O Prof. José Antônio Oliveira de Resende da Universidade Federal em São João d’El-Rey (MG) faz um depoimento interessante. Ele descreve alguns hábitos familiares de outrora, ainda perfumados pelo que restava de civilização cristã, e hoje desaparecidos, submersos que foram pela enxurrada do paganismo moderno.
Fala-nos das visitas que as famílias se faziam, e que constituíam costume ainda na década de 1950. Vinham impregnadas daquele prazer inocente da família católica, como resto ainda vivo da civilização cristã outrora pujante. Vamos ao texto.
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“Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
E os donos da casa recebiam alegres a visita: ‘Vamos nos assentar, gente! Que surpresa agradável!’
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre, e minha mãe de papo com a comadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro, casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras, que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, alguém lá da cozinha, geralmente uma das filhas, dizia: Gente, vem aqui pra dentro, que o café está na mesa.
O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite… tudo sobre a mesa.
Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança… Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam…. era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade…
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos… até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou, e me formei em solidão. Para isso tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail… Cada um na sua, e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa, e as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.”
Sr. Gregório, isso é que é falar pouco, falar tudo e falar bem. Em poucas palavras, uma síntese perfeita da antiga simplicidade prazerosa da vida e, no último parágrafo, a moral da história, o sombrio diagnóstico da atualidade, o alerta sobre nossa perigosa posição, quase no ponto sem volta de sucção do buraco negro da modernidade robotizada e embrutecedora, insensibilizadora cruel do ser humano. Vamos acordar!
Parabéns a todos pelas honestas palavras!
Deus sabe da nossa ignorância e nos perdoa!
HÁ TEMPO BÃO Sô! SÓ NOS RESTA AGORA É ISSO;FICAR RECORDANDO COM SAUDADE, PORQUE O QUE PASSOU NÃO VOLTA MAIS!SERÁ QUE NOSSOS FILHOS VÃO ESCREVER UM TESTO COMO ESSE? FALANDO DA ÉPOCA DELES ? CREIO QUE NÃO.PORQUE NA ERA DO VIDEO GAME,ÀS VEZES NEM PAPO ROLA.É O QUE EU PRESENCIO HOJE NA MINHA CASA.FALAR DE DEUS PARECE CARETA…NÃO ROLA.MAS FAZER O QUE ? NOSSA PARTE É EDUCAR PARA DEUS;MAS QUANDO ELES (NOSSOS FILHOS ),NÃO INTERESSAM,NÃO ADIANTA FORÇAR A BARRA.É REZAR E PEDIR A DEUS QUE VOS ABENÇÕE.
Sim, eu me lembro com saudade desses tempos em que o principal era o respeito. Eu como criança sabia como reverenciar aos mais velhos e nunca dar palpites em corversa de gente grande. Nosso departamento era outro: prestar atenção em tudo.