Uma homenagem póstuma ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

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Hoje, 3 de outubro, completam-se 25 anos do passamento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. O Instituto promoveu um terço junto à sua tumba no Cemitério da Consolação, uma reunião em sua Sede social na Rua Maranhão, 341 e Missa no rito católico tradicional na igreja da Consolação.

Constatamos, com grande contentamento, que suas teses principais, esboçadas em no livro Revolução e Contra-Revolução ganham atualidade, confirmação e força junto aos setores conservadores no Brasil e no mundo.

Em duas palavras, o avanço do processo revolucionário impondo ideologia de gênero, agenda lgbt, invasão de propriedades, aborto, progressismo, teologia da libertação despertou em tantos jovens de nossos dias a ideia de Revolução. O que é a Revolução? É essa soma de todos esses erros que pretende impor a sua IVa etapa: ditadura da ecologia, tribalismo, Novo Normal.

E, em contrapartida, a Contra Revolução ficou também clara aos espíritos mais lúcidos e combativos de nossos dias: ela é a soma de todo bem oposto àqueles erros.

A ideia de Revolução e Contra Revolução aos 20 anos de idade

Vejamos o que nos diz o Prof. Plinio:

“Quando entrei para a Congregação Mariana de Santa Cecília e comecei a participar do movimento católico, posso dizer que já era inteiramente um ultramontano [1], e quase todas as idéias que tenho hoje, na sua raiz eu já as tinha [2]. Aos 20 anos, quanto ao mundo contemporâneo, eu já havia tudo visto, contado, medido e pesado. De lá para cá houve torrentes de explicitações, em vista dos fatos que se sucediam, porém não mais do que explicitações [3].

Quais eram essas minhas idéias?

– Eu era partidário convicto de uma catolicidade radical, e convicto de que um catolicismo de meias-tintas não resolveria absolutamente nada.

– Convicto também de que só se é católico, sendo absolutamente fiel ao Papado, e é nessa fidelidade absoluta ao papado que está a substância do catolicismo.

– Profundamente convicto igualmente de que a Igreja é propriamente a coluna do mundo, da ordem temporal, da ordem civil e da ordem moral. E que, portanto, só da Igreja e da doutrina da Igreja, dos Mandamentos e dos ensinamentos dela poderia decorrer alguma solução efetiva para a crise mundial.

– Convicto ainda de que toda a organização político-social decorrente do protestantismo, e de tudo que se lhe seguiu, até o comunismo, representava a destruição da civilização.

– Convicto também de que nos encontrávamos muito adiantados nesse fenômeno de decomposição, e de que deveria explodir uma grande crise que determinaria o fim da civilização moderna.

– Por cima de tudo, estava convicto da importância da devoção a Nossa Senhora, embora não conhecesse ainda o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort, o qual me forneceu a expressão definitiva do assunto devoção a Nossa Senhora. Mas compreendia bem que a devoção a Nossa Senhora constituía o lado saliente da doutrina católica em matéria de piedade e de minha vida espiritual.

Traço característico: a História é a luta entre bem e mal

– Por fim — e aqui está propriamente o traço característico da mentalidade que graças a Deus eu já adquirira nesse tempo — tinha uma noção muito viva da diferença entre o bem e o mal, da luta do bem contra o mal dentro da História, embora a influência das forças organizadas do mal nesse combate eu conhecesse muito deficientemente naquela época; tinha apenas uma certa noção intuitiva do papel delas dentro dessa luta.

(…)

Minhas idéias nasceram, não dos livros, mas da observação da realidade

Todas essas idéias se formaram dentro de minha cabeça, não propriamente lendo a doutrina em um livro e aplicando-a aos fatos, mas tomando uma atitude instintiva em face dos fatos e como que adivinhando a doutrina contida nesses fatos.

Por conseguinte, esse conhecimento não se deu por meio de dedução, mas de uma primeira intuição que já continha em si tudo o que eu iria explicitar depois.

Não se tratava, portanto, de um processo dedutivo, mas de um processo intuitivo em que, num primeiro olhar, se via tudo, e depois crescia como uma árvore de dentro da semente. Mas no primeiro olhar já estava tudo contido. É assim que funciona uma cabeça brasileira [4].

Bem entendido, isto não significava de minha parte um desprezo pelo livro. Mas eu julgava um erro palmar considerar a cultura como mera resultante da quantidade de livros que se leu. A leitura é proveitosa, não tanto em função da quantidade, mas da qualidade dos livros lidos, e principalmente em função da qualidade de quem lê, e do modo pelo qual lê.

Sustento que uma pessoa muito lida, muito instruída — ou seja, informada de muitos fatos ou noções de interesse científico, histórico ou artístico — pode ser bem menos culta do que outra de cabedal informativo menor.

É que a instrução só aprimora adequadamente o espírito quando seguida de uma assimilação profunda, resultante de acurada reflexão. E por isto quem leu pouco, mas assimilou muito, é mais culto do que quem leu muito e assimilou pouco.

A reflexão é o primeiro dos meios desta ação positiva. Mais do que um repositório vivo de fatos e datas, nomes e textos, o homem de cultura deve ser um pensador. E para o pensador, o livro principal é a realidade que ele tem diante dos olhos, o autor mais consultado é ele próprio, e os demais autores e livros são elementos preciosos mas nitidamente subsidiários.

Contudo a mera reflexão não basta. O homem não é puro espírito. Por uma afinidade que não é apenas convencional, existe um nexo entre as realidades superiores que ele considera com a inteligência, e as cores, os sons, as formas, os perfumes que atinge pelos sentidos. O esforço cultural só é completo quando o homem embebe todo o seu ser dos valores que sua inteligência considerou [5].


O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e seu livro Revolução e Contra Revolução tornaram-se o referencial da luta contra os erros de nossos dias. A luta dos conservadores contra os erros da esquerda, seja eclesiástica ou político-ideológica fica enobrecida e eficaz sob a luz desta obra. Convidamos nossos leitores a continuarem a luta travada pelo Prof. Plinio contra o progressismo e o esquerdismo com vista à realização da providencial missão do Brasil.

https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Minha_Vida_publica/MVP_03_Introducao.htm


A atualidade do pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira se torna uma referência à reação conservadora cuja missão é edificar o novo Brasil em resposta à esquerda e à imposição do Great Reset.

Notas:

[1] — Ultramontano era a designação dada no século XIX à corrente de católicos franceses defensores do Primado Pontifício e militantemente contrários aos católicos liberais. Como Roma estava além dos Alpes, dizia-se então que eram ultra (além) montanos (dos montes). O termo depois se estendeu a outras nações, sempre para designar os católicos antiliberais.

[2] Palestra sobre Memórias (I) 6/8/54.

[3] RR 14/4/74.

[4] Palestra sobre Memórias (I) 6/8/54.

[5] Conferência no Seminário dos jesuítas de São Leopoldo-RS, 13/11/54 (v. Catolicismo n° 51, março de 1955).

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