Um pouco de História: Quintino Bocaiúva, o positivismo e a República

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Quintino Bocaiúva, positivista, em seu testamento não pede honras religiosas.

Plinio Corrêa de Oliveira, 11 de julho de 1937

 

Quintino Antônio Ferreira de Sousa Bocaiuva (1836-1912)

O Brasil, país tradicionalmente católico, vê hoje transcorrer o 25º aniversário da morte de Quintino Bocaiúva, um dos maiores responsáveis pela instauração, em 1889, da república positivista e laicista que tantos prejuízos trouxe à formação moral da nacionalidade.

Procurou o “Legionário”, revolvendo os jornais da época do seu passamento, verificar qual o conceito em que era tido, então, quem chegou a ser alcandorado por muitos à soberana posição de “príncipe do jornalismo brasileiro”.

A volubilidade das paixões políticas fez com que em dois tempos os próprios republicanos se esquecessem daqueles que maiores serviços haviam prestado à causa do barrete frígio no Brasil. E os “republicanos históricos”, por sua vez, acabavam seus dias choramingando a república, “que não era a dos seus sonhos…”

Com Quintino Bocaiúva o que se passava? Depois de haver presenciado os últimos dias de uma monarquia incapaz de se manter por causa do liberalismo de seus homens (a começar pelo imperador), tocava-lhe contemplar os primeiros passos do novo regime para o qual contribuíra poderosamente com o seu proselitismo de “avant-garde” [vanguarda, n.d.c.].

Quintino Bocaiúva assiste de perto todos os desmandos do militarismo e da baixa política, inevitáveis consequências de um regime que (…) banira da Constituição o nome de Deus.

Nos últimos dias de sua vida, ocupava a magistratura suprema da nação o Marechal Hermes da Fonseca. Em Quintino Bocaiúva, encontrou Hermes o apoio de um amigo. Mas por isso mesmo, na opinião pública do tempo, cansada de suportar a espora do militarismo que dominava com aquele Presidente, encontrou Quintino a condenação da sua conduta política.

Falecendo o ilustre jornalista e propagandista da república, o Marechal Hermes comoveu-se extraordinariamente. Defrontando-se com o seu cadáver, não pode conter esta exclamação:

“Perdi um grande amigo e o meu melhor conselheiro… O seu corpo pertence à nação!”

O cronista carioca do “O Estado de S. Paulo” observava que “nos necrológios da imprensa, e mais do que isso, nos comentários com que a nação apreciou esse desenlace, unanimemente se deplorava que o ilustre apóstolo da propaganda republicana e da campanha abolicionista, não houvesse aparecido alguns momentos antes, a tempo de livrar-se das tremendas responsabilidades que assumiu perante o país, tornando-se o patrono desta política funesta e deste governo anarquizador que humilha e degrada o Brasil na hora presente” (referência ao governo do Marechal Hermes).

No seu testamento, escrito cinco anos antes (em 1907), pedia Quintino Bocaiúva que não lhe fossem prestadas homenagens oficiais nem honras religiosas ou de qualquer outra espécie. “Na minha qualidade de maçom e de livre pensador (escrevia ele), não tenho direito aos sufrágios da igreja católica romana”.

 

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