Tratado Marial de São Luís: Maria é necessária para chegarmos ao fim (XIV)

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Continuamos a publicação dos comentários ao Tratado da Verdadeira Devoção feitos pelo Prof. Plinio em conferências para jovens nos anos 50.

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SEGUNDA: Maria é necessária aos homens para chegarem ao seu último fim 

São Luís Grignion tira a seguir outra conclusão, também óbvia: Nossa Senhora é necessária aos homens para chegarem ao seu último fim. É coisa evidente, pois se Nossa Senhora é necessária para sermos gerados em Jesus Cristo, é necessária para chegarmos ao último fim, que se atinge quando somos gerados em Jesus Cristo.

 

Em seguida ele nos mostra que a devoção a Nossa Senhora é especialmente necessária para aqueles que querem atingir uma grande santidade. É também óbvio. A santidade é uma graça insigne de Deus. Se Nossa Senhora é a medianeira de todas as graças, sem a devoção a Ela jamais se alcançará esse estado. 

A devoção à Santíssima Virgem será especialmente necessária nesses últimos tempos 

O propósito de São Luís Grignion ao escrever este “Tratado” não foi o de fazer uma obra como a de Mons. Henri Delassus, a respeito do passado, do presente e do futuro da civilização cristã. Desta maneira, os elementos proféticos que se encontram na exposição de São Luís Grignion figuram mais ou menos acidentalmente. Ele nos fala a respeito do fim do mundo e dos fatos que o antecederão, apenas na medida em que poderiam interessar à devoção mariana. Mas como, além de saber em que medida essas coisas podem interessar à devoção mariana, interessamo-nos também em conhecer seu pensamento a respeito do fim do mundo, temos de colher, em pontos esparsos do Tratado, os elementos necessários para tal. 

São Luís Grignion começa a tratar da questão no parágrafo terceiro da segunda conseqüência: “A devoção à Santíssima Virgem Maria será especialmente necessária nesses últimos tempos” (tópico 49). 

Notemos bem: será necessária “nesses últimos tempos”. Parece que há uma antítese nesta frase, porque dizer que “será necessária nesses últimos tempos” parece uma contradição. 

A expressão “últimos tempos”, na linguagem comum, significa os tempos mais recentes. Podemos, por exemplo, dizer que “nos últimos tempos temos feito tal ou tal coisa”. São os tempos mais próximos. Ora, dizer que uma coisa “será necessária nesses últimos tempos” é aparentemente contraditório. É evidente então que ele entende por “últimos tempos” os últimos tempos nos quais estamos, e que vão daqui por diante se prolongar. A devoção a Maria será necessária, pois, nesses últimos tempos que já começaram, nos quais já estamos, e que daqui para a frente vão se desenrolar. Veremos isso ao longo da exposição. 

São Luís Grignion aponta muito bem os prenúncios da Revolução Francesa. Ele não fala claramente numa revolução, mas menciona uma decomposição moral, religiosa e social que está preparando uma catástrofe. Ele vê essa decomposição, essa desagregação, como um passo preliminar do fim dos temposEsta é a perspectiva em que ele se situa. A respeito dela, veremos o seu pensamento ao longo do livro. 

Papel especial de Maria nos últimos tempos – São Luís Grignion divide o papel de Nossa Senhora na história da Igreja em duas partes: 1) quando da primeira vinda de Nosso Senhor; 2) quando da futura segunda vinda de Nosso Senhor. 

Segundo ele, quando da primeira vinda Nossa Senhora teve um papel muito escondido, porque, sendo Ela de uma formosura e de um esplendor de personalidade sem iguais, poderia, de certo modo, atrair por demais as vistas e as atenções, deslumbrando tanto, que o papel de Seu divino Filho não ficasse inteiramente claro a todos os homens. Por essa razão, foi prudente mantê-La na sombra. E assim o Evangelho fala pouco de Nossa Senhora. 

Na aurora da Igreja, a irradiação do Seu esplendor era inoportuna, mas na segunda vinda de Nosso Senhor se dará o oposto. Note-se como a idéia dos últimos tempos já está aqui marcada. Com efeito, sabemos que no fim dos tempos Nosso Senhor virá novamente. São Luís Grignion fala realmente, portanto, do fim dos tempos, quando Jesus Cristo virá pela segunda vez. Nessa segunda vinda Nossa Senhora terá um papel salientíssimo. 

Temos aqui um segundo elemento profético, que se soma ao que ele já enunciou afirmando que estamos nos primórdios dos últimos tempos. Agora ele diz que Nossa Senhora é a figura central dos últimos tempos. São Luís Grignion profetiza que a devoção a Ela vai ser muito mais patente, a Sua ação muito mais visível, o Seu papel na teologia muito mais relevante, à medida que formos nos aproximando dos últimos tempos. 

O papel de Nossa Senhora vai, portanto, crescendo ao longo da história da Igreja. Quando for plenamente conhecido e chegar ao seu completo desenvolvimento, e as intervenções da Santíssima Virgem na vida espiritual quotidiana dos fiéis forem se tornando mais numerosas, mais evidentes, mais translúcidas, teremos o sinal de que os últimos tempos estão próximos. 

O engrandecimento da devoção a Nossa Senhora está na raiz dos últimos tempos 

São Luís Grignion desenvolve a seguir a afirmação de que há uma incompatibilidade fundamental entre Nossa Senhora e o demônio. Ele nos mostra que tudo quanto Deus faz é perfeito; que Ele formou uma só inimizade, mas que essa inimizade é perfeita e durável como todas as obras de Deus; e que, portanto, a inimizade entre os filhos do demônio e os filhos de Nossa Senhora é uma inimizade perfeita, completa, durável, que irá até o fim dos tempos. E os últimos tempos são precisamente aqueles em que o demônio, segundo tudo nos leva a crer, terá um poder maior sobre os homens, por causa da malícia humana. Serão os tempos do Anticristo. É bem verdade que se pode sustentar que entre a vinda do Anticristo e o fim do mundo mediará muito tempo, mas é um fato discutível; de qualquer forma, a vinda do Anticristo é considerada um prenúncio do fim do mundo.”

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