Caiu como a gota que faz transbordar o copo: a Comissão Europeia, órgão máximo da União Europeia (UE), anunciou a proibição de servir azeite em galheteiros nos restaurantes.
Este costume é largamente generalizado, sobretudo na região do Mediterrâneo. Mas o é também em muitos restaurantes populares, e por vezes até nos mais requintados, do resto da Europa.
Segundo a UE, o azeite só poderá ser servido em vidros com a etiqueta de fábrica, noticiou o jornal londrino “The Telegraph”.
A anunciada resolução reforçava a invasão dos controles da UE até nos mais minúsculos costumes da vida cotidiana. Para muitos, foi o sinal do pior dos despotismos.
Sam Clark, um dos mais cotados cozinheiros britânicos, qualificou a decisão de autoritária e danosa para os fabricantes de produtos alimentares artesanais.
Com mais compromissos políticos e tentando amenizar a indignação, Danny Alexander, ministro do Tesouro inglês, declarou à BBC que a decisão era “bastante tonta”. Mas tentou defender a UE.
O Partido pela Independência da Grã-Bretanha (UKIP), que vem obtendo votações recordes e ameaçando a primazia do Partido Conservador, apontou a decisão como sendo um exemplo da ingerência do governo europeu de Bruxelas na vida cotidiana.
A secção do UKIP de Derbyshire ofereceu aos novos membros do partido um galheteiro com azeite.
Nigel Farage, líder do UKIP, fustigou o Partido Conservador que governa o país, dizendo que eles deveriam se insurgir contra Bruxelas.
“Conservadores veteranos até a semana passada qualificavam aos eurocéticos de ‘malucos’”, mas hoje “aquiescem silenciosamente que essa proibição do azeite é a loucura total ao pé da letra”.
Um obscuro comitê na babilônica sede do Comissariado supremo da UE na capital belga fixará o dia 1º de janeiro de 2014 como data limite em que a guilhotina da nova norma passará a funcionar. Embora as razões alegadas fossem higiênicas, na realidade os motivos eram outros.
Para os europeus, o governo da UE age à maneira de um misterioso OVNI pairando a milhares de quilômetros de altura sobre o continente e do qual descem objurgatórias desligadas da realidade e às quais todos devem obedecer para não serem punidos.
Diante da indignação suscitada, a Comissão Europeia cancelou o diktat. Dacian Cioloş, comissário do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Agricultura, declarou em conferencia de imprensa que a proposta havia sido abolida, informou a agência Euronews.
Porém, um porta-voz do mesmo comissariado disse, astutamente, que a UE teve de ceder diante das queixas inglesas, mas que novas propostas conducentes aos objetivos almejados estão em andamento mediante acordos com as indústrias.
Em outras palavras, os lobistas da indústria não cessaram de trabalhar com os autocratas. A vítima será o cidadão europeu, o qual vê cada vez mais na UE a imagem de seu carcereiro.