Da Encíclica “Miranda Prorsus” de Pio XII, sobre o Cinema, o Rádio e a Televisão, de 8 de setembro de 1957:
Não se pode também aceitar a teoria dos que, apesar das evidentes ruínas morais e materiais causadas no passado por semelhantes doutrinas, defendem a liberdade de expressão, não no sentido verdadeiro que acima indicamos, mas como liberdade de difundir sem nenhum controle tudo quanto se quer, mesmo que seja imoral e perigoso para as almas.
A Igreja, que protege e apóia o desenvolvimento de todos os verdadeiros valores espirituais – tanto as ciências quanto as artes sempre A tiveram como Patrona e Mãe – não pode permitir que se atente contra os valores que ordenam o homem para Deus, seu fim último. Ninguém deve, pois, surpreender-se de que nesta matéria que requer, também, muita prudência, Ela tome uma atitude de vigilância, conforme a recomendação do Apóstolo: “Provai todas as coisas; retende o que é bom; abstende-vos de toda aparência de mal” (I Tess. 5, 21-22).
É necessário, portanto, condenar os que ousam afirmar que determinada forma de difusão pode ser explorada, valorizada e exaltada, mesmo se falta gravemente à ordem moral, contanto que tenha valor artístico e técnico. É verdade que a arte – como relembramos por ocasião do V Centenário da morte do Angélico – para ser tal, não precisa necessariamente cumprir uma missão ética ou religiosa explícita. Mas se a linguagem artística se adaptasse, nas palavras e cadências, a espíritos falsos, vazios e perturbados, isto é, se, desviando-se dos desígnios do Criador, em vez de elevar o espírito e o coração a nobres sentimentos excitasse as paixões mais vulgares, ela encontraria via de regra uma acolhida favorável, mesmo que fosse apenas em virtude da novidade, que nem sempre é um valor, e da tênue parte de real que toda linguagem contém. Tal arte, todavia, se degradaria, renunciando a seu aspecto primordial e essencial, e não seria universal e eterna como o espírito humano a quem se dirige (“Catolicismo”, nº 92, agosto de 1958).