O Presidente socialista e neo-pagão da Bolívia dá conselhos ao Papa para reformar a Igreja ― Em que pese a crise, os católicos permanecem “firmes na fé”

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    Luiz Sérgio Solimeo

    Uma das vozes mais inesperadas ergueu-se há pouco para engrossar o coro da mídia liberal na gritaria a propósito dos escândalos sexuais por parte de elementos do clero católico: ninguém menos que o Presidente socialista e neo-pagão da Bolívia, Sr. Evo Morales.

    Um socialista neo-pagão…

    Com efeito, Evo Morales, lider do MAS–Movimiento al Socialismo, resolveu, ele também, ensinar ao Papa como as coisas devem ser na Igreja.

    Para quem não se recorda, ele tomou posse da Presidência da Bolívia, em 2006, em meio a rituais indígenas pagãos.1 Assim descreve a cerimônia o jornal boliviano Los Tiempos, de Cochabamba (20-06-06):

    “Evo Morales assumiu o poder político com espectacular apresentação de rituais religiosos alusivos a la Pachamama (Mãe Terra), o Deus Inti, as Achachilas e demais deidades da la religião natural [pagã] vigente nos tempos do Collasuyo [Império Inca]. (…) Honrar a terra a Pachamama, para que dê frutos; ao sol e as altas montanhas a fim de que con seus raios e riachos, respectivamente, fertilizem a tão querida e venerada Deusa.”2

    Como era de esperar, tal socialismo indígena e pagão não tardou em manifestar-se abertamente hostil à Igreja.

    Assim é que Evo Morales, falando no Fórum Social Mundial (evento socialista internacional realizado em Belém do Pará, Brasil, de 27-01-09 a 01-02-09), saiu-se com a seguinte diatribe:

    “Na Bolívia apareceram novos inimigos, já não somente a imprensa da direita, como também grupos da Igreja Católica, os hierárcas da Igreja Católica que são inimigos das transformacões pacíficas, disse Evo. Quero dizer-lhes que assim como se brada:Outro mundo é possível’, e quero dizerlhes que outra fé, outra religião, outra igreja também são possíveis.”3

    …aconselha o Papa a modificar as estruturas eclesiásticas e abolir o celibato clerical

    Ora, na recente visita a Roma, no dia 17 de maio último, o Presidente socialista neo-pagão boliviano apresentou-se como católico e achou por bem dar conselhos ao Papa sobre a crise na Igreja.

    Para isso, escreveu uma a carta a Bento XVI, e a entregou pessoalmente ao Papa (e à imprensa…) na qual, entre outras coisas, diz seguinte:

    “…é essencial democratizar e humanizar a estrutura clerical [da Igreja]. …Democratizai-a de forma que todas as filhas e filhos de Deus, os quais são iguais diante de Seu olhar, possam ter os mesmos direitos religiosos, e que, com isso, as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens no pleno ministério como sacerdotes …. a Igreja não deve negar uma parte fundamental de nossa natureza de seres humanos, o celibato deve ser abolido de modo que diminua o número de filhos e filhas que não podem reconhecer seus pais, de forma que possamos ser honestos diante desta situação real.4

    Faz sentido que um expoente do novo “Socialismo do Século 21” se faça porta-voz de dissidentes e liberais católicos que pretendem reformar a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo para conformá-la ao mundo. Ou, antes, ao mundo moderno, cada vez mais igualitário, tão de acordo com a ideologia socialista. Faz igualmente sentido a insistência na abolição do celibato eclesiástico, o qual incomoda muito o mundo hiper-sexualizado de hoje, e mais ainda os seguidores da ideologia materialista do socialismo.

    O que não faz sentido é que tal personagem seja tomado a sério como alguém credenciado para falar de assuntos internos da Igreja e que suas sugestões sejam apresentadas como merecedoras de atenção.

    1 Ver significativas fotos em http://www.civilianism.com/futurism/wp-content/uploads/2009/09/EvoMorales.jpg e no site http://www.internationalist.org/boliviamoralesvsworkers0709.html.

    2 Cf. Juan C. Sanahuja, “Panteísmo sincrético indigenista. Una nueva religión. La Constitución viola los principios no negociables. Discrecionalidad del Estado,” Noticias globales, 15 de Febrero de 2009, em http://www.noticiasglobales.org/comunicacionDetalle.asp?Id=1227.

    3 Idem.

    4 “Carta del Presidente Evo Morales, entregada al Papa Benedicto XVI,” Ciudad del Vaticano, 17 de mayo de 2010-05-17, http://www.lostiempos.com/media_pdf/2010/05/17/131362_pdf.pdf.

    6 COMENTÁRIOS

    1. Ora, se a Igreja se dá ao direito de criticar e questionar a organização política da Bolívia (e de outros Estados), então os Estados também têm o direito de criticar e questionar uma Igreja que, nas Américas, sempre esteve ao lado do opressor europeu, que escravizou e matou os povos originários.

    2. Mas como chega a este pondo a falta de senso,de não condecimento e porque não dizer da ingnorância religiosa desse senhor , que não é capacitado para dirigir um Pais,quanto mais dirigir-se ao Saanto Padre,para apresentar propo!stas sem nenhum fundamento ou conhecimento de nossa Doutrina e da autoridade Papal,emanda por Deus. Nestes tempos como noutros aparecem essas aberrações. Salete

    3. É triste deparar com ‘líderes’ de nação pessoas de tais ideologias, e ainda por cima que se dão a interferir em questões da Santa Igreja! Que nós Cristãos Católicos fiquemos atentos e sempre atuantes! É mais triste ainda saber que o presidente do nosso País seria adepto de tais ideologias. Por essas e outras que os brasileiros precisam saber em quem votam, e por misericórdia não dar a qualquer um o poder de governar a nação! Jesus conosco sempre e Maria interceda por nós! Gilmara – Minas Gerais

    4. José Lorêdo de Souza Filho :
      Faz lembrar o histrionismo de Hitler e Mussolini, em que pesem os aspectos positivos deste, sobretudo na primeira década de seu governo. Um dos quais foi ter livrado a Itália do comunismo.
      Por falar em chefes de governo malucos, uma história verídica que mais parece anedota:
      Certa vez, após a renúncia do presidente-bomba Jânio Quadros, perguntaram, se não me engano, ao Juraci Magalhães, um dos líderes da UDN, o porquê de um partido destacado pelo brilho e cultura de seus membros ter escolhido e apoiado um estabanado como o Jânio, que nem raízes no partido tinha. “Afora nunca ter perdido uma eleição”, respondeu Juraci. “O Jânio era o melhor em qualidades histriônicas”.
      É brincadeira. E não estamos falando de um partido qualquer, e sim da velha UDN, “o partido do Brigadeiro”, como então se dizia em alusão ao honrado Brigadeiro Eduardo Gomes, que, em 1935, ajudou a salvar o Brasil do comunismo; e de tantos outros valores, entre quais Afonso Arinos, Carlos Lacerda, Gabriel Passos, Adauto Lúcio Cardoso, etc etc.

    5. Faz lembrar o histrionismo de Hitler e Mussolini, em que pese os aspectos positivos deste, sobretudo na primeira década de seu governo. Um dos quais foi ter livrado a Itália do comunismo.

      Por falar em chefes de governo malucos, uma história verídica que mais parece anedota:

      Certa vez, após a renúncia do presidente-bomba Jânio Quadros, perguntaram, se não me engano, ao Juraci Magalhães, um dos líderes da UDN, o porquê de um partido destacado pelo brilho e cultura de seus membros ter escolhido e apoiado um estabanado como o Jânio, que nem raízes no partido tinha. “Afora nunca ter perdido uma eleição”, respondeu Juraci. “O Jânio era o melhor em qualidades histriônicas”.

      É brincadeira. E não estamos falando de um partido qualquer, e sim da velha UDN, “o partido do Brigadeiro”, como então se dizia em alusão ao honrado Brigadeiro Eduardo Gomes, que, em 1935, ajudou a salvar o Brasil do comunismo; e de tantos outros valores, entre quais Afonso Arinos, Carlos Lacerda, Gabriel Passos, Adauto Lúcio Cardoso, etc etc.

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