A invasão da Checoslováquia (1968) pela URSS, a invasão da Ucrânia por Putin, 2022. Analogias.
Um grupo de jovens do IPCO costuma adestrar-se na análise dos acontecimentos atuais lendo e estudando artigos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na Folha de São Paulo.
Descobriram, leram e analisaram o artigo “Refletindo em pleno suspense” sobre a despótica e brutal ocupação da Checoslováquia (1968) pela bota das tropas da URSS.
Como reagiu o Ocidente nas duas invasões? Acompanhe.
Analogia de situação
De fato, há muitas analogias de situação quer na brutalidade da URSS invadindo a Tchecoslováquia em 1968 com a presente guerra de agressão movida pela Rússia de Putin em 2022 – quer também, e principalmente, no modo pelo qual a opinião do Ocidente vem acreditando nos sucessivos mitos (hoje se diria “narrativas”) espalhados por ardilosa propaganda de Moscou.
A “narrativa” dos anos 60
Naqueles idos dos anos 60, 70 a URSS fazia uso da psy war inundando o Ocidente com promessas de abrandamento. Teria passado a fase staliniana.
“A opinião pública vinha sendo embalada no mito de que os dirigentes da Rússia “desestalinizada” são amantes da paz. (…) como pôde a opinião mundial ser induzida a crer neste mito tão inconsistente? “Claro está que a causa mais imediatamente visível deste engano reside nas mil pequenas e grandes manobras que a União Soviética pôs em curso para se fazer aceitar como nação pacífica, e gozar, consequentemente, dos benefícios da coexistência.” (1)
A “narrativa” do século XXI
Como se processa a “narrativa” da ex URSS no século XXI?
O Ocidente corroído pela IV Revolução, pelos desvarios da Revolução de Maio de 68 na França, a consequente revolução sexual, o “proibido proibir”, o aborto, a agenda de gênero é apresentado pela psy war de Putin como sendo a imagem do anticristo. A ex civilização ocidental mole, sensual só poderia ser salva por um “novo Constantino” surgido dentro do mundo russo. Eis a imagem midiática, eis a propaganda psy war do novo modelo de “salvador” do Ocidente, ele se chamaria Putin.
Esse “novo Constantino” poderia, portanto, invadir e dominar a Ucrânia para “salvá-la” do apodrecimento moral, da influência do nefasto e corrupto Ocidente. O Ocidente, veremos adiante, precisa se converter e voltar à Casa Paterna. Entretanto, essa decadência não justifica a invasão da Ucrânia.
Nunca houve a Nurenberg da URSS
A Cortina de Ferro caiu em 1989. Putin a lamenta como sendo a maior catástrofe geo-política. Vejamos bem, Putin nunca censurou oficialmente a carnificina, o assassinato de dezenas de milhões de eslavos levado a cabo pelo regime comunista. Em 2017, ano do centenário da Revolução bolchevista, ele tinha a obrigação de fazer um “mea culpa” caso fosse realmente um anticomunista e renegasse seu passado de ex agente da KGB.
Assim escreveu o Prof. Plinio ao Presidente de Lituânia (1991):
“Levo ao conhecimento de V. Exa. o intenso gáudio que reina nas TFPs e Bureaux-TFP dos cinco continentes pelo seu gesto, sugerindo a formação de um tribunal internacional do gênero de Nuremberg, para julgar o crime dos comunistas soviéticos. E, ademais, o haver V. Exa. oferecido o território lituano para que nele fizesse suas sessões o dito tribunal.” (2)
Temos que lamentar: ONU, Vaticano, União Europeia, EUA, grande mídia, bilionários … ninguém pediu até hoje a Nurenberg do comunismo.
Aqui temos outra analogia da reação do Ocidente, no século XX, com aquela de 1968, quando houve a invasão da Checoslováquia: amamos mais a nossa comodidade, o gozo da vida, do que a honra.
Já em 2014 a invasão de anexação da Crimeia, por Putin, tornou-se fato consumado com a cumplicidade do Ocidente.
Perguntas finais
Aconselhamos vivamente nossos leitores a leitura de “Refletindo em pleno suspense“, as considerações sobre a opinião pública do Ocidente, as hipóteses, as perguntas, as respostas enunciadas pelo Dr. Plinio em seu artigo para a Folha de São Paulo, sobre a invasão da Checoslováquia (1968). E faça as devidas aplicações à guerra movida por Putin contra a Ucrânia.
Vejamos mais esse trecho do citado artigo:
"Por fim, o êxito da utilização do rolo compressor, na Tchecoslováquia, é incerto: que acontecerá aos dirigentes de Moscou se a pequenina nação se transformar, para eles, no que foi a Espanha para Napoleão? Em tal caso, o agravamento dos três primeiros fatores que enumerei, não poderá conduzir à ruína irremediável o poderio dos atuais déspotas soviéticos?" (3)
Analogia com Putin: ele encontrou-se face a face com uma Nação decidida a não capitular desde 2022: essa é a Ucrânia com sua heroica resistência ao invasor.
Decidirá ele arrasar a Ucrânia e passar por um genocida à maneira de Stalin? E se isso despertasse de vez o Ocidente para a manobra midiática Putin — “salvador” do Ocidente — e caísse sua máscara de “novo Constantino”?
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As dezenas de milhões de vítimas do comunismo aí estão a clamar por justiça. Ocidente, acorde. Como o Filho Pródigo do Evangelho volte à Casa Paterna; atenda aos pedidos de Nossa Senhora de Fátima e se converta sinceramente. Aí, sim, nenhuma manobra midiática nos conseguirá iludir com esse ou outro “novo Constantino” que queira “salvar” o Ocidente à revelia da Santa Igreja.
Aos leitores católicos lembramos, a Igreja não tem liberdade na Rússia de Putin.
Nossa Senhora de Fátima apresse a conversão da Rússia!
(1) e (3) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP%201968-08-28%20Refletindo%20em%20pleno%20suspense.htm
(2) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/MAN%20-%201991-09-05_CartaaoPresidentelituanoVytautas.htm