Começo por lembrar as imensas manifestações ocorridas em junho/julho de 2013. A nota tônica delas consistiu num imenso descontentamento em relação aos rumos pelos quais o Brasil estava sendo conduzido por seus dirigentes.
Nada, porém, foi feito para atender ou pelo menos minorar tal descontentamento. Pelo contrário.
Tentou-se, de um lado, desmoralizar os reclamos de junho através da multiplicação exacerbada de manifestações menores, altamente agressivas e antipáticas, como as dos black blocks, dos chamados “sem-teto”, dos indígenas (verdadeiros ou postiços), e assim outras. Fazendo com que os cidadãos de bem se sentissem inibidos de continuar seus protestos, pelo medo de serem implicados em violências descabidas ou reivindicações estranhas a seu descontentamento.
Ao mesmo tempo, o governo tentou cooptar o movimento de junho insinuando subtilmente no panorama pontos do ideário socialista, e procurando aplicá-los como se correspondessem às reivindicações dos manifestantes.
Na elaboração dessa miragem, segundo a qual as manifestações visariam sobretudo favorecer a esquerda, a presidente passou a receber militantes dos movimentos impropriamente chamados “sociais” (muitos deles, na verdade, são anti-sociais), como se tais agremiações representassem a multidão que saiu às ruas!
Assim, chegamos às eleições de 2014 vendo alargar-se a impressionante fratura entre o País real e o País legal.
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É nesse panorama pré-eleitoral que surge agora um documento exponencial pelo acerto de suas observações, pela coerência de sua argumentação e pelos rumos que aponta com clareza e precisão.
Referimo-nos ao comunicado que o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira acaba de lançar a propósito do próximo pleito.
Após descrever o atual quadro político e eleitoral conturbado, odocumento mostra como o mundo político erra o alvo de sua pontaria publicitária ao apresentar apenas candidatos majoritariamente de esquerda.
Com isso, a esquerda, no poder ou fora dele, se isola diante de um público que caminha do desagrado para o ressentimento, ante projetos políticos todos semelhantes, sem originalidade, explica o comunicado.
O documento se detém sobre as nefastas consequências doDecreto presidencial 8243, referente aos conselhos populares, mais conhecidos como soviets, que buscam impor uma falaciosa “democracia direta”. Disserta ainda sobre as perigosas utopias das Reformas Agrária e Urbana, bem como sobre as desastrosas demarcações de terras indígenas e quilombolas.
No aspecto moral, defende a vida contra o aborto e denuncia os líderes dos movimentos pró-homossexuais que trabalham por uma “verdadeira revolução moral e religiosa”, e “pretendem criminalizar todos os que se opõem a sua agenda”, qualificando-os de homofóbicos.
O documento aponta, por fim, a estranha omissão da CNBB ante esse panorama e termina alertando para o risco de se “deixar sem voz e sem vez a grande maioria centrista e conservadora” do povo brasileiro.
Recomendo insistentemente a todos, leiam a íntegra desse exponencial comunicado do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira em:
O Manifesto do IPCO só merece recomendações e certamente foi um dos grandes responsáveis pelos resultados das urnas no dia de ontem na corrida presidencial.
Aguardamos outro COMUNICADO, em breve, para este segundo turno. Ele se faz urgentíssimo.
Continuo achando muito estranha e sem entender a posição quase de simples expectadora da CNBB. O pronunciamento de maior consistência tratou de demonstrar “surpresa” pela reação de parcela de católicos, entre os quais me incluo, pela não aceitação da Igreja ao nefasto Decreto que cria os “soviets brasileiros”(refiro-me a pronunciamento publicado de Bispo que não recordo o nome agora, mas está no site da CNBB, se não tiverem tirado). Fica para mim o “entendimento” de certa “ingenuidade”(???) da CNBB ao “acreditar na honestidade de propósito do atual governo petista. Ou – o que me parece pior – como dito por uma liderança leiga da Arquidiocese de São Paulo (não lembro seu nome, mas, ao que parece foi um dos assessores do Doc. 91 ou 94 / CNBB): já utilizamos em nossa Igreja esse tipo de “conselho”. Terrível engano de comparação é inadmissível. No ambiente de igreja / paroquial, partimos do princípio e temos essa convicção que “estamos reunidos em nome de Cristo” /há honestidade de propósito / buscamos o “bem comum” / não se tem nenhuma influência político-partidária (ou temos???), etc. Isto está muito longe e muito aquém do que hoje poderia ser esperado de qualquer “soviet brasileiro” de norte a sul, de leste a oeste de nosso rincão. Participei e participo de Conselho Paroquial, Arquidiocesano, bem como participei e ainda participo de Conselhos da Sociedade Civil, bem como de Associações, Entidades de Classe, Clube de Serviço e Partido Político. A diferença de “entendimentos e propósitos” entre um Conselho Paroquial / Arquidiocesano e um “Conselho Social” é abissal. Começa pelas possibilidades de aliciamento/amordaçamento em torno de um objetivo/causa.