Convidamos nossos leitores a lerem o Post anterior que facilitará a compreensão dessa importante previsão de São Luís Grignion sobre os futuros apóstolos da Santa Igreja. Os comentários são de autoria do Prof. Plinio em conferência para jovens católicos por volta de 1950.
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“Os Santos dos Últimos Tempos
No tópico 54, São Luís Grignion começa a tratar, pela primeira vez, dos santos que, suscitados por Nossa Senhora, florescerão nos últimos tempos da Igreja, e que serão de uma santidade maior do que os de qualquer tempo anterior. São Luís Grignion, em tom profético, trata longamente destes Santos dos Últimos Tempos.
“Mas o poder de Maria sobre todos os demônios há de patentear-se com mais intensidade nos últimos tempos, quando Satanás começar a armar insídias ao seu calcanhar, isto é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais Ela suscitará para combater o príncipe das trevas” (tópico 54).
Aparece aqui um terceiro elemento: haverá pessoas que, suscitadas por Maria de modo especial, farão a guerra ao demônio. Contra essas almas, Satanás levantará a mesma guerra que urde contra Nossa Senhora. Esses escravos de Maria, pela submissão e união a Ela, serão o Seu calcanhar, alvo das insídias do demônio, mas também instrumento para aniquilá-lo.
Nosso sinal: o “tau” ou o calcanhar?
“Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixados diante de todos, como o calcanhar; calcados e perseguidos como o calcanhar, em comparação com os outros membros do corpo” (tópico 54).
Fato terrível: a vocação do apóstolo de Nossa Senhora é ser como que o calcanhar do gênero humano, que o pisa e anda calcando-o. A vocação daqueles que são apóstolos de Maria Santíssima consiste em servir de calcanhar. De calcanhar ativo, que retribui os golpes.
Quando consideramos a nossa situação de apóstolos da Contra-Revolução, devemos reconhecer que ela tem muito de “calcanharesco”.
Se não tivéssemos escolhido por nosso sinal o “tau”, escolheríamos o calcanhar. O calcanhar tem uma sublime missão. Se é bem verdade que ele é calcado, é dele a glória de calcar. E há uma cabeça que foi feita para ser por ele pisada: a de Lúcifer. Devemos estar à procura dessa cabeça, para pisá-la, com a graça de Nossa Senhora.
Serão santos superiores a toda criatura
“Mas, em troca, eles serão ricos em graças de Deus, graças que Maria lhes distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em santidade diante de Deus, superiores a toda criatura, por seu zelo ativo” (tópico 54).
São Luís Grignion faz um outro prenúncio: os apóstolos dos últimos tempos serão santos excepcionais, como não há em nossa época e não houve no passado. Dizendo “superiores a toda criatura“, envolve pois as do passado. Serão Santos maiores do que todos os dos séculos passados. Deverão florescer no futuro, mas de sua santidade e de sua vocação participam desde já todos aqueles que batalham nesta mesma luta contra o poder das trevas.
“… e tão fortemente amparados pelo poder divino que, com a humildade de seu calcanhar, e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo” (idem).
É o final da profecia: haverá um período de justiça, alcançado por estes apóstolos. Eles esmagarão a cabeça do demônio.
Vemos, portanto, as características fundamentais desses apóstolos, postas por São Luís Grignion:
a) É uma raça espiritual, oposta e irredutivelmente adversa a Lúcifer e à raça deste;
b) São homens que viverão num estado de perseguição constante;
c) Serão chamados por Maria Santíssima, de um modo especial, a uma grande dedicação à causa da Igreja;
d) Acabarão por vencer, porque esmagarão a cabeça do demônio.
São os traços distintivos dos Santos dos Últimos Tempos. Mas, como estes tempos já começaram (segundo a linguagem de São Luís Grignion, a sua época estava já dentro da perspectiva dos últimos tempos), os santos de nossa época estão já numa espécie de relação com os dos últimos dias da Igreja. O santo de nossa época é, pois, o tipo do santo dos Últimos Tempos, descrito por São Luís Grignion, que ele apresenta como um fruto característico da devoção a Maria Santíssima.
Há, portanto, uma conexão muito grande entre os últimos tempos e a nossa época, entre os Santos dos Últimos Tempos e os batalhadores da causa da Igreja em nossos dias.
Os Apóstolos dos Últimos Tempos
São Luís Grignion nos fala agora especificamente dos Apóstolos dos Últimos Tempos: “Deus quer, finalmente, que Sua Mãe Santíssima seja agora mais conhecida, mais amada, mais honrada, como jamais o foi” (tópico 55).
Dizíamos acima que, nos últimos tempos, Nossa Senhora seria mais conhecida e mais amada. Neste tópico São Luís Grignion nos afirma que é agora, isto é, no tempo dele. Portanto, sua época já participa dos últimos tempos.
“E isto acontecerá, sem dúvida, se os predestinados puserem em uso, com o auxílio do Espírito Santo, a prática interior e perfeita que lhes indico a seguir” (tópico 55).
Eis o papel histórico da devoção que prega. É o meio pelo qual os predestinados da graça podem adquirir este espírito e colocar-se de acordo com a sua vocação. É a devoção que até aí conduz.
“E, se a observarem com fidelidade, verão então claramente, quanto lho permite a Fé, esta bela Estrela do Mar, e chegarão a bom porto, tendo vencido as tempestades e os piratas. Conhecerão as grandezas desta Soberana, e se consagrarão inteiramente a seu serviço, como súditos e escravos de amor” (tópico 55).
Será que antes de São Luís Grignion – poder-se-ia perguntar – ninguém conheceu Nossa Senhora? Maria Santíssima não levou antes dele ninguém a bom porto? Será que Ela não fez manifestar na Igreja, antes dele, as suas grandezas? Seria absurdo admiti-lo. Por que então ele apresenta estas coisas como típicas do seu espírito? É porque elas serão mais reais nas almas formadas em sua escola de espiritualidade do que em qualquer outra. O que já é verdade de todos os santos, de todos os que seguem a doutrina da Igreja, sê-lo-á muito mais ainda dos que seguirem a espiritualidade de São Luís Grignion.
Ele aqui apenas insinua o que irá dizer mais tarde: a devoção que ensina e os princípios mariais que inculca não são acessíveis ao conhecimento de qualquer homem. Conhecer bem Nossa Senhora, praticar esta devoção, é uma predestinação, é uma graça especial, não comum. Esta não é uma devoção para qualquer pessoa, mas apenas para alguns predestinados. É uma graça especialíssima, que Deus reserva para os últimos tempos. Por isso, mais tarde ele dirá que, para compreender esta devoção e praticá-la verdadeiramente, é preciso ter recebido um chamado muito especial. O restante do tópico contém uma série de promessas sobre as quais não há comentários especiais a fazer.
Serão como flechas
“Mas quem serão esses servidores, esses escravos e filhos de Maria? ” (tópico 56).
Aqui segue a descrição dos Apóstolos dos Últimos Tempos: “Serão ministros do Senhor, ardendo em chamas abrasadoras, que lançarão por toda parte o fogo do divino amor. Serão sicut sagittæ in manu potentis (Sl. 126,4) flechas agudas nas mãos de Maria todo-poderosa, pronta a transpassar seus inimigos” (tópico 56).
A devoção a Maria Santíssima, segundo São Luís Grignion, está aliada à combatividade. Não se trata apenas de fazer “cordeirinhos de Cristo Rei”.
Serão ascetas, colados a Deus e à Sua Igreja
“filhos de Levi, bem purificados no fogo das grandes tribulações, e bem colados a Deus” (tópico 56).
É importante observar o grau de união a Deus, que está prometido. E só há um meio de estar colado a Deus: é estar colado à Igreja de Deus. Estar colado significa estar unido sem qualquer interstício, sem vácuo algum; é estar preso por todas as aderências possíveis à Igreja de Deus. Este é o sentido que ele nos quer dar, inculcando o espírito de devoção à Igreja Católica.
“… que levarão o ouro do amor no coração, o incenso da oração no espírito, e a mirra da mortificação no corpo” (tópico 56).
É a idéia da ascese, da austeridade, da virtude dura, mortificada.
Serão o bom odor de Jesus Cristo para os desapegados
“… e que serão em toda parte, para os pobres e pequenos, o bom odor de Jesus Cristo; e para os grandes, os ricos e os orgulhosos do mundo, um odor repugnante de morte” (tópico 56).
O que são, na linguagem da Escritura, os pobres e os pequenos? Não são os sequazes dos demagogos modernos. Ser pobre e pequeno é ser pobre de espírito, é ser desapegado. Para esses é que é bom odor a presença dos servidores de Maria.”
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado04.htm#.Y-D7YHbMJPY