguns cardeais, bispos e eclesiásticos.
Em vez de uma cerimônia religiosa, que poderia ser uma procissão conduzindo uma reprodução da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, tão ligada à conversão dos indígenas, levaram sobre uma canoa, à maneira de um andor utilizado em procissões, uma “adaptação amazônica com traços afros” da imagem que foi denominada pachamama (a “mãe terra”) — divindade cultuada por certas tribos indígenas, sobretudo da região dos Andes, e que mais recentemente está sendo cultuada também por ecologistas radicais; num ato de idolatria, alguns se prosternaram diante da efígie pagã.
IDOLATRIA NA CIDADE ETERNA
Antes inimaginável, tal afronta à Santíssima Virgem, destronada e preterida por uma estátua imoral e demoníaca, foi praticada nos jardins do Vaticano. Em seguida ela foi levada sobre os ombros, “em procissão”, à Basílica de São Pedro e a outras igrejas de Roma, enquanto idólatras dançavam e entoavam cânticos fetichistas intercalados com hinos religiosos. Como se essa abominação não bastasse, uma estampa desse ídolo pagão foi colocada no auditório onde se reúnem os padres sinodais.
No contexto do Sínodo, as ruas próximas ao Vaticano presenciaram também uma paródia da Via Sacra, na manhã do dia 18 de outubro, denominada Via Crucis Amazônica [foto acima]. Exaltou em suas 14 estações equivocados “direitos humanos”, incitou à luta de classes e de raças, e criticou os “abusos da colonização”. Seu encerramento se deu na Praça de São Pedro, com pessoas prosternadas diante da pachamama. Desse evento, sempre com a presença da escultura idolátrica, participaram índios, bispos, sacerdotes e religiosos. Também estiveram presentes Dom Pedro Ricardo Barreto Jimeno, SJ, arcebispo de Huancayo (Peru) e vice-presidente da REPAM. De uma dança dos aborígines, chegou a participar Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho, presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), enquanto os índios cantavam, tocavam seus instrumentos musicais primitivos e incensavam os presentes (com a “fumaça de Satanás”).
À vista dessas irreverências e profanações, nunca é demais relembrar o que está contido na Sagrada Escritura (Salmos 95, 5): “Omnes dii gentium dæmonia” – todos os deuses dos pagãos são demônios.
REAÇÕES JUSTAS E NECESSÁRIAS
As “pajelanças” nos jardins do Vaticano, e também diante do Santíssimo Sacramento em igrejas romanas, provocaram viva indignação e justa reação de movimentos e fiéis católicos do mundo inteiro.
O site LifeSiteNews organizou um abaixo-assinado pedindo ao Vaticano que a Igreja impeça tais atos e faça respeitar o Primeiro Mandamento da Lei Divina: “Eu sou o Senhor, teu Deus […]. Não terás outros deuses diante de minha face” (Êxodo 20, 2-3). A petição exigia a remoção das imagens da pachamama e outros objetos sincréticos que foram introduzidos em templos católicos de Roma, pois isso confunde os fiéis e os induz ao erro.
O cacique da etnia Macuxi, Jonas Marcolino, disse ter tomado conhecimento da referida “pajelança”, e observou que, sem dúvida alguma, tratou-se de um ato pagão com todas as características de rituais indígenas da região amazônica.
Do clero brasileiro, uma reação enérgica foi do bispo emérito de Marajó (PA), Dom José Luiz Azcona, que se manifestou indignado com as “figuras nuas esculpidas de mulheres indígenas grávidas, que aparecem repetidamente no Sínodo da Amazônia e em eventos organizados pela ‘Amazônia Casa Comum’ e pela REPAM”. Classificou as liturgias sincretistas de “motivo de escândalo para toda a Igreja” (cf. LifeSiteNews, 21-10-19).
Refletindo a mesma indignação, nas primeiras horas da manhã de 21 de outubro alguns católicos entraram na igreja de Santa Maria em Traspontina, nas proximidades do Vaticano, e retiraram as três estátuas da pachamama que lá estavam expostas num altar. Caminharam em seguida até a histórica Ponte Sant’Angelo, de onde as lançaram no rio Tibre. Os autores se declararam agredidos em sua fé por aqueles objetos anticatólicos, por isso não poderiam ficar indiferentes.
Foram inúmeros nas redes sociais os comentários elogiosos a esse gesto, corajoso e sumamente simbólico. Muitos comparam a bela atitude de seus autores com a cólera de Nosso Senhor Jesus Cristo, expulsando com um chicote os vendilhões que conspurcavam o lugar santo que era o Templo: “Está escrito: A minha casa é casa de oração! Mas vós a fizestes um covil de ladrões” (Lc 19, 45-46). Um jovem católico comentou: “Eu sou da Amazônia (Belém, PA), e digo com toda autoridade: católicos da Amazônia estão comemorando a destruição do ídolo pagão de ‘pachamama’. Na Amazônia, temos apenas uma rainha: Nossa Senhora de Nazaré, o horror dos pagãos”.
INDISPENSÁVEL REPARAÇÃO
A fim de se abafar as incontáveis reações, alguns prelados tentaram impingir reinterpretações contraditórias para a imagem da pachamama, como sendo apenas um “símbolo da vida, da fertilidade e da mãe terra”. Por exemplo, Paolo Ruffini, Prefeito do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, disse numa conferência de imprensa que a imagem poderia, entre outras coisas, ser da Virgem Maria. Ninguém acreditou nem aceitou, pois não se sabe o que é pior: a exaltação de uma imagem nua representando Nossa Senhora (um grave ultraje blasfemo contra Ela) ou a idolatria ao ídolo! O próprio Vaticano desmentiu essa reinterpretação de Paolo Ruffini, mas não conseguiu apresentar outra.
Agindo de modo oposto ao dos grandes missionários Nóbrega e Anchieta, a quem o Brasil católico deve seu glorioso passado, os missionários progressistas adeptos da eco-teologia pleiteiam o abandono da ideia de conversão religiosa dos índios, para que se mantenham no paganismo, com seus costumes primitivos, idolatrando ídolos diabólicos, acreditando em superstições e magias dos espíritos malignos, praticando rituais de feitiçarias, canibalismo, infanticídio etc.
Devemos nos empenhar para oferecer a Deus e à Virgem Santíssima reparação pelos ultrajes desses rituais pagãos. Melhor ainda, empreender todos os esforços para reduzir ao mais completo fracasso o projeto de manter os indígenas em seus costumes primitivos e nos cultos pagãos. Não podemos também admitir a introdução de práticas e rituais do paganismo aborígine mesclados na liturgia católica.
Diante dessa terrível apostasia de uma igreja nova “com o rosto amazônico”, vem a propósito a indagação contida em artigo de Plinio Corrêa de Oliveira na “Folha de S. Paulo”, em 5 de janeiro de 1975, sob o título Quem ainda é católico na Igreja Católica?: “Uma pergunta que, também a propósito da conduta face ao comunismo e de diversos outros assuntos, pode ser feita: quem ainda é católico apostólico romano dentro desse imenso magma de 600 milhões de pessoas — cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos — habitualmente tidos como membros da única e imperecível Igreja de Deus?”.
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Fonte: Revista Catolicismo, Nº 827, Novembro/2019.