Divisão, matérias e tratados no ensino medieval
O ensino é dado em latim. Divide-se em dois ramos: o trivium ou artes liberais – gramática, retórica e lógica; e o quadrivium, quer dizer, as ciências – aritmética, geometria, música e astronomia.
Com as três faculdades de Teologia, Direito e Medicina, eles formam o ciclo dos conhecimentos.
Como método, utiliza-se sobretudo o comentário. Segundo a matéria ensinada, lê-se um texto — as Étymologies (Etimologias) de Isidoro de Sevilha, as Sentences (Sentenças) de Pedro Lombardo, um tratado de Aristóteles ou de Sêneca — e glosa-se o texto, fazendo todas as observações às quais ele pode dar lugar, do ponto de vista gramatical, jurídico, filosófico, linguístico, etc.
Portanto esse ensino é sobretudo oral, dá espaço importante à discussão — questiones disputate — de assuntos na ordem do dia, tratados e discutidos pelos candidatos na licenciatura perante um auditório de professores e alunos.
Alguns deram lugar a tratados completos de filosofia ou de teologia, e glosas célebres, passadas por escrito, eram comentadas e explicadas na continuação dos cursos.
Como era a defesa de tese na Idade Média?
As teses defendidas pelos candidatos ao doutoramento não são então simples exposições sobre uma obra inteiramente redigida, mas teses emitidas e defendidas perante todo um anfiteatro de doutores e de professores, durante as quais qualquer assistente pode tomar a palavra e apresentar as suas objeções.
Como se vê, esse ensino mendieval apresenta-se sob uma forma sintética, sendo cada ramo recolocado num conjunto onde adquire um valor próprio, correspondendo à sua importância para o pensamento humano.
Por exemplo, há nos nossos dias equivalência entre uma licenciatura em filosofia e uma licenciatura em espanhol ou inglês, ainda que a formação suposta por estas diferentes disciplinas se coloque num plano muito diferente.
Na Idade Média se pode ser mestre de filosofia, teologia ou direito, ou ainda mestre em artes, o que implica o estudo do conjunto ou do essencial dos conhecimentos relativos ao homem, representando o trivium as ciências do espírito, e o quadrivium as dos corpos e dos números que os regem.
Toda a série de estudos se aplica, portanto, a dar uma cultura geral, e só se faz realmente uma especialização ao sair da faculdade.
É isto que explica o caráter enciclopédico dos sábios e dos letrados da época.
Um Roger Bacon, um Jean de Salisbury, um Alberto Magno dominaram realmente os conhecimentos da época e podem entregar-se sucessivamente aos mais diferentes assuntos sem temer a dispersão, pois a sua visão de base é uma visão de conjunto.
(Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” – Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)
Saudades do Latim !! tenho e muitas,em 1964 (tinha)14 anos e no meu querido Colégio Nacional era uma das matérias obrigatórias (idiomas)o ensinamento desta chamada “língua morta” os analises literários dos escritos de Marco Polo e Carlo Magno nessa língua já me eram familiares só ficava pesado quando a professora pedia as conjugações verbais no dativo, acusativo, genitivo, imperativo….e muito mais porem ficávamos no limbo quando conseguíamos falar nesse idioma.
A chamada “língua morta” foi um elixir para min quando em 1980 estando na Dinamarca (sem falar uma palavra do Dinamarquês)visitei a famosa Catedral (Dom Kirke)em Copenhague no seus muros internos eu lia o latim que estava ali escrito e traduzia para meus colegas em espanhol ou inglês, minha alma estava enchida de orgulho e prazer !!…agora lamentavelmente os arautos da desgraça até com culturas antigas que foram a base da Humanidade querem acabar!!