Tribalismo indígena, ideal da neomissiologia

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    Igreja de Na. Sra. da Assunção (Reritiba, ES), construída pelo Padre Anchieta em 1564 — Afresco de Giuseppe Irlandini, Palácio Anchieta (Vitória, ES). Edifício religioso, símbolo arquitetônico da autêntica missiologia, que foi empreendida pelo Apóstolo do Brasil e abnegados religiosos nos primórdios de nossa História.

    Uma nova ordem para a sociedade, baseada na organização tribal, porque índio vive em comunidade de bens, numa ausência completa de salários, patrões etc. Somente a tribo prevalece, absorvendo quase todas as liberdades individuais.

    Ao contrário da concepção católica tradicional das missões, uma recente e ativa corrente ideológica de neomissionários, indigenistas, ecologistas, antropólogos e pseudo-historiadores prega o desmantelamento da sociedade atual e a volta à taba. Dela participam “teólogos da libertação”, centros pastorais e comunidades de base além das ONGs (Organizações Não-Gover­namentais). Tal corrente conta ainda com o apoio de grandes universidades, principalmente europeias, e também de poderosos grupos internacionais que promovem o financiamento de suas atividades.

    Apresentando-se como ultra-avan­çados, na verdade pregam um retrocesso de vários séculos na História, ao fazer a apologia da tribo primitiva e pagã como modelo de vida comunitária e social.

    Já na década de 70, alguns neomis­sionários, Bispos e organismos eclesiásticos de vanguarda — como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) — exerciam atividades que rumavam em direção ao comuno-tribalis­mo.

    Denunciou-o na época, com lúcida antevisão, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em sua obra “Tribalismo In­dígena, Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI” [ao lado, foto da capa] de onde retiramos os fundamentos doutrinários deste artigo.

    Baseada em vasta documentação, a obra traça a fisionomia ideológica da corrente comuno-tribalista, que hoje pretende adquirir foros de cidadania.

    Concepção progressista das missões

    Bem diferente do conceito católico tradicional de missões, o objetivo principal da missiologia “aggiornata” não é a evangelização dos infiéis, nem a salvação das almas, mas a criação de uma nova ordem para a sociedade.

    Ela aponta como seu adversário capital o egoísmo, que opera uma completa inversão de valores entre o indivíduo e a sociedade. Tal inversão — sempre segundo a neomissiologia — dá-se na medida em que o homem, rompendo sua inteira vinculação com a coletividade, toma por meta criar para si uma situação fruitiva, apropriativa e competitiva. O egoísmo geraria assim uma estrutura injusta, com privilégios, desigualdades, alienações, marginalizações etc, que seria necessário então desmantelar.

    Ora, segundo a doutrina católica tradicional, o homem tem uma tendência para o egoísmo, porém ele não é todo egoísmo, que é uma deformidade moral nele. O homem tem um fim imediato em si mesmo, e outro transcendente em Deus. A solução para o egoísmo não consiste, como quer a neomissiologia, em cair no extremo oposto, isto é, a comunidade absorvendo todas as liberdades individuais do homem.

    Muitos missionários sob a influência de tendências e opiniões marcadas pelo progressismo e pelo esquerdismo, forjaram uma ideia falsa a respeito das condições de vida dos indígenas, onde o primitivismo e a estagnação constituem a nota dominante.

    O índio lhes pareceu um sábio, e sua organização tribal o modelo a ser seguido pelos civilizados. Razão? As analogias entre a vida tribal e a vida da utópica sociedade comunista: comodidade de bens, ausência completa de lucro, de capital, de salários, de patrões, de empregados e de instituições de qualquer espécie. Só a tribo prevalece, absorvendo todas as liberdades individuais não fruitivas, com os homens vivendo satisfeitos e sem problemas, porque se despojaram de seu “eu”, de seu “egoísmo”.

    Segundo essa neomissiologia, o Evangelho já impregna completamente a esfera tribal, não sendo pois necessário anunciá-lo aos indígenas. A meta do neomissionário “atualizado” é livrar o índio do “contágio” da civilização, que lhe foi imposto pelos colonizadores e missionários de outrora.

    Porta-vozes da neomissiologia

    O leitor, por certo, desejará tomar conhecimento de textos em que instituições, personalidades e órgãos da neomissiologia exprimem diretamente seu pensamento. Do vasto material compilado foram selecionados alguns, que apresentaremos — devido à exigüidade de espaço nos estreitos limites de um artigo — sem comentários ­como faz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro.

    Entre as conclusões da Primeira Assembleia Nacional da Pastoral Indige­nista consta a seguinte: “Os índios já vivem as bem-aventuranças: não conhecem a propriedade privada, o lucro, a competição”.

    Do documento “Y-Juca-Pirama, o índio: aquele que deve morrer”, assinado por Bispos e missionários: “Um paraíso tribal, onde é coletiva a propriedade dos meios de produção e não existe autoridade… A missiologia ‘aggiornata’ inspira uma transformação radical de nossa sociedade”.

    Do plano pastoral dos Bispos da Amazônia: “A principal missão da Igreja não é converter os índios à Religião de Jesus Cristo, mas conservar­-lhes o estado tribal”

    Do Segundo Encontro Regional­ Norte de Mato Grosso do CIMI: “Evangelização é secundária para missionários que menosprezam o trabalho de Anchieta”.

    O falecido Dom Tomás Bal­duino, Bispo de Goiás Velho havia declarado: “Os povos indígenas são os verdadeiros evangelizadores do mundo… Vivendo em regime comunitário, os índios não precisam da Igreja”.

    Do livro Cartas da Prisão, de Frei Betto: “O preço de cada passo de nosso progresso é a ruína de mais uma tribo”.

    Declaração do Conselho Indigenista Missionário: “O índio americano é o único e verdadeiro senhor das terras”.

    Da Comissão Pastoral da Terra: “Índios e posseiros devem empenhar­-se em promover uma agitação agrária no País”.

    Contra a conquista e evangelização da América

    Ilustração do desembarque de Colombo. A grandiosa obra civilizadora e de cristianização do nosso continente por Portugal e Espanha é aviltada e difamada pelos falsos missionários

    Os defensores do neotribalismo missionário e indigenista, principais nomes da “Teologia da Libertação”, têm condenado a conquista e evangelização da América. Procuram denegrir a grandiosa obra civilizadora e de cristianização do nosso continente por Portugal e Espanha, afirmando que isso constituiu o maior genocídio físico e cultural da História. Eles falam de uma “resistência de 500 anos”, reivindicam indenizações pelo meio milênio de “ocupação” europeia, e chegam até a propor a existência de territórios com governos soberanos e autônomos para neles restaurar o coletivismo tribal dos índios.

    Assim, para o primeiro bispo de Crateús, falecido em 2006, Dom Antônio Fragoso, o descobrimento da América deve ser entendido como “uma invasão desrespeitadora, que causou o genocídio de quase todos os 70 milhões de indígenas aqui existentes. Queremos a Igreja pedindo perdão em público e tentando recuperar as culturas que foram destruídas. É preciso a Igreja Católica admitir que foi cúmplice na destruição da América Latina, numa aliança do projeto colonizador com o evangelizador” (O Globo, 6-5-92 – CNBB propõe penitência pela “invasão da América”).

    Já o Bispo de Xingu e presidente do CIMI, Dom Erwin Krautler, afirmou: “A Igreja deve fazer um exame de consciência e não celebrar um descobrimento, pois na América havia 90 milhões de indígenas e 70 milhões foram exterminados. A Igreja tem, em tudo isso, culpa histórica. Os indígenas perderam sua identidade quando se fizeram cristãos, e ainda não existe na América Latina uma Igreja com rosto indígena” (El Pais, Madrid, 29-4-92).

    A verdadeira doutrina sobre evangelização

    Estátua de Frei Francisco Vitória, em Salamca

    Em face das novidades pregadas por tais neomissionários, cumpre conhecer a verdadeira doutrina católica a respeito. Numa continuidade impressionante, os Romanos Pontífices, desde Alexandre VI até João Paulo II, pronunciaram-se sobre o tema à margem das controvérsias históricas, de modo a não deixar dúvidas.

    Quem percorrer os documentos papais desde o primeiro século de colonização, constatará o elogio feito à magna obra civilizadora. E também o minucioso cuidado da Igreja na correção dos abusos cometidos, pelo respeito aos direitos naturais dos índios e ao seu modo de vida, no que este tivesse de legítimo ou resgatável.

    João Paulo II, ao encerrar o Simpósio Internacional sobre História da América, no Vaticano, em 14-3-92, reafirmou os ensinamentos de seus predecessores e recapitulou os “fundamentos de uma colonização cristã” desenvolvidos por Frei Francisco Vitória (1480-1546), dominicano espanhol da famosa Escola de Salamanca.

    O Pontífice destaca que, “conforme a doutrina exposta por Vitória, em virtude do direito de sociedade e de comunicação natural os homens e povos mais bem dotados tinham o dever de ajudar os mais atrasados e subdesenvolvidos”. Assim justificava Vitória a intervenção de Portugal e Espanha na América. Nada de mais contrário, pois, à posição dos neomissionários.

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    Fontes:

    1) Plinio Corrêa de Oliveira, “Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no Século XX/”, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1979.

    2) Gustavo Gutierrez e outros, “/492-1992, A Voz das Vítimas”, Concilium, n° 232, Vozes, Petrópolis, 1990.

    3) Culturas oprimidas e a evangelização na América Latina, 8° Encontro Intereclesial de CEBs, Santa Maria (RS), 1992.

    5 COMENTÁRIOS

    1. TRIBALISMO INDIGENA MAS MODERADO?

      Aunque sin llegar a los extremos de la ” misionologia ” casaldaligiana , hay sacerdotes y religiosos que se aproximan en distinto grado induciendo a la praxis subversiva de la teologia de la liberacion en nombre de “los pobres indios”.

    2. Há muito tempo setores da Igreja Católica deixaram de cumprir sua missão junto aos índios que vivem na triste situação de ser-lhes negado a verdadeira Fé.

    3. Nada de novo no mimimi dos gramcistas, desta vez travestidos de “indigenistas” (termo que faz bastante sentido quando visto como forma de criar indigentes, tanto financeira quanto moralmente). Mais um amontoado de armadilhas semânticas para condenar a cultura ocidental, baseada na moral judaico-cristã, declarada como inimiga número um por Lênin. Subvertem, mentem, distorcem, produzem um constante vitimismo, coitadismo deslavado. São infernalistas, propagadores do caos e da destruição, sem, contudo, nada colocar no lugar, a não ser a futura “ditadura do proletariado”. Por isso mesmo não dizem, por exemplo, que na época das missões, eram os índios que se aproximavam das vilas e acampamentos dos missionários, pois gostavam do modo de vida do homem branco. Toda essa mentirada infinita foi muito bem desmascarada no livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, de Leandro Narloch, que conta com vasta referência bibliográfica. Referência esta que não aparece nas salas de aula do Brasil. Porque será, não?

    4. A Igreja tem, em tudo isso, culpa histórica. Os indígenas perderam sua identidade quando se fizeram cristãos, e ainda não existe na América Latina uma Igreja com rosto indígena” (El Pais, Madrid, 29-4-92).
      Se a igreja tem culpa neste ato, então, tem culpa em toda a história, porque no Brasil, hoje, estamos vivendo um caos e a igreja na pessoa dos bispos de antes e de agora, forma coniventes ou cumplices do comunismo fazer este estrago no país. e se formos aprofundar os horrores da guerra, de outras culturas, e aí vemos mais coisa onde podemos interpretar do mesmo modo.

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